O Box 54 é um espaço muito bacana localizado em Araçariguama, a pouco mais de 50 km da cidade de São Paulo, que tem clássicos à venda e em exposição, mas que é mais conhecido pelo serviço de Vip Parking – um serviço onde colecionadores podem deixar os seus clássicos em galpões climatizados e contar sempre com carburadores limpos, todos os fluidos em ordem, pneus cheios e, claro, carroceria limpa (clique aqui para conhecer).
Mas neste final de semana, o espaço foi completamente dominado por frequentadores de quatro rodas bem mais jovens, sem faixas brancas nos pneus nem cheiro de courvim nas cabines, mas movidos por entusiastas igualmente apaixonados: trata-se da terceira edição do Encontro Nacional do Clube Subaru, que reuniu 715 presentes, 243 veículos de Subaru mais 131 carros de outras marcas entre os visitantes. Foi o primeiro evento que eles organizaram neste formato, deixando de lado o formato fechado e abrindo a festa para gearheads de todos os nichos, permitindo uma interação bastante saudável e que fortalece o próprio meio. Quer ver o que rolou por lá?
Destaques
Vamos começar logo com um dos carros mais aguardados do evento e que ficou exposto em uma área especial coberta, ao lado do estande oficial da Subaru. Trata-se do Black Blob, o Subaru WRX 2005 extremamente modificado de Ricardo Meirelles, proprietário da preparadora Speciallizer. A lista de modificações deste carro é tão monstruosa que merece uma matéria somente para ele – o que ocorrerá em breve –, por isso aqui vamos nos limitar a um resumo da receita do bolo, que já é suficiente para fazer o queixo de qualquer um cair.
Ele tem capô, quatro portas, tampa traseira e aerofólio de fibra de carbono – sendo que este, feito originalmente pela APR, hoje possui um sistema DRS passivo patenteado pela Speciallizer, que assume um ângulo de ataque mais reduzido em velocidades mais altas por um sistema de amortecedores –, vidros mais finos do modelo japonês Spec C, rodas Rays Gram Lights 57DR 9,5 x 18″ calçadas por pneus Toyo R888, amortecedores alemães KW V3 com camber plates Vorshlag, freios dianteiros Brembo Gran Turismo, com pinças de seis pistões, e sistema Brembo OE Gold na traseira, câmbio de seis marchas e diferencial traseiro do modelo STI (com blocante Cusco adicionado). O motor é um capítulo à parte, sobre o qual falaremos num futuro próximo!
Se o Black Blob vai pelo caminho de um race car, apenas sem gaiola completa e equipado com itens de conforto, como DVD e ar-condicionado, mas ainda totalmente Subaru de corpo e alma; a SW Rocket de Du Sammartino vai pela mão oposta: é um dos street mais insanos que já vimos pessoalmente. Nada mais de tração integral e motor boxer: agora o que temos é nada menos que um V8 Chevrolet LS1 4.8 biturbo, equipado com um par de Schwitzer S200 com geometria feita sob medida. Em fase inicial de testes, a 14 psi o conjunto rendeu nababescos 564,5 hp a 5.800 rpm nas rodas traseiras e 76,2 mkgf de torque a 5.000 rpm.
Os imensos arcos de para-lamas mal conseguem cobrir as rodas 18×10,5, que vestem pneus de 285 mm na dianteira de 295 mm na traseira – ou seja, o bicho já está pronto para calçar pneus slick de Stock Car e, uma vez que o desenvolvimento estiver concluído, espancar o cronômetro em track days. Todo o projeto de suspensão foi refeito do zero e é totalmente tubular: na dianteira, o projeto é da Fast Nigel Fabrication (subframe, barra estabilizadora e bandejas inferiores) e na traseira, o sistema é da TSSFab, tudo com montagem da Biroscar. Da mesma forma que o Black Blob, este é um carro que buscaremos trazer em detalhes de forma muito mais extensa em breve.
Já este WRX STI de terceira geração com facelift nos chamou a atenção pelo equilíbrio do projeto: um carro de rua forte, cheio de componentes topo de linha, mas que mantém toda a silhueta e a essência do modelo original. Por fora, componentes de fibra de carbono como o capô e a tampa traseira da Seibon, e o aerofólio e os espelhos retrovisores da APR Racing dão o toque race car, bem como as rodas Volk Rays TE37 SL – extremamente leves e uma de nossas favoritas para projetos JDM. Seu motor é um crate engine da AMS Performance, casado a uma turbina Garrett GT3076R, com refrigeração a água e cartucho de ball bearings no lugar dos mancais da turbina e do compressor.
Dois outros detalhes muito bacanas: os amortecedores Tein EDFC (Electronic Damping Force Controller, um sistema que permite o ajuste remoto de cargas dos amortecedores por um painel dentro do próprio veículo) e a bateria peso-pena Odyssey.
Outro projeto muito interessante é este Impreza de primeira geração mesclado com alguns equipamentos e o conceito do modelo WRX STI Spec C – o original, lançado em 2009 (terceira geração portanto), foi versão ainda mais radical e limitada a mil unidades do Type RA, trazendo um turbo roletado, sistema de spray d’água no intercooler, reforços estruturais e cerca de 90 kg a menos pela adoção de vidros e chapas mais finas em alguns lugares da carroceria, como o teto e a tampa traseira. Note o conta-giros, bastante raro e original do Spec C: a versão japonesa do WRX STI sempre usou motores de dois litros, voltados à operação em alto giro.
A galeria
As quatro gerações do Subaru Impreza estavam muito bem representadas neste encontro: no total havia 243 modelos da Subaru. O clima se manteve estável até próximo da hora do almoço, quando uma garoa mais pesada começou a cair. No fim da tarde, quando estávamos terminando o ensaio e a garoa resolveu virar chuva, boa parte dos participantes já tinha ido embora. Mesmo assim, conseguimos registrar a maior parte dos destaques do evento!