Potência e confiabilidade: Estas são as palavras que melhor resumem o que pretendo com o Celta Outlaw! E para chegar a esta meta não é necessário complicar. Bem pelo contrário: quanto mais simples, melhor.
Como vimos no primeiro post, provas Outlaw dão a você a liberdade de construir o carro da maneira que você quiser. Não há barramento por categorias ou qualquer outro critério. Seja com tração 4×4, dianteira ou traseira, você poderá competir com qualquer coisa com portas que ande o mais rápido possível. Com estas ideias em mente, surgiu o Celta Outlaw, com a missão de ser o carro mais rápido e confiável para competir em provas Outlaw. O carro já estava disponível na garagem, ou seja, não foi preciso procurar por um, eliminando burocracia e gastos extra.
Peso
Sabemos que o Chevrolet Celta é um veículo bem leve. Mas, como em qualquer esporte em que se luta contra a inércia, o peso é o maior inimigo. Então, começamos reduzindo-o ainda mais, de maneira que tudo que não era necessário foi devidamente removido. O interior foi retirado completamente, restando somente um banco esportivo e o volante. Os vidros foram trocados pelo composto plástico Lexan e, por fim, foi confeccionada a réplica da tampa traseira, em fibra de vidro.
O Celta original pesa somente 860 quilos e acreditamos que chegar perto do dos 700 quilos com piloto é viável. Por se tratar de um carro com tração dianteira, é essencial que o peso esteja direcionado para a frente, de preferência à frente do eixo de tração. O peso no alto e na traseira é o grande inimigo. Com isso em mente, até mesmo o tanque de combustível e as bombas foram realocados na parte dianteira do veículo.
O baixo peso também contribui para preservar o conjunto de tração. Geralmente falamos que o peso é a “potência” mais fácil e barata de se conseguir.
Confiabilidade
Numa prova de arrancada com eliminatórias, nada pode dar e errado e você tem uma única chance de concretizar seu objetivo para avançar, ou seja, arrancar da melhor forma possível e eliminar seu adversário. Optamos pela caixa de câmbio da marca Getrag F-23, presente em alguns Chevrolets Astras, Vectras e Zafiras. É uma caixa reconhecida por suportar altas potências e possuir engates precisos. Suas engrenagens são robustas e seu tamanho é intimidador, principalmente ao compará-la com a frágil caixa original do Celta. Para adaptá-la corretamente ao carrinho, algumas adaptações foram necessárias.
A primeira foi a adaptação da embreagem multi-discos Tilton. Foi adquirido nos EUA, pelo Ebay, um exemplar usado em bom estado, proveniente dos carros de corrida Nascar V8. As estrias dos miolos dos discos foram refeitas para encaixar no eixo piloto da nova caixa. A segunda foi a confecção de um novo volante do motor em aço, muito mais leve e resistente, pensado e desenhado para casar perfeitamente com a nova embreagem.
A terceira foi no acionamento do sistema de embreagem da caixa F-23, que originalmente possui o atuador hidráulico. O sistema foi substituído pelo tradicional e confiável cabo. A alavanca de câmbio é uma peça nova, oriunda do Astra, com acionamento por cabos. Por ser uma peça original, comprada diretamente da concessionária e sem modificações, ela deverá garantir a funcionalidade sem maiores riscos.
Por último, os novos suportes do motor e caixa confeccionados sob medida. Optei por um suporte fixo, tornando o motor parte da estrutura do carro.
Motor
O motor escolhido para o projeto do Celta Outlaw é o Chevrolet 2.2 litros com 16 válvulas, montado por Rafael Pires Grillo, mais conhecido por “Rafastra”. Conta com pistões forjados da marca IASA, bielas forjadas da TFC e virabrequim original com tratamento da Molykote, que reduz o atrito. O bloco recebeu reforços e os cilindros possuem vedação por o’rings. O cabeçote, comandos de válvulas e coletor de admissão são totalmente originais, por enquanto.
Porém, o motor foi equipado com um coletor dimensionado no estilo “Ram Horn” em Inox, feito especialmente sob medida para o projeto. Conta com dutos que priorizam a otimização do fluxo dos gases de escape e garante uma sinfonia única quando o motor ganha giro. Lembra mais uma obra de arte dos irmãos Vicente Queiroz e Fábio Queiroz, da Sprint Perfomance, com base na cidade de Porto Alegre/RS.
Com este conjunto pretende-se inicialmente atingir a potência de 350 a 400 cv nas rodas, usando apenas 1 bar de pressão da turbina Holsett, modelo HX-40. Não há dúvidas que atingir potências maiores é plenamente possível, bastando para isso aumentar a pressão de funcionamento da turbina. É a evolução natural do projeto, já que ir com muita sede ao pote nunca é a melhor das alternativas. Portanto, os 700 cavalos (ou mais) ficam para mais adiante…
O carro estará em fase de acertos em breve. A ida ao dinamômetro de rolo está marcada para os próximos dias e a reta de arrancada será o destino seguinte. A próxima postagem será bem movimentada!
Por Gustavo Herdt, Project Cars #11