Imagine se fosse possível comprar um DeLorean DMC-12 zero-quilômetro e estalando de novo? E não estou falando do fim de 1982, quando a produção do carro foi encerrada, mas sim de hoje, 2015, como você pode fazer com Ford Mustang Revology?
Essa é a possibilidade que a DeLorean Motor Company (DMC) tem nas mãos desde 1997, mas que, até agora, não seguiu adiante. Como assim? A fábrica de John De Lorean não faliu em 1982? Sim, ela faliu, mas renasceu 15 anos mais tarde e no outro lado do Atlântico, nas mãos de Stephen Wynne. Se você ainda não conhece, vale repassar a história do começo.
Stephen Wynne é britânico de Liverpool que decidiu se tornar mecânico e acabou se mudando para os EUA em 1980. Em Los Angeles, ele abriu sua primeira oficina e se especializou em carros ingleses e franceses, como Renault, Peugeot, MG e Triumph.
Como o motor dos DMC-12 é o PRV (de Peugeot, Renault e Volvo), um V6 de 2.849 cm³ e meros 132 cv, Wynne começou a receber donos do DeLorean em sua oficina por volta de 1982. A demanda foi crescendo e o britânico viu ali uma oportunidade de negócio, especializando-se no carro. Em 1987, o mecânico abriu um depósito de peças em Houston e chamou os donos de DeLorean que ele conhecia na região para uma visita. Cerca de 50 apareceram e 30 já ficaram para reparos. Essa tem sido a média de atendimento da empresa desde então.
Com a falência da fábrica, que ficava em Dunmurry, um subúrbio de Belfast, na Irlanda do Norte, todo o inventário foi vendido a uma empresa chamada Consolidated International, o que incluía peças para fabricação dos carros e entre 700 e 800 unidades prontas.
Em 1997, Wynne comprou tudo e levou para sua empresa. Segundo ele, eram milhões em peças, que encheram o galpão de 3.700 m². Impressionados, os clientes começaram a dizer que havia ali o suficiente para construir carros novos. Com tanta gente falando a mesma coisa o empresário começou a gostar da ideia.
Note que, no vídeo, há uma unidade vermelha do carro. Seria a que foi encontrada recentemente em um barn find?
Segundo James Espey, vice-presidente da nova DMC, um DeLorean é composto de 208 peças, das quais eles possuem 99,2%. As outras 0.8% podem ser facilmente reconstruídas ou recuperadas. Como as portas asa de gaivota são as peças mais difíceis de reproduzir, e há cerca de mil delas em estoque, será possível construir no máximo 500 DMC 12. Isso com as peças disponíveis. de acordo com Wynne, além das peças, vieram no pacote também os desenhos técnicos e as patentes de tudo que há no carro.
Com novas técnicas e equipamentos, como impressoras 3D, a reprodução de partes tem se tornado cada vez mais fácil e barata. Em outras palavras, nada impede que o DMC-12 volte a ter uma linha de montagem regular, ainda que quase artesanal, se isso se mostrar comercialmente interessante.
Em 2007 entrevistei Espey a respeito da possibilidade de produção de novos DMC-12. Na época, ele me disse que construiria 12 carros em 2008, 24 em 2009 e seguiria esse ritmo de dois por mês nos anos seguintes. Aparentemente, nenhum saiu do papel de lá para cá. Em compensação, a DMC passou a ter filiais na Flórida, Califórnia, Illinois, Washington e Holanda. Também virou uma central de vendas dos modelos usados, com preços variando de US$ 39.000 a US$ 54.500.
Considerando que em 2007 Espey pensava em vender um modelo zero por US$ 57.500, ou os usados valorizaram um bocado ou já valiam quase tanto quanto um novo. Vale dizer que esse seria o preço de um modelo básico. Na época a DMC também queria oferecer uma versão com motor de alta performance, de 200 cv, que custaria US$ 63.250.
Enquanto foi produzido, de janeiro de 1981 a dezembro de 1982, o DMC-12 vendeu aproximadamente 9.200 unidades, das quais ainda circulam 6.500, a maioria deles nos EUA. Desenhado por Giorgetto Giugiaro, o carro tinha carroceria de plástico revestida por aço inox e as famosas portas asa de gaivota. Quem quiser saber mais sobre o carro pode ler o este post que publicamos há algum tempo com toda a história.. A falência da empresa veio por uma acusação de tráfico de drogas contra DeLorean, da qual ele depois foi inocentado, mas não a tempo de evitar a fuga de investidores. Há injustiças que nem a invenção de Doc Brown conseguiria remediar.