Já temos uma boa ideia de como será o novo Mercedes AMG GT, já sabemos que ele usará um novo motor V8 4.0 biturbo e que o ronco do carro não foi sacrificado em nome do downsizing. Mas até agora não sabíamos muito sobre essa nova usina da Mercedes-Benz. Até agora, porque a marca divulgou todos os detalhes que queríamos saber (e alguns que nem pensávamos em saber) sobre seu novo V8 que equipará praticamente todos os esportivos da marca.
Atualmente a AMG usa três motores diferentes: um 6.0 V12 biturbo, um V8 aspirado de 6,2 litros e um V8 de 5,5 litros que pode ser biturbo (como no E63) ou aspirado (como no SLK 55). Acontece que nos modelos comportados da Mercedes, o downsizing trocou os antigos V6 aspirados por motores de quatro cilindros turbinados e por isso a produção deles não pode ser modular. Cada tipo de motor usa um ferramental diferente e tem especificações particulares de fabricação.
A solução para uma economia de escala e mais compatibilidade de componentes é o desenvolvimento de uma nova geração de motores modulares — que embora não tenha sido anunciada pela marca, já é dada como certa pela imprensa europeia. Com essa nova geração de motores, os V6 darão lugar a seis-em-linha, que serão baseados nos quatro-cilindros — ou como se diz informalmente, serão os motores de quatro cilindros com dois cilindros a mais.
Isso também facilita a produção dos motores V12 e V8, que serão resumidamente os motores L6 e L4 dobrados: o V12 6.0 terá duas bancadas de seis cilindros com três litros de deslocamento, cada. O V8, terá duas bancadas de quatro cilindros e dois litros, cada, resultando em quatro litros de deslocamento. Isso permite o compartilhamento de bielas, pistões e anéis, usinagem de cabeçotes, juntas, válvulas injetoras piezoelétricas e revestimento dos cilindros.
O primeiro desses novos motores a ser lançado é o V8 M178, que fará sua estreia em traje esportivo no novo AMG GT, ainda neste ano e deverá equipar a próxima geração do C63 AMG. Como dito antes, ele será um 4.0 e terá a ajuda de dois turbos para produzir 517 cv e 66,2 mkgf — o mesmo nível de potência entregue pelo antigo 6,2 aspirado.
A redução da cilindrada também resultou em uma redução do porte geral do motor: as turbinas saíram das laterais das bancadas de cilindros e passaram para o lado de dentro do V, como já fez a BMW em seus V8 biturbo. De acordo com a marca, além de resultar em um conjunto mais compacto, isso também ajuda a ter respostas mais rápidas de aceleração e a consumir menos combustível. Os cilindros são feitos de uma liga de zircônio para durar mais e a injeção direta despeja combustível nas oito câmaras de combustão com uma pressão de até 200 bar. Pistões e bielas serão forjados.
Como ele será usado em um esportivo que pretende brigar com o Porsche 911, o M178 recebeu um sistema de lubrificação por cárter seco, que ajuda a manter o motor em posição mais baixa no carro (55 mm, para ser exato), o que ajuda a manter o centro de gravidade baixo e permite melhor desempenho em curvas — algo que o AMG GT irá precisar se pretende encarar o 911 Turbo. O sistema usa nove litros de óleo e ajusta a sucção de óleo de acordo com a tocada do motorista, podendo circular até 250 litros de óleo por minuto.
O downsizing também não afetou a faixa de trabalho do motor: a linha vermelha começa em 7.200 rpm — a mesma velocidade do 6.2 aspirado, mas diferentemente do antigo motor, o torque máximo aparece já aos 1.750 rpm e se mantém constante até 4.750 rpm. Já a potência chega ao seu pico de 517 cv aos 6.250 rpm. Isso deve ser suficiente para acelerações rápidas em qualquer uma das sete marchas do AMG GT — e também deve resultar em nuvens de fumaça sempre que você precisar delas.
O Mercedes AMG GT será revelado em setembro deste ano.