Desde sempre somos ensinados que distração ao volante não é uma boa ideia — além de ser perigosa e causar, ao menos, prejuízo financeiro (como quando você é multado por dirigir usando o celular). Agora, uma empresa chinesa chamada Baen está trabalhando em aparelho que, conectado ao leitor OBD-II do seu carro, promete trabalhar em conjunto com seu smartphone para transformar seu carro em um videogame. Mas como?
O argumento dos caras é romântico. A Baen foi fundada por um desenvolvedor chinês chamado James Cheung e, segundo ele, a ideia é cumprir as nossas expectativas de infância sobre o ato de dirigir.
Ele diz que, quando somos crianças e adolescentes, passamos boa parte do tempo fantasiando sobre a vida ao volante — brincando com carrinhos de brinquedo, jogando videogames e, com sorte, andamos de kart — até que, quando finalmente pegamos a carteira de motorista, descobrimos em pouco tempo que dirigir é uma parte corriqueira — e, muitas vezes, chata, do nosso dia-a-dia.
Segundo a Baen, é por isso que as pessoas acabam se distraindo com celulares no trânsito e, sabendo disso, eles estão trabalhando em uma forma de interagirmos com nossos carros com segurança, usando apenas um smartphone e plugando um dispositivo no leitor OBD-II.
O dispositivo é tal Baen Cube, que cruza os dados do carro em tempo real (aceleração, frenagens, distância percorrida) com os dados fornecidos pelos sistema de navegação do smartphone via Bluetooth, que também recebe um aplicativo que usa estes dados para transformar o carro em um personagem em um jogo.
A descrição chega a empolgar:
Seu carro se transforma em um soldado mecânico, e seu destino está ligado a suas ações no mundo real. Os movimentos no game são determinados pela localização no GPS e pela velocidade. As estatísticas, como consumo de combustível e distância percorrida, moldam suas ações e sua experiência no game e, dependendo da rota pela qual você dirige, é possível coletar armas e equipamentos para melhorar os atributos de seu carro de batalha virtual.”
“Carro de batalha virtual” nos parece bem interessante, bem como o conceito de interagir com outros jogadores conectados ao mesmo jogo e também com NPCs (Non-Playable Characters, como nos RPGs online). Também é legal saber que você pode estacionar na frente de um prédio e “ocupá-lo” e também criar gincanas online disputando por achievements (como na PSN ou na Xbox Live).
Agora, o que não nos parece tão interessante é a possibilidade de isto se transformar em uma perigosíssima distração online — algo que, aparentemente, não preocupa James Cheung nem a equipe da Baen: eles dizem que a segurança é a maior prioridade do projeto e que tudo foi pensado para que o game não interfira no seu modo de direção. Sendo assim, quando o carro está em movimento, o aplicativo não permite interação com a tela sensível ao toque. Além disso, todas as notificações são por voz ou áudio, e o jogo não te dá nenhuma recompensa por dirigir de forma irresponsável.
Por outro lado, o Baen Cube traz um “efeito colateral” interessante: para cruzar os dados obtidos pelo leitor OBD-II, é preciso acessá-los — e é possível visualizá-los de forma fácil e clara pela tela do smartphone: dados em tempo real de distância, rotações do motor, consumo de combustível, etc, e também uma média em determinado período.
Já existem aparelhos que fazem o mesmo no mercado, mas a Baen acredita que o seu terá o diferencial dos games. Naturalmente a preocupação com segurança ainda vai surgir muitas vezes caso o projeto decole — a Baen abriu uma campanha no Kickstarter para levantar US$ 40 mil (cerca de R$ 101 mil) em um mês antes mesmo de começar a desenvolver o aplicativo —, mas nós estamos até ansiosos para ver até onde esta interação virtual com nosso carro pode chegar.