No dia 22 de junho comemora-se o Dia Mundial do Fusca. A data marca a assinatura do contrato entre a Associação Nacional da Indústria Automobilística Alemã com Ferdinand Porsche para dar início ao desenvolvimento e produção do que ficaria conhecido como Volkswagen, o carro do povo, em alemão. Mas o Fusca foi mais do que meio de transporte. Foi tema de filme. Foi carro de corrida. Foi companheiro de longas viagens e até motivo de polêmica. Mas também tem um aspecto menos conhecido e não menos digno de nota: virou objeto de arte. A seguir, separamos algumas obras de arte mais interessantes feitas com o velho Besouro.
Entre as inspiradas por ele, uma das mais conhecidas deve ser a escultura Anthropocene, do artista Jason de Cayres Taylor, que faz parte de um de seus parques de esculturas submersas, o Musa (Museo Subacuático de Arte), em Isla Mujeres, Cancún, no México.
Note que a escultura não é apenas um elemento estético interessante. É também um criatório de peixes e de lagostas, como mostra o esquema preparado pelo artista.
Este é obra de Livio De Marchi, escultor com um lado prático. Morador de Veneza, ele faz carros que gostaria de dirigir, mas como a cidade tem canais e poucas ruas, seus modelos flutuam e podem ser navegados. Um deles foi este Fusca, hoje exposto no Museu da VW. Mas também dá para vê-lo boiando por Veneza quase no final do vídeo abaixo. E o vídeo mostra apenas fotografias, provavelmente porque ninguém teve a ideia de filmar o Fusquinha náutico.
A escultura de De March, aliás, está exposta ao lado do Korb Käfer, ou Fusca Cesta: um Fusca todo revestido de treliça de vime. O modelo é um conversível 1971 que teve toda a sua carroceria e interior revestido de vime trançado como uma cesta de piquenique. O trabalho levou mais de 600 horas e foi todo feito à mão.
Que tal um Fusca feito de tecido? Não, não é nada parecido com o BMW Gina, mas sim uma obra da artista Margarita Cabrera, de El Paso. E foi costurado à mão por ela.
O significado desses Fuscas murchos? Quando o Fusca saiu de linha em 2003 no México, Cabrera fez esse tributo simbolizando o desaparecimento de um bem de consumo, ao mesmo tempo em que demonstrava sua preocupação com as possíveis consequências para os trabalhadores locais em um único objeto
Também do México vem o Fusca de arame. Criada pelos designers Karen Oetling e Juan Pablo Ramos Valadez, a obra, em 1:1, dá a impressão de estar flutuando no ar, não dá? Espie as imagens.
Se tem um cara aparentemente fascinado pelo Fusca é o artista indonésio Ichwan Noor. Primeiro, ele pegou peças de um Fusca 1963 e as transformou em uma caixa usando alumínio e poliéster, em 2011. A caixa, um cubo meio ondulado, tem 1,40 m em cada lado.
Tem até vídeo para mostrar a montagem da “peça” na galeria.
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Usando os mesmos materiais, unidos a peças de um modelo 1953, ele deu uma variada nas formas geométricas e criou, em 2013, uma esfera do besouro.
Foto: See-Ming Lee
O exemplar abaixo, também do Museu Volkswagen, é chamado de Hochzeitskäfer, ou o Fusca do Dia do Casamento. Não conseguimos mais informações sobre ele, infelizmente. Mas a treliça de aço como carroceria é interessante por si só.
Foto: StKone
Outro Fusca perfeito para casamentos é o modelo da MG Vrbanus, uma fabricante croata de grades e portões. A empresa precisou de 3.500 horas, seis meses, 5.000 cristais Swarovski, 70 kg de ferro e folhas de ouro 24 quilates para transformar este Fusca em uma obra de arte móvel. A ideia era simplesmente usar o carro como exibição da técnica e da qualidade dos serviços da empresa.
Ele teve todas as chapas da carroceria removidas e substituídas por grades como as dos portões, e por isso o interior, o motor e o bagageiro são totalmente expostos.
E se o Besouro se transformasse em aranha? Pois a ideia não é exatamente original. Tem uma página só com os exemplos de Fuscaranha em todo o mundo, mas o mais legal é esse de Lexington, em Oklahoma, com quatro metros de altura e oito de comprimento.
Não se sabe quem é o autor, mas certamente é uma daquelas esculturas feitas para atrair turistas que os americanos adoram — nesse caso o Lexington Family Worship Center, uma igreja protestante que fica às margens da Highway 77.
Outro, mais lúdico, é este de Erie, na Pensilvânia. Criado por Dick Schaefer a partir de peças do ferro-velho de seu irmão, este Fuscaranha conservou até as rodas. Vai que um dia ele resolve voltar a ser um carro?
Essa escultura, com pedras, foi feita em 1976 por Stephen Gibian em 1976, sobre os restos de um Fusca abandonado (repare nas rodas e no para-choque, verdadeiros), em Ithaca, Nova York. O Fusca estava parado próximo aos restos de uma fundação de pedras e Gibian decidiu juntar as duas obras destruídas para fazer algo novo.
Foto: Brad Bolton
O Brasil também entrou na brincadeira com duas instalações artísticas feitas com o Fusca. O primeiro é o Yin & Yang, feito por Jarbas Lopes e exposto no centro do Rio de Janeiro/RJ, atrás do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Não há muitas fotos dele na internet e menos informações ainda sobre a escultura. Até mesmo o nome Yin & Yang parece ser uma suposição do público.
A outra instalação fuscartística brasileira é a obra Troca-Troca, de Jarbas Lopes, atualmente exibidos no Centro de Arte Contemporânea de Inhotim, em Minas Gerais. Antes que você comece a pensar bobagem, o nome da obra se deve ao fato de os carros usarem peças uns dos outros, como se fossem uma versão clássica dos Volkswagen Harlequin.
Para terminar, o leitor Gustavo Eugênio, que sugeriu o post, também fez um desafio ao pessoal do grupo AutoDesenhistas, no Facebook, e compartilhou conosco os resultados. Vale dar uma conferida.