Muitos entusiastas sonham com superesportivos. Isto é bacana, mas às vezes, nossos sonhos automotivos inalcançáveis são carros muito mais humildes quando o assunto é desempenho — ainda que sejam extremamente desejáveis por outros motivos. É o caso do Mercedes-Benz 190E Cosworth, sedã de tiozão sério transformado em especial de homologação e um dos maiores ícones entre, bem, qualquer um que goste de carro. E é só olhar para ele para entender o motivo, não concorda?
A Mercedes-Benz criou o 190E Cosworth pela mesma razão que a BMW criou o M3 — homologar uma versão de competição. No entanto, ele não teve o mesmo sucesso que seu rival bávaro nas pistas: enquanto o M3 E30 venceu os títulos de 1987 e 1989 do DTM, o Campeonato Alemão de Carros de Turismo, o 190E Cosworth só conseguiu a glória em 1992, perto do fim da categoria (que acabou em 1996). Isto acabou por levar muita gente a pensar que o Mercedes não é um carro tão bom quanto o M3, mas a gente não está aqui para falar disso.
A gente está aqui para mostrar este que deve ser o mais novo 190E Cosworth que já vimos. E, o melhor: trata-se de um Evo II, o último, melhor e mais bonito modelo de todos.
O primeiro 190E Cosworth, de 1984, tinha um quatro-cilindros de 2,3 litros desenvolvido em conjunto pela Mercedes e pela preparadora britânica, que criou um cabeçote retrabalhado com quatro válvulas por cilindro. Tinha 187 cv a 6.200 rpm e e 24 mkgf de torque a 4.500 rpm e, com o curso dos pistões muito menor que o diâmetro (80,25 mm x 95,5 mm), gostava de girar e era capaz de passar tranquilamente das 7.000 rpm — ótima marca para um quatro-cilindros de mais de 30 anos atrás.
O carro que vemos aqui, contudo, é ainda melhor: o Evo II, lançado em 1990, é o auge da evolução do 190E Cosworth: seu motor desloca 2,5 litros e entrega 238 cv a 7.200 rpm, com 25 mkgf de torque a 5.000 rpm, suficientes para chegar aos 100 km/h em 7,1 segundos. A velocidade máxima é de super sedã atual: 250 km/h.
Ele também trazia estes belos para-lamas alargados para acomodar as rodas de 17×8,25 polegadas calçadas com pneus pneus de medidas 245/40. A gigantesca e pornográfica asa traseira é ajustável, e a Mercedes diz que, na época, o conjunto aerodinâmico foi testado em um túnel de vento para garantir o menor coeficiente de arrasto possível — apenas 0,29.
Havia, ainda, a suspensão exclusiva, mais baixa e firme, com barras estabilizadoras maiores e sistema de auto-nivelamento na traseira (para que o carro mantivesse a altura em relação ao solo mesmo quando estivesse cheio); e o interior com volante menor, bancos com muito mais apoio lateral. Não foi à toa que todos os 502 exemplares fabricados para homologação já haviam sido vendidos quanto, em março de 1990, o 190E 2.5-16 Cosworth Evo II foi apresentado no Salão de Genebra.
Este aqui é um exemplar nº 452, que é um dos quatro exemplares do 190E Cosworth Evo II que foram vendidos novos no Reino Unido. Com apenas 885 milhas, ou pouco mais de 1.400 km rodados, trata-se de uma verdadeira joia, perfeitamente preservada ao longo destes 26 anos. Seu primeiro dono comprou o carro e o deixou guardado por dez anos na própria concessionária, só o levando de vez em quando para esticar as pernas.
Isto ajuda a explicar a pintura original ainda em perfeito estado, o interior que praticamente não traz sinal algum de desgaste e até o adesivo da concessionária no vidro traseiro. Não é exagero dizer que o carro parece zero-quilômetro — e a impressão se estende até o cofre do motor, que traz todos os componentes originais e não sofreu modificação alguma em toda sua vida.
O carro será leiloado pela Silverstone Auctions durante o Salon Privé 2016, no Palácio de Blenheim, Reino Unido. Lembra quando falamos sobre sonhos automotivos inatingíveis? Pois é: o valor estimado de arremate fica entre £ 180 mil e £ 220 mil. A moeda britânica pode até estar desvalorizada ultimamente, mas ainda estamos falando do equivalente a algo entre R$ 740 mil e R$ 900 mil em conversão direta. Sim, quase R$ 1 milhão por um 190E Cosworth Evo II.
Por isso vamos colocar todas as fotos aqui — para você admirar todos os detalhes deste ícone e sofrer um pouco. Não queremos lamentar sozinhos!