Qual é o componente mais importante do seu carro? Todos são essenciais, claro, mas os pneus certamente estão entre os que mais merecem atenção. Eles são a única forma de contato do automóvel com o solo e, dependendo de sua composição, seu tamanho e suas medidas, podem alterar drasticamente, para o bem e para o mal, o comportamento do carro. Hoje, contudo, vamos falar de um tipo especial de pneu: os slicks de arrancada. Mais especificamente, sobre como eles são feitos.
Pode ser um Golzinho turbinado; um muscle car importado, com um V8 preparado até as tampas debaixo do capô, ou um dragster feito só para acelerar em linha reta. O que todos têm em comum é que as rodas motrizes costumam calçar aqueles pneus gordos, borrachudos, macios e lisos.
Eles são bem especiais, pois foram feitos para esquentar bastante, grudar muito e, como efeito colateral, durar pouco. É por isso que, antes de uma puxada, os pilotos fazem os famosos burnouts (tomando o devido cuidado para não superaquecer os pneus e acabar perdendo aderência).
Outro detalhe são as paredes macias, que se deformam e ficam enrugadas sob aceleração (o vídeo acima mostra o processo em slow motion). Quando isto acontece, a impressão que se tem é que o pneu está vazio mas, na verdade, trata-se de uma maneira de aumentar a área contato do pneu com o solo, garantindo mais tração e, consequentemente, uma arrancada mais veloz e eficiente.
Mas como os pneus de arrancada são feitos? O vídeo abaixo explica, passo a passo, e é bem interessante.
Tudo começa com uma tira de borracha reforçada com nylon. Suas pontas são unidas e colocadas sobre um molde, formando a primeira “camada” do pneu. Depois, mais camadas de borracha e nylon são sobrepostas manualmente, na diagonal (daí a diferença dos pneus diagonais e radiais), aumentando a resistência da estrutura.
As bordas do pneu, que ficam em contato com a roda, recebem um aro de metal envolto em borracha reforçada para garantir melhor fixação do pneu à roda — trabalho que também fica por conta dos beadlocks, aros de metal com parafusos que prendem os pneus nas rodas, muito usados em carros de arrancada e veículos off road.
O passo seguinte é cobrir tudo com borracha derretida, que é aplicada de modo uniforme. É nesta borracha que estão os componentes químicos que, aquecidos, tornam o pneu mais grudento e melhoram a tração. Durante o processo, quaisquer bolhas de ar, inperfeições e excessos maiores de borracha são eliminados.
Depois de coberto com a borracha, o pneu é colocado em uma câmara para ser curado. Em cerca de meia hora, a borracha se uniformiza e estabiliza, mas ainda está quente: é a hora de definir as medidas finais do pneu, que então é inflado até esfriar. A etapa final é um teste de qualidade no qual um funcionário faz uma inspeção visual procurando defeitos, e corta os excessos de borracha menores.
Sendo mais macia, a borracha também desgasta com mais facilidade, tornando a vida útil de um pneu de arrancada bem curta: em média, um par ou um jogo de pneus de arrancada dura de quatro a seis puxadas antes de precisar ser substituído.