Praticamente três anos após começar a história e um ano depois da última postagem, vamos encerrar a historia que deve ser contada sobre o PC#19. Recapitulando as outras partes (1, 2, 3), na última o motor quatro-cilindros “pediu as contas” depois de uma preparação e era chegada a hora de colocar o seis-cilindros no carro.
Decidido isso (e levantado o dinheiro) fui atrás de um motor em boas condições e com um preço razoável, coisa que não foi tão difícil com a ajuda dos amigos, e em uma semana eu já estava com o motor em mãos. Apesar da garantia de que se tratava de um motor em condições completamente originais, ele foi desmontado pra averiguar o real estado e evitar problemas. Tudo certo, aproveitamos pra fazer uma revisão preventiva, tocando os selos do bloco, retentor do virabrequim, juntas, velas, válvula termostática e pintamos o motor.
Lembram que na outra postagem eu comentei que tive alguns problemas com o câmbio por causa da “força extra” do motor preparado. Pensando nisso, e sabendo que o câmbio cinco-marchas dos quatro-cilindros nem sempre aguenta bem a potência do seis-cilindros, decidimos que seria melhor já aproveitar que o carro estava desmontado e arrumar um câmbio em melhores condições e mais resistente. Entre conversas, pesquisas e orçamento, decidi que valia a pena se endividar um pouco mais e partir pra um câmbio que não fosse da linha Opala, mas amplamente usado em preparações devido à resistência, o Clark 260F. Esse câmbio era original em diversos carros, caminhonetes e caminhões, como o Maverick, Dodges, C10 e afins.
Feito isso, vamos as adaptações. Os suportes do motor de quatro cilindros e de seis cilindros não ficam nas mesmas posições no agregado da suspensão, então são (basicamente) duas opções pra quem está fazendo o swap: ir atrás de um agregado original de 6 cilindros em algum desmanche e trocar, ou procurar alguém que fabrique os suportes do seis-cilindros cortar fora os suportes do quatro-cilindros do agregado e soldar os suportes novos. Como o orçamento já estava na casa do caralho (e o mecânico sabia bem o que estava fazendo), encontrei quem fabricasse os suportes e trocamos.
O câmbio não tem muito segredo: marreta, esmerilhadeira e tudo tá no lugar. O cardã também teve que ser alterado; do tamanho do câmbio ele foi encurtado e balanceado. Como meu câmbio era original de uma C10, a relação das primeiras marchas era extremamente curto, associado com o diferencial original do quatro, que tem a relação mais curta dos Opalas, eu não precisaria usar a 1ª marcha pra nada e o carro ia ficar ruim de velocidade final, o que afetaria principalmente viagens, decidi trocar o diferencial pelo mais longo da linha dos Opalas e problema resolvido.
Tudo no lugar era hora de aproveitar o carro, incluindo uma viagem de quase 1100 km pra visitar a família e buscar um trailer, alguns encontros (Blumenau, Campo Alegre e Curitiba) e voltas pela cidade.
E aí já poderia ser o final da história.
Mas como um bom Project car sempre tem alguma coisa pra melhorar.
A fama do diferencial original, com a relação longa não é das melhores, e me incomodava a ideia de ficar na estrada com um diferencial quebrado, uns seis meses depois, decidi trocar o diferencial por um Dana 44, indiscutivelmente mais resistente que o original. Algum tempo depois, aproveitando um problema, troquei todas as engrenagens do câmbio por novas, com uma relação de marchas melhor escalonada.
E enfim chegou a hora de aproveitar o carro sem mais preocupações quando a confiabilidade da mecânica. Mais uma viagem de 500 e alguns km (dessa vez carregada com metade da minha mudança, com malas até o teto) e passeios esporádicos, o Opala ficou ótimo!
Mas alguns PC nunca ficam realmente prontos…
Em algum momento ente a troca da relação do câmbio e a viagem com minha mudança, eu bati o carro, estragando uma das laterais traseiras. Já se passaram dois anos e lateral continua batida! A experiência com a pintura do carro me desanimou tanto que eu nem fui atrás de arrumar. O amassado foi rebatido o suficiente pra colocar uma lanterna, silver tape pra tapar os buracos e o carro continua(va) a ser usado!
Após a mudança, o carro teve uma “grande” atualização, a instalação de uma injeção eletrônica e algumas manutenções periódicas. Já nos últimos meses tem passado a maior parte do tempo na garagem, seja por falta de tempo ou de ânimo em andar. Adicione a isso alguns fatores pessoais e a necessidade de investimentos profissionais e o que temos?
Um Project car a venda.
Isso mesmo amigos, estou vendendo o Opala. Depois de seis anos de histórias, cervejas, amizades, investimentos, dores de cabeça, alegrias… enfim todas as coisas que um PC proporciona. Aos interessados, segue o link do anúncio.
Por Maurício Faccina, Project Cars #19
Uma mensagem do FlatOut!
Maurício, em primeiro lugar parabéns pela conclusão. É realmente uma pena que às vezes a vida nos separe de nossos companheiros motorizados, mas no fim das contas o que fica — e o que vale de verdade — são as lembranças e os bons momentos que você passou com o Comodoro. Além disso, temos certeza de que ele encontrará um novo proprietário disposto a tratá-lo como você tratou. Mais uma vez, parabéns!