Não somos apenas nós, brasileiros, que sofremos com restrições para importar carros antigos para o Brasil — quem mora nos EUA também lamenta por não poder comprar carros em outros países e mandá-los para casa. Ao menos isto pode ser feito cinco anos mais cedo — a exigência é que o carro tenha sido fabricado há 25 anos, contra 30 anos no Brasil.
Por outro lado, há uma condição a mais que os americanos precisam levar em conta: qualquer que seja o modelo, é preciso que ele atenda às normas atuais de segurança, que ficam mais exigentes a cada ano que passa — o que acaba estimulando muita gente a dar um “jeitinho” de colocar o carro nos EUA, mesmo que isto signfique fraude. Acontece que, ao se arriscar numa dessas, você pode ir preso e ter seu carro destruído — o que, dependendo do tamanho de sua paixão por carros, pode ser ainda pior. E foi o que aconteceu como este pobre Mini Cooper.
A chamada Operation Atlantic (exatamente, “Operação Atlântico”) foi realizada em conjunto pela alfândega americana e pela polícia britânica no ano passado.O foco da operação foi a importação ilegal do Mini e do Land Rover Defender, dois carros bastante populares entre entusiastas e, por isso, bastante procurados fora dos EUA. Desde março 2013, mais de 100 Mini e Land Rover Defender importados ilegalmente do Reino Unido para os Estados Unidos foram identificados e apreendidos, com o objetivo de tirar das ruas carros que pudessem oferecer risco a seus ocupantes por não atenderem aos padrões de segurança exigidos pelo governo. Mais de 500 veículos foram inspecionados, e as atividades levaram à investigações dos dois lados do oceano.
“Interceptar veículos importados ilegais e que ofereçam risco à segurança é uma prioridade para nós”, disse Brenda Smith, representante da alfândega britânica. “Com a Operação Atlântico, estamos impedindo veículos que importados que não são seguros de rodar por nossas vias e, ao mesmo tempo, nos juntando aos colegas no Reino Unido para cortar esta atividade criminosa pela raiz”.
Acontece que as exigências para importação acabam reduzindo muito a oferta de carros aptos a rodar nos EUA, o que leva alguns donos e importadores clandestinos a forjar documentação falsa, alterando a data de fabricação de um veículo para deixá-lo “mais velho”, alterar suas características para passar na inspeção ou até, segundo a operação, “reconstruir carros usando componentes de veículos roubados”.
Este Mini Cooper clássico era um deles. O carro — um dos mais de 100 que foram apreendidos em portos durante a Operação Atlântico, foi destruído na última quinta-feira em um ferro-velho do estado de Nova Jersey. O vídeo é doloroso de assistir: é um Mini Cooper em perfeito estado, certamente capaz de proporcionar diversão a rodo a qualquer entusiasta que aprecie compactos espertos e ágeis. Quer dizer, era.
ATENÇÃO: CENAS FORTES!
A neve e o céu cinzento deixam a coisa toda ainda mais triste
Acontece que o carro não era o que os documentos diziam ser. Os documentos diziam que o número do chassi era de um carro fabricado em 1988 — 26 anos atrás, logo, dentro da lei —, com direção do lado direito. Na hora da inspeção, o motor era diferente do que deveria ser e o volante estava do lado esquerdo. A procedência ou a origem do carro são incertas, mas a alfândega americana acredita que o carro tivesse sido fabricado em 2000 — último ano do Mini original.
Para servir de exemplo do que pode acontecer com um carro nesta situação, a Receita Federal americana documentou a destruição do carro com estas fotos e com o vídeo. Aparentemente tem dado certo para eles — os oficiais dizem que o número de importações ilegais “diminuiu de forma dramática” desde o início da operação. É claro que diminiu, oras!
Mas, mesmo sabendo que é ilegal, não dá uma dor no coração ver um Mini tão bem cuidado virar uma bola de metal retorcido?