Se você não tem condições de pilotar um carro de corrida de verdade, é bem provável que já tenha recorrido a um simulador para viver um pouco da experiência. Existem diversos simuladores domésticos extremamente realistas no mercado, e um bom PC costuma ser consideravelmente mais barato que um bólido de competição — sem dúvida é uma solução razoável.
Contudo, há quem prefira levar a coisa a outro nível. São os adeptos dos simuladores de movimento que, além de um bom software para garantir uma experiência virtual realista, empregam amortecedores e sistemas de force feedback para reproduzir os movimentos de um carro de corrida de verdade. Você se senta no cockpit, aperta o cinto e, quando começa a pilotar, o assento se move com a ajuda de amortecedores e sistemas eletrohidráulicos te jogando para os lados, para cima e vibrando para reproduzir as sensações de frenagem, aceleração, irregularidades na pista e até, claro, acidentes.
São sistemas caríssimos, que podem chegar às dezenas de milhares de dólares, porém a experiência de “jogar” um destes é diferente de qualquer simulador doméstico — e valiosa para que pilotos profissionais possam treinar não apenas para conhecer melhor os circuitos, mas preparar-se fisicamente para encará-las no mundo real sem correr o risco de se ferir ou até morrer.
Ao menos até agora. No começo deste mês a companhia CXC Simulations anunciou uma atualização para seu simulador de movimentos Motion Pro II que, de acordo com eles, traz um nível de realismo sem precedentes graças a seu inovador sistema de force feedback, que é capaz de produzir até 1,63 mkgf de torque. Para ter uma ideia do que isto significa, basta saber que a maioria dos simuladores de movimento atuais (incluindo os sistemas de force feedback anteriores da CXC) costumam gerar, no máximo, 0,2 mkgf.
E o que oito vezes mais torque em um sistema de force feedback significa? Um exemplo prático: de acordo com o fundador da CXC Simulations Chris Considine, caso você bata em um muro na Fórmula Indy, seus pulsos podem quebrar se você não largar o volante na hora do impacto. O Motion Pro II é capaz de reproduzir a consequência e te machucar de verdade — exceto que o equipamento vem de fábrica regulado para não chegar a este ponto.
Mas o force feedback do volante é só o começo. É o sistema de movimentos do banco que torna o Motion Pro II diferente de tudo: em vez de movimentar todo o sistema, incluindo o monitor, o simulador reproduz com fidelidade, velocidade e precisão assombrosas movimentos de frequência rápida — bumps no asfalto, ondulações, zebras, eventuais saídas da pista e até contato com os outros carros.
Os movimentos são curtos, rápidos e intensos, diferentemente dos sistemas mais comuns, que se movem de forma violenta, com amortecedores de curso bastante longo, quase te jogando para fora do banco. Basta comparar o vídeo abaixo, do MPII, com o que colocamos no início deste post.
De acordo com a CXC Simulations, os simuladores de movimento mais comuns são baseados em simuladores de voo, e usam a inclinação e os movimentos amplos para reproduzir a atuação das forças G sobre o corpo do piloto. Em tese, o curso reduzido dos amortecedores do Motion Pro II acabaria comprometendo a simulação destas forças, porém a CXC garante que a sensação em seu equipamento é a mais próxima de um carro de verdade.
A companhia afirma ter realizado diversos testes e experimentos no desenvolvimento do MPII e, através destes estudos, percebeu que a melhor maneira de emular as forças G atuando sobre o corpo do piloto não estava nos movimentos mais vigorosos, e sim nos movimentos rápidos sentidos pela cabeça e pelo torso — de acordo com os pilotos, as regiões do corpo onde eles mais sentiam as forças G. Até mesmo os cintos se contraem para simular movimentos.
A CXC diz, ainda, que descobriu sem querer uma vantagem do seu sistema: como seu simulador preserva as mãos e pernas de movimentos mais bruscos, a sensibilidade nos membros não fica comprometida na hora de operar o volante e os pedais.
Certamente o método de simulação de movimentos do MPII vai dividir opiniões entre os adeptos dos simuladores, mas uma coisa é indiscutível: a qualidade de construção e acabamento. É coisa de alto nível, com estrutura em alumínio, aço inox e fibra de carbono, tudo usinado em CNC e finalizado de maneira artesanal. Os comandos também usam fibra de carbono e botões, pedais e alavancas encontrados nos carros de competição. Quem já experimentou (e isto inclui pilotos da Fórmula Indy, campeonatos de turismo, Nascar e Fórmula 1, que ajudaram no desenvolvimento do MPII) garante que a sensação de estar em um carro de competição é totalmente autêntica.
Para completar a experiência, os sistemas de áudio e vídeo também são de alto nível, com uma tela Full HD e sistema de som com Dolby Surround 5.1 com 1500W de potência com cinco alto-falantes e subwoofer garantem que o MPII tenha a capacidade de “deliciar ou agredir os sentidos, à sua escolha” — especialmente se você optar pela tela tripla, que aumenta o ângulo de visão de 60° para 180°.
O modelo básico parte de US$ 54.000, ou cerca de R$ 161 mil em conversão direta — e pode dobrar dependendo das especificações que você escolher, que podem incluir até uma réplica realista de um carro de competição em tamanho real.
Sem dúvida é um dos mais avançados simuladores do mercado, e uma grande evolução se o compararmos com o primeiro simulador de movimentos — o Sega R-360, uma cabine de arcade que rodava o simulador de voo G-Loc e era capaz de dar giros de até 360°, e foi lançada no início dos anos 90.