no final de 2019 tive uma surpresa a bordo de um modelo que eu achava que nao poderia me surpreender de forma alguma o mercedes amg gt 63s afinal ele e um cupe de quatro portas com quase 640 cv produzidos por um v8 biturbo com freios enormes um cambio automatico progamado para uso esportivo e dezenas de sensores que me impediam de fazer besteira — mesmo que propositalmente o problema da minha experiencia com o carro foi que ela aconteceu no autodromo da capuava um circuito bem mais travado e estreito que interlagos ou o velo citta o que significa que eu tinha um carro de 639 cv 2 95 metros de entre eixos e duas toneladas de massa em uma pista relativamente estreita e travada isso nao vai ser legal pensei https //flatout com br/black friday de 1 700 cv aceleramos os mercedes gt63 s c43 sport coupe a35 e cls 53 4matic na capuava/ mau pressagio entrei no carro e antes de entrar na pista fui parado pelo tecnico da mercedes que precisava verificar o porque do alerta indicado no quadro de instrumentos caramba deu pau em algum sistema auxiliar de direçao pensei felizmente era um dos radares do carro que o ajudam a fazer alguma coisa que eu nao estava interessado naquela sexta feira a cinco metros da pista da capuava entrei no circuito moderando o acelerador mas nao existe muita moderaçao com 639 cv prontos para te catapultar para o fim da reta entrei comedido na primeira curva e comecei a parte travada do circuito ja pensando que eu teria que levar o carro como um elefante na loja de cristais mas ao contornar a primeira curva do trecho uma sensaçao quase magica começou a cutucar as minhas costas e a carregar meu corpo a traseira estava rotacionando como assim o carro começou a fazer curvas como um hot hatch eu apontava a traseira girava como se eu fosse o proprio bird clemente em interlagos ou stig blomqvist no rali dos 1000 lagos e assim sucessivamente curva apos curva o paquiderme da amg engolia as curvas como se fosse um a45 amg na segunda guinada da traseira lembrei dos detalhes do carro e a sensaçao começou a fazer sentido para mim esterçamento do eixo traseiro o amg gt 63s tem sistema de esterçamento do eixo traseiro ele gira junto com as rodas dianteiras em menor grau logicamente para trazer a traseira para dentro da curva causando essa sensaçao de rotaçao que eu tive o sistema voce ja conhece porque falamos dele quando a porsche o apresentou como uma grande novidade para o 911 991 em 2014 desde entao varios supercarros adotaram esse sistema que foi desenvolvido pela bosch e pode ser facilmente adaptado a fabricantes que consigam equilibrar seu custo e o preço de venda do carro equipado com ele nao ha muitos carros com esse sistema contudo nos anos 1990 a honda tentou usar algo parecido com o prelude mas acabou engavetando depois de duas ou tres geraçoes do cupe o preço de sincronizar motores atuadores na traseira com o eixo dianteiro era proibitivo provavelmente na mesma epoca contudo a psa peugeot citroen desenvolveu uma versao barata do eixo traseiro direcional no brasil ele ficou conhecido como catt e fez algum sucesso no citroen zx e no peugeot 306 na verdade esses sistemas adotados pela psa — e tambem por saab mazda e porsche entre outros — tem uma diferença fundamental em relaçao aos sistemas de esterçamento das quatro rodas eles nao tem nenhum tipo de ligaçao com o eixo dianteiro sendo chamados de sistemas passivos ou ainda sistemas autodirecionais o sistema e bastante simples porem tem sua assistencia limitada pela propria fisica da suspensao traseira basicamente estes sistemas que conhecemos no brasil nos citroen zx e xsara e nos peugeot 306 com o nome comercial catt usado apenas no brasil usam a suspensao traseira de braços semi arrastados com barra de torçao um setup que por muito tempo foi o padrao dos carros franceses e que ajudou em parte os citroen a forjar sua fama de incapotaveis o eixo traseiro autodirecional e uma forma simples e barata de obter esterçamento das rodas traseiras a partir de determinada velocidade embora sejam fixas as rodas traseiras se movimentam quando a suspensao e submetida as forças atuantes no movimento dos carros basicamente o que os sistemas passivos de esterçamento do eixo traseiro fazem e usar essas forças para movimentar as rodas traseiras de forma que elas auxiliem no comportamento dinamico do carro [caption id= attachment_292256 align= aligncenter width= 1024 ] no destaque em vermelho estao as buchas que fazem o direcionamento automatico[/caption] o principio e o mesmo dos sistemas ativos as rodas traseiras esterçam no mesmo sentido das rodas dianteiras ajudando a direcionar a traseira para dentro da curva — caso virassem no sentido oposto causariam sobre esterço sem ligaçao mecanica com o eixo dianteiro o direcionamento das rodas traseiras e feito por meio flexao de buchas elasticas na suspensao traseira que tem pontos de fixaçao na carroceria projetados especificamente para este fim quando o carro faz uma curva a transferencia lateral de carga movimenta essas buchas que movem os braços da suspensao para modificar a geometria e esterçar as rodas traseiras — basicamente ele varia o angulo de convergencia das rodas traseiras fazendo a roda externa convergir em relaçao ao eixo longitudinal do carro e a roda interna divergir em relaçao a esse mesmo eixo por esse mesmo motivo os eixos traseiros autodirecionais nao conseguem esterçar as rodas traseiras abaixo de determinadas velocidades pois nao havera transferencia de carga suficiente para a atuaçao do sistema outra incapacidade desses sistemas passivos e o auxilio em manobras de estacionamento ou de baixa velocidade nos eixos ativos as rodas esterçam no sentido contrario das dianteiras para direcionar a traseira com mais agilidade na hora de estacionar por exemplo como a velocidade e baixa demais para haver uma transferencia significativa de carga os sistemas passivos nao conseguem esterçar as rodas nessas situaçoes mas talvez o maior inconveniente desses sistemas passivos seja a falta de previsibilidade em situaçoes de transferencia subita de carga para a dianteira nas entradas de curvas ou durante as curvas — seja pelo alivio subito do acelerador por uma frenagem desastrada ou ainda por uma ondulaçao na pista como o sistema varia a convergencia da traseira de acordo com a carga sobre o eixo uma transferencia subita para a dianteira faz as rodas traseiras retornarem a um angulo mais neutro deixando de convergir o esterçamento da traseira sera menor e pode acentuar uma situaçao de sobre esterço quando isso acontece a transferencia de carga para a dianteira faz o eixo traseiro deixar de convergir assumindo um angulo mais neutro entao no meio da curva ele ira esterçar menos no caso do alivio subito do acelerador ele pode acentuar o efeito conhecido como lift off oversteer a escapada da traseira que acontece quando voce alivia o acelerador dentro da curva no caso de uma frenagem desastrosa um trail braking mal feito por exemplo essa variaçao ira desequilibrar a traseira tornando a imprevisivel com a ondulaçao o carro vai saltar e aterrissar entao a suspensao sera estendida num primeiro momento retirando a carga sobre as rodas traseiras fazendo as assumir um angulo mais neutro com menor esterçamento quando o carro voltar ao chao a suspensao vai comprimir e as rodas vao assumir um angulo mais convergente com maior esterçamento esse ciclo pode se repetir com menor intensidade ate que o amortecedor estabilize os movimentos essa variaçao do comportamento do eixo traseiro tambem deixa a traseira instavel e imprevisivel e pode levar o motorista/piloto a aliviar o acelerador repentinamente causando o sobre esterço mencionado mais acima por esse motivo e comum encontrar buchas mais rigidas para travar o sistema em caso de preparaçoes para track days e competiçoes com elas essa variaçao da convergencia e reduzida ou mesmo anulada e o carro tem a traseira mais solta para ajudar a rotacionar o carro nas entradas de curva alguns desses sistemas passivos como os adotados no mazda rx 7 peugeot 406 e porsche 928 tambem usam buchas para corrigir a convergencia das rodas sob frenagens nesse caso o principio e o mesmo mas e a transferencia longitudinal de carga da traseira para a dianteira que fazem as buchas movimentarem a suspensao embora fossem infinitamente mais baratos que os sistemas ativos o eixo traseiro auto direcional compromete significativamente a estabilidade do carro em caso de desgaste das buchas — algo menos acentuado em eixos convencionais — e acabou substituido por sistemas multilink modernos que tem braços para controlar a variaçao convergencia e sao mais confiaveis alem disso a evoluçao tecnologica trouxe diferenciais com vetorizaçao de torque e controles eletronicos de traçao que embora tenham principios diferentes de um sistema autodirecional traseiro contribuem para um comportamento dinamico mais eficaz sem tantos comprometimentos
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