ja faz algum tempo que todos os carros de formula 1 sao praticamente iguais nos anos 1990 eles ja eram assim e a ultima epoca em que vimos apostas diferentes de design foi na primeira metade dos anos 1980 a partir dali tudo acabou muito parecido e nunca mais vimos nenhuma soluçao muito extravagante — o mais proximo disso talvez tenha sido o tyrrell 019 com seu bico elevado em 1990 nao foi por acaso que essa regulaçao mais estrita dos carros de f1 tenha se consolidado na segunda metade dos anos 1990 nos 15 anos anteriores a categoria passou por um periodo de experimentalismo embalado pela liberdade do regulamento tecnico que resultou em uma rapida evoluçao dos carros em todos os aspectos e quando falo em liberdade do regulamento tecnico estou falando de algo muito mais liberal que o regulamento do grupo b geralmente considerado um vale tudo tecnico pelos entusiastas dado o que era permitido quer provas bem qual carro de rali usou uma turbina a gas de helicoptero como propulsao nenhum mas a formula 1 dos anos 1970 viu o lotus 56b com seu motor pratt whitney e traçao integral tambem nao houve nenhum carro do grupo b com seis rodas como tinha o tyrrell p34 nem com um exaustor gigante na traseira como o brabham bt46b e isso foi so parte do experimentalismo dos anos 1970 https //flatout com br/por que os formula 1 dos anos 1970 tinham airboxes gigantes/ alem disso o experimentalismo teve uma pequena ajuda da padronizaçao dos powertrains a formula 1 manteve a regra dos tres litros de 1967 ao longo de toda a decada de forma que a maioria das equipes compravam o motor dfv da cosworth o projetista tony southgate explica essa combinaçao de liberdade e motor padrao da para dizer que nos projetistas nao sabiamos o que estavamos fazendo porque todos estavam indo para direçoes diferentes na epoca voce podia fazer o que quisesse a maioria usava o cosworth dfv entao todo o esforço ia para o desenvolvimento do chassi alguns experimentos claro eram meras evoluçoes tecnicas apesar de serem comuns hoje na epoca eram inovaçoes ainda nao provadas que precisaram do teste do tempo — nos dois sentidos — para serem aprovadas uma delas e a primeira grande inovaçao tecnica da decada os pneus slick talvez voce nunca tenha percebido que desde os anos 1940 os corredores de bonneville lixavam seus pneus para que eles ficassem lisos e que os carros de arrancada ja tinham pneus slick desde o inicio dos anos 1950 mas a formula 1 continuou com os pneus sulcados ao longo dos anos 1960 a dunlop foi a primeira marca a oferecer um slick para carros de formula 1 com o cr70 de 1966 mas o pneu se mostrou inviavel devido a rigidez dos compostos da epoca — eles funcionavam em linha reta mas ao serem esterçados a falta de flexibilidade da banda de rodagem lisa reduzia drasticamente a sensibilidade e a progressividade da direçao nesse aspecto os biscoitos dos pneus sulcados acabavam fornecendo essa necessaria flexibilidade para a sutileza dos comandos e respostas no final dos anos 1960 contudo goodyear e firestone ja estavam trabalhando em novos compostos para ser usado com pneus de banda lisa — o que chamamos de slick eles foram testados inicialmente na indy e uma vez provados eficientes foram para a formula 1 a goodyear levou para a corrida de estreia da temporada de 1971 um pneu que hoje chamariamos de semi slick com sulcos extremamente rasos a firestone contudo esperou a etapa seguinte e levou seus novos slicks para o gp da espanha foi assim que em 18 de abril de 1971 no circuito de montjuic o pneu slick estreou na formula 1 a corrida foi vencida por jackie stewart ainda com pneus goodyear mas clay regazzoni e sua ferrari com pneus slick vieram logo atras apesar da vantagem teorica dos slicks sete dos dez primeiros colocados naquele gp usavam pneus semi slick da goodyear e somente tres usaram os slicks da firestone ao longo da temporada contudo os compostos foram aperfeiçoados pelas duas fabricantes — entao as unicas fornecedoras da formula 1 — de forma que em 1972 os slicks se tornaram o pneu padrao para pista seca somente entre as temporadas de 1998 a 2008 os pneus de formula 1 voltaram ao padrao antigo com sulcos longitudinais apenas o carro movido a turbina de helicoptero a ideia de colocar um motor de helicoptero em um monoposto nao saiu da cabeça de colin chapman quem fez isso foi parnelli jones que correu a indy 500 de 1967 com um carro turbina e so nao venceu a prova porque a transmissao se quebrou a tres voltas do final colin chapman que estava em indy naquele dia ficou embasbacado com o negocio tanto que ele decidiu que faria seu proprio carro turbina o conceito era promissor o motor nao precisava de radiadores entao o carro poderia ter um perfil muito mais afilado — foi dele que nasceu o perfil em cunha que seria adotado no lotus 72 ele tambem era basicamente um eixo conectado as rodas com relaçao direta dispensando transmissao e embreagem isso resultava teoricamente em um carro simples e confiavel isso claro sem contar a potencia do motor que fornecia 600 cv em uma epoca na qual o cosworth dfv chegava aos 450 cv o carro batizado lotus 56 ficou pronto em 1968 e obteve o desempenho desejado por chapman mas nao com a vantagem que ele achava que teria alem disso uma serie de incidentes tiraram os tres lotus 56 da prova ele voltaria a corrida em 1969 mas a usac decidiu mudar as regras e praticamente baniu os carros a turbina da indy o jeito foi esperar a pratt & whitney terminar o novo motor mais compacto para adapta lo para a formula 1 https //flatout com br/o incrivel e fracassado carro de f1 com motor de helicoptero/ depois de dois testes em corridas extra campeonato ao longo da temporada de 1971 chapman decidiu colocar o lotus agora rebatizado 56b para correr no gp da holanda em zandvoort com dave walker mas o piloto bateu o carro na quinta volta a segunda tentativa aconteceu no gp da gra bretanha com reine wisell que terminou a corrida 11 voltas atras do vencedor o jeito foi apostar um teste com um piloto mais competitivo que ja havia ganhado corridas e foi assim que o lotus 56b foi parar nas maos de emerson fittipaldi no gp da italia emerson classificou o carro em 18º e terminou em oitavo mas nao foi uma escalada porque so 10 carros terminaram a corrida no fim chapman abandonou o conceito e voltou a se concentrar na evoluçao do lotus 72 — decisao que se mostraria acertada pois ele conquistaria o campeonato de pilotos e construtores na temporada seguinte a descoberta da aerodinamica agora pra valer a partir dos anos 1970 os projetistas começaram a entender as elaboraçoes aerodinamicas ate entao as descobertas eram empiricas voce tinha a ideia colocava no carro testava e se funcionasse mantinha se nao tirava e procurava um jeito diferente de fazer terry southgate e robin herd em entrevista a revista britanica motorsport explicam no final dos anos 1960 os carros usavam peças de metal rebitadas — flaps splitters etc elas funcionavam mas nao sabiamos o porque entao começamos a levar os carros ao tunel de vento para descobrir disse southgate os tuneis eram muito rudimentares mas a informaçao era util uma vez que voce descobrisse o que era confiavel ou nao o desempenho da asa dianteira por exemplo precisava ser avaliado na pista completou herd robin herd fala com conhecimento de causa ele foi o projetista da asa dianteira do march 711 apelidado de tea tray ou bandeja de cha devido a sua asa dianteira elevada posicionada acima do bico do carro apesar da estetica questionavel a asa e o bico eram eficientes frank costin irmao de mike costin o cos da cosworth teve a ideia de deslocar os radiadores para as laterais criando um bico com melhor penetraçao aerodinamica o outro projetista do carro robin herd teve a ideia de colocar uma asa inspirada no spitfire sobre o bico — recebendo um fluxo aerodinamico mais limpo o problema e que a asa era muito sensivel a transferencia de carga do chassi — em especial o mergulho nas frenagens e o empinamento das aceleraçoes o carro ate foi bem sucedido com cinco podios de ronnie peterson quatro segundos lugares e um terceiro lugar e uma volta mais rapida de henri pescarolo mas para a temporada seguinte a equipe revisou o design da asa dianteira adotando um projeto mais convencional para a epoca o march 721 o conceito voltou a formula 1 brevemente durante a temporada de 2008 antes de ser proibido pela mudança de regulamento o march 721 contudo trouxe outro problema que tambem afetava os demais carros do grid o momento polar de inercia herd conseguiu otimizar a downforce na dianteira com uma asa que funcionava independentemente da movimentaçao do chassi funcionou tao bem que causou um problema carga demais na dianteira saturando os pneus quando voce precisava de grip na dianteira o carro ia reto e se voce saisse de uma curva sem carga aerodinamica na dianteira na retomada o carro recuperava aderencia e a traseira escapava subitamente era um desastre contou herd na mesma entrevista a motorsport aquela altura era sabido que a dianteira do carro precisava ser a mais proxima possivel do solo para otimizar a penetraçao aerodinamica o que nao se sabia era que o ar fluindo sobre o carro tambem ajudava a produzir aderencia aerodinamica gordon murray entao evoluiu o conceito aplicando o ao restante do carro segundo murray quanto mais proximo do solo esta o ponto de separaçao do fluxo aerodinamico mais ar voce tera sobre a carenagem do carro foi assim que surgiram os sidepods piramidais do brabham bt42 em vez de usar radiadores laterais como todos vinham usando depois do lotus 72 e do march 711 murray colocou os radiadores a frente das rodas dianteiras — um conceito desenvolvido por ron tauranac no bt34 de 1971 — apelidado de lagosta devido ao visual da dianteira no lugar dos radiadores ele instalou uma carenagem em forma de rampa que deu ao carro um aspecto de piramide o conceito foi evoluido ao longo da decada e mantido ate o final da decada no bt47 em entrevista a revista motorsport murray explica o desenvolvimento havia um efeito solo muito cru na verdade ninguem sabia o que estava acontecendo fizemos um manometro um tubo de agua com um bico de latao e amarramos na lateral do carro descobrimos que se instalassemos uma saia transversal em forma de v sob o carro ela geraria downforce a ideia original era impedir o fluxo aerodinamico de entrar sob o carro e produzir sustentaçao mas a saia tambem criou uma zona de baixa pressao atras dela com isso conseguimos entre 45 kg e 70 kg de dowforce o que permitia usar um angulo de asa mais baixo outra inovaçao tecnica da epoca foi a asa traseira montada sobre um suporte unico centralizado o conceito foi criaçao do projetista john barnard que havia sido contratado pela mclaren em 1973 e teve como primeira tarefa a conclusao do mclaren m23 o suporte ocupava uma porçao reduzida do plano inferior da asa traseira o que a tornava mais eficiente na geraçao de carga aerodinamica o mclaren m23 foi outro modelo que usou a saia em forma de v no fundo do carro visando reduzir a sustentaçao ele tambem foi um dos primeiros carros ao lado da ferrari 312 a alongar os sidepods ate o eixo traseiro visando uma maior superficie de contato com o ar e claro que nao houve apenas acertos afinal falamos de experimentalismo o que traz consigo uma igual probabilidade de erros e um destes erros foi o design de luigi colani apesar do nome italiano o projetista era alemao e era guiado mais pela filosofia que pela tecnica em si durante sua formaçao colani havia desenvolvido a teoria da biodinamica que seria ergonomicamente superior aos designs tradicionais por ser baseada nas formas vivas naturais dai o bio no nome a terra e redonda e todos os corpos celestiais sao redondos; eles se movem em orbitas circulares ou elipticas a mesma imagem dos globos orbitando ao redor uns dos outros se repete ate o microcosmos somos ate mesmo estimulados por formas sinuosas no erotismo relativo a perpetuaçao da especie por que eu deveria me juntar a massa que quer fazer tudo angular vou seguir a filosofia de galileu meu mundo tambem e redondo dizia colani falando serio o resultado desta filosofia foi o eifelland type 21 de 1972 um diva sobre rodas e claro que filosofia nao ganha corridas com um design que privilegia a funçao simbolica e a funçao estetica e deixa de lado a funçao pratica o carro era basicamente um march 721 com aerodinamica piorada tinha a tomada de ar do motor airbox na frente do cockpit — o que ate poderia ter um efeito ram air significativo se fosse projetado para isso e havia um unico retrovisor centralizado acima dessa tomada de ar alem disso a dianteira era rombuda prejudicando a penetraçao aerodinamica e o carro nao tinha asa traseira — nem efeito solo para compensar essa ausencia em vez disso sua carenagem era basicamente uma concha que provocava mais arrasto que dowforce em vez de equilibrar estes dois efeitos no fim o carro foi modificado com uma carenagem mais tradicional e eficiente mas mesmo assim nao teve sucesso e a equipe se desfez ao final daquela temporada de 1972 outra soluçao aerodinamica desastrada veio — quem diria — da ferrari mauro forghieri entao readmitido como projetista chefe da scuderia estava tentando descobrir como obter mais downforce de um carro de formula 1 na epoca ele havia sido o responsavel pelo prototipo 312pb que havia acabado de conquistar o titulo de construtores no mundial de carros esporte wsc a ideia original era fazer um carro largo com uma superficie ampla uma asa dianteira grande e chassi curto com entre eixos de apenas 2 330 mm hoje e sabido que um entre eixos curto apesar de dar mais agilidade ao carro nas mudanças de direçao se combinado com bitolas largas como proposto por forghieri — alem da limitaçao da distribuiçao de peso dos f1 — resulta em um carro imprevisivel sem nenhum traço da neutralidade dinamica desejada por isso o projeto acabou descartado sem nunca ter participado de uma corrida os brasileiros tambem entraram nessa historia do experimentalismo o fd 01 dos irmaos fittipaldi e ricardo divila estreou em 1975 com uma serie de soluçoes inovadoras como o bico baixo com a asa dianteira elevada a carenagem envolvente ate o berço do motor e amortecedores inboard acionados por pullrods — uma soluçao implementada tambem por tambem por gordon murray no bem sucedido bt44 — que visava concentrar a massa do carro proxima de sua linha de centro aqui e importante notar algo que passa batido por nos brasileiros do seculo 21 o fd21 foi desenvolvido em tunel de vento como os carros britanicos tanto o tunel de vento da embraer quanto o do imperial college eram um tanto rudimentares tratando se de carro mas era uma tecnologia escassa que estava disponivel localmente — os fittipaldi nao estavam atras dos europeus como hoje pode parecer https //flatout com br/a historia do formula 1 brasileiro/ os problemas surgidos na pista apesar de validados em tunel de vento eram comuns a todas as equipes na epoca a diferença e que a operaçao ficava na america do sul o que consumia tempo e dinheiro e nao era auxiliada por uma industria local tao desenvolvida como a britanica — lembre se que em 1974 a industria automobilistica brasileira ainda nao tinha 20 anos ainda em 1975 a march tambem apostou em mais uma experiencia aerodinamica as saias difusoras o conceito ali era estender o efeito aerodinamico da asa e da carenagem era uma soluçao horrorosa e pouco pratica uma vez que as saias recebiam um fluxo turbulento das rodas a noçao de se usar superficies maiores como geradora de carga aerodinamica contudo auxiliaria na revoluçao seguinte os carros de efeito solo em meio a tantos experimentos aerodinamicos quem trouxe uma verdadeira revoluçao foi a lotus depois de dominar a formula 1 com o 72 por cinco temporadas seguidas a temporada de 1975 foi desastrosa para a lotus que viu o declinio de seu grande vencedor para piorar seus sucessores nao foram competitivos como poderiam o lotus 76 ainda era muito agarrado ao conceito do 72 — que fora projetado entre 1969 e 1970 — e o lotus 77 era uma mera evoluçao carregada de problemas que segundo gunnar nilsson um de seus pilotos so poderiam ser resolvidos com gasolina e fosforos a lotus contudo preparava algo especial para a temporada de 1977 um carro completamente novo baseado em conceitos jamais vistos ate entao — ao menos nao de forma tao extensa e abrangente seu nome era lotus 78 e em vez de experimentar diferentes tipos de asas e apendices aerodinamicos peter wright o aerodinamicista da equipe decidiu fazer do carro todo uma asa aquela altura depois dos experimentos de murray e barnard com os spoilers no fundo do carro os projetistas ja conheciam mais a fundo os efeitos do fluxo aerodinamico sob o carro e como eles influenciavam o comportamento e a aderencia do carro a maioria das equipes ainda estava fazendo experiencias com spoilers e saias mas chapman wright e seus companheiros deram um passo a frente fizeram sidepods longos que se iniciavam logo atras do eixo dianteiro e se estendiam ate o eixo traseiro e que tinham perfil de asa invertida era praticamente um aviao de asas curtissimas montado ao contrario sobre rodas e deu certo muito certo so nao deu mais certo porque niki lauda estava muito disposto a vencer o campeonato de 1977 com a ferrari 312t — aquela altura ja um dos melhores projetos que a f1 ja vira — entao a lotus teve de se contentar com o vice campeonato de pilotos e de construtores para o ano seguinte contudo a lotus preparou uma serie de aperfeiçoamentos que resultaram no lotus 79 todas as mudanças foram projetadas com auxilio de computadores e validadas em tunel de vento o assoalho por exemplo foi alongado para equalizar as areas de baixa pressao sob o carro isso resultou em uma nova suspensao traseira que permitia um fluxo de ar mais limpo para a traseira do carro o que permitiu uma asa menor com menos arrasto os sidepods tambem foram modificados com uma curvatura elevada na traseira mas os testes no tunel de vento mostraram que isso nem seria necessario tamanha a downforce que o novo assoalho gerava desta vez deu certo mario andretti foi insuperavel ao longo da temporada e mesmo o acidente fatal de ronnie peterson no gp de monza nao impediu a equipe de conquistar o titulo de construtores e de pilotos foi o ultimo grande triunfo da lotus que nunca mais voltaria a vencer um titulo a temporada de 1978 viu ainda um outro carro de efeito solo mas com um conceito completamente diferente o brabham bt46b fan car gordon murray entao projetista da brabham foi o primeiro rival a entender a genialidade dos lotus 78 e 79 mas ele estava de maos atadas ao contrario do compacto motor cosworth v8 usado pela lotus a brabham usava o enorme flat 12 da alfa romeo o motor era potente e a disposiçao dos cilindros ajudava a manter mais baixo o centro de gravidade do carro o problema e que a largura do motor impedia a instalaçao de sidepods em formato de asa invertidas — um problema que inviabiliza a adoçao de efeito solo uma vez que e essencial obter fluxo de ar limpo e sem interrupçoes murray entao aproveitou uma ideia usada pela primeira vez por jim hall em seu chaparral 2j de 1970 usar exaustores para tirar o ar da parte de baixo o problema e que os dois exaustores do chaparral eram movidos por um motor extra vindo de uma moto de neve — uma ideia inviavel para a formula 1 devido ao peso extra e complexidade murray entao simplificou e adicionou leveza — com a ajuda de uma brecha no regulamento instalou um unico exaustor gigante conectado por engrenagens ao drivetrain do carro — uma soluçao mais simples e que trazia um efeito colateral positivo quanto maior a aceleraçao maior o efeito solo na epoca o regulamento proibia o uso de aparatos aerodinamicos moveis entao murray instalou o exaustor com o argumento de que ele servia para arrefecimento do motor e selou o compartimento do motor para que o exaustor gerasse pressao negativa sob o carro o carro estreou no gp da suecia de 1978 com niki lauda e john watson ao volante de cada unidade antes mesmo da corrida começar os rivais protestaram a legalidade do carro que tinha uma tampa de lixeira cobrindo o ventilador mas os comissarios rejeitaram as reclamaçoes e o grid foi formado normalmente a superioridade do brabham era notavel como o carro era pressionado contra o chao pelo efeito solo os pilotos conseguiam carregar muito mais velocidade nas curvas niki lauda contou em sua autobiografia que em certa altura da corrida um dos retardatarios espalhou oleo na pista e enquanto os rivais precisavam reduzir a velocidade sobre o oleo derramado os brabham simplesmente aceleravam pois o exaustor mantinha o carro pressionado andretti que ficou atras do bt46 por oito voltas disse que o carro parecia um maldito aspirador de po gigante ele joga sujeira demais na sua cara murray por sua vez se defendeu o exaustor nao pode atirar nada para tras por que o fluxo de saida e de apenas 80 km/h no fim lauda ganhou a corrida sob protesto dos rivais a lotus foi uma das reclamantes embora ja tivesse começado a fazer um projeto identico para o lotus 79 o brabham contudo estava dentro do regulamento eu nao disse la em cima que o regulamento era permissivo https //youtu be/2ltzppc5wfg o problema e que bernie ecclestone entao dono da brabham havia acabado de se tornar presidente da associaçao de construtores da f1 foca e negociou um acordo com os demais construtores segundo o qual a brabham correria outras tres corridas antes de aposentar o carro contudo talvez ja de olho em assumir o controle do circo futuramente — situaçao na qual precisaria do apoio unanime dos construtores — bernie decidiu nao entrar em confronto e tirou o carro da competiçao e foi assim que o brabham fan car saiu das pistas para entrar na historia como o unico carro da formula 1 com 100% de aproveitamento uma corrida disputada uma corrida vencida os carros de seis rodas ainda durante a primeira metade dos anos 1970 quando os projetistas nao haviam chegado ao conceito do carro asa as equipes estavam procurando formas de reduzir a area frontal do carro visando a melhor penetraçao aerodinamica e ao mesmo tempo desenvolviam airboxes enormes para otimizar a potencia dos motores aspirados a tyrrell por sua vez decidiu fazer tudo ao mesmo tempo e mais um pouco se a area frontal fosse drasticamente reduzida eles conseguiriam ganhos ainda maiores sem a necessidade de aumentar tanto a potencia e ai entra o conceito do projetista derek gardner um carro de seis rodas com quatro rodas pequenas em um eixo dianteiro duplo a goodyear topou o desafio de projetar os pneus de 10 polegadas e o negocio saiu do papel o conceito foi adaptado ao tyrrell 007 que foi testado ao longo de 1975 mas so entrou nas pistas em 1976 primeiro com patrick depailler e depois com jody scheckter o desempenho do carro ao longo da temporada foi bastante respeitavel a tyrrell chegou ao podio em oito das 16 provas do campeonato e das 12 disputadas com o p34 conquistando o terceiro lugar no campeonato de construtores e de pilotos com sheckter no ano seguinte a chegada do lotus 78 e a evoluçao da ferrari 312t complicaram as coisas alem disso o projeto tinha seus problemas congenitos como os pneus tinham so 10 polegadas eles giravam 1 6 vez mais que os traseiros o que aumentava sua temperatura fazendo com que se desgastassem mais rapidamente a goodyear embora tivesse concordado em fazer pneus naquele tamanho especial nao conseguia desenvolve los com a mesma agilidade que os pneus traseiros — talvez a borracharia nem tivesse interesse nisso visto que a tyrrell era a unica cliente dos pneus de dez polegadas como se nao bastasse os freios tinham problema de superaquecimento devido ao diametro reduzido dos discos e nao havia uma forma de resolver uma vez que o carro ja era pesado para os padroes da epoca e a soluçao so apareceria no final da decada como veremos mais adiante no fim das contas o tyrrell p34 foi aposentado ao final da temporada de 1977 alem da tyrrell a ferrari a williams e a march fizeram prototipos de seis rodas porem duplicando as rodas traseiras a ferrari fez o teste em 1977 mas com quatro rodas em um eixo traseiro simples — na pratica era um rodado duplo o carro foi batizado 312t6 e testado por lauda e reutemann em 1977 mas alem de ter ficado mais largo que o permitido pelo regulamento o carro tambem era dificil de controlar uma vez que tinha a traseira presa demais para ajudar a rotacionar o chassi nas entradas de curva na march o projetista robin heard percebeu que a vantagem aerodinamica obtida pelo p34 na dianteira era praticamente anulada pelo arrasto dos enormes pneus traseiros de 24 polegadas de diametro para contornar isso ele desenvolveu um prototipo com seis rodas de 16 polegadas de diametro mantendo o perfil do carro baixo sem comprometer a aderencia assim nasceu o march 2 4 0 — duas rodas na frente quatro rodas tracionando zero rodas arrastando a pratica contudo foi bem mais problematica que a teoria no primeiro teste em 1976 a capacidade de traçao acabou torcendo a carcaça do cambio que se abriu e deslocou todas as engrenagens ficou claro que a march precisaria de um cambio mais reforçado para o carro mas com orçamento limitado o prototipo ficou guardado ate 1977 https //youtu be/zbhix85juhw depois de conseguir uma transmissao mais robusta a march voltou a testar o carro com ian scheckter o irmao de jody em silverstone no começo de 1977 video acima apesar da pista molhada scheckter relatou que o carro tinha uma traçao impressionante e so depois do teste o carro foi recolhido e nunca mais voltou a aparecer no gp da belgica daquele ano o chassi 761 usado para o prototipo havia sido convertido para usar quatro rodas por ultimo a williams tambem testou um carro de seis rodas o fw07d mas somente em 1981 o carro fez um unico teste em donington park com alan jones e sua configuraçao mecanica seria usada no fw08b do ano seguinte 1982 mas a fia achou melhor proibir carros com mais de quatro rodas e o projeto foi abandonado os freios de carbono em 1976 gordon murray estava procurando uma forma de tornar os carros da brabham mais competitivos quando percebeu que se conseguisse discos de freio mais leves ele poderia nao apenas melhorar o desempenho de frenagem pela dissipaçao do calor mas tambem melhorar a aceleraçao e a dinamica do carro em si uma vez que teria menos massa nao suspensa o problema era como reduzir a massa dos discos de freio eles eram pesados por um bom motivo resistir as altas temperaturas sem deformaçoes e com desgaste baixo o suficiente para resistir ao longo das provas o uso de aluminio nos discos de freio ja havia sido experimentado desde os anos 1950 e ate funcionava em carros mais mundanos mas com ponto de fusao aos 660º graus os discos de aluminio simplesmente derreteriam ao longo de uma corrida de f1 a soluçao como tantas outras na historia do automovel estava nas maquinas voadoras em 1969 o concorde se tornou o primeiro aviao comercial a atingir velocidades supersonicas e seu desenvolvimento trouxe recursos ineditos as industria aeronautica entre estes recursos estavam os freios de carbono sem ceramica criados justamente para reduzir o peso do concorde e tambem otimizar sua frenagem nas aterrissagens graças a eles o concorde ficou 540 kg mais leve do que ficaria com freios convencionais e podia aterrissar em pistas de no minimo 1 800 m a soluçao estava ali mas gordon murray nao podia simplesmente telefonar para a michelin e pedir discos de concorde para seus brabham entao em um experimento inicial ele simplesmente pediu discos com inserçoes de carbono na pista metalica e instalou pastilhas de ceramica nas pinças nao deu muito certo jose carlos pace arrebentou seu bt 45 a 290 km/h no gp da austria depois que o superaquecimento do conjunto literalmente ferveu o fluido deixando o brasileiro praticamente sem nenhuma açao de frenagem apesar do acidente o desenvolvimento continuou ate que em 1979 a brabham usou fibras de carbono como elemento estrutural em discos de ceramica mais ou menos como o ferro no concreto armado combinado a pastilhas de freio de ceramica desta vez funcionou e logo no inicio dos anos 1980 as demais equipes ja estavam usando os discos de carbono ceramica
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