A texana Angela Radke não teve dúvidas. Na última segunda-feira (22), no estacionamento de um supermercado em San Antonio, Texas, ela notou um bebê preso dentro de um carro no estacionamento e que ele já estava lá havia muito tempo. “Ele estava muito quente, vermelho e parecia muito desconfortável”, ela contou ao ABC News.
Havia mais gente no estacionamento, e algumas pessoas ficaram intimidadas pela atitude de Angela – que decidiu quebrar o para-brisa do veículo para salvar a criança. Ela contou que pediam para que ela não fizesse aquilo — provavelmente as testemunhas estavam assustadas com os gritos dos seguranças, que diziam que Radke acabaria tendo que responder pelo crime de depredação de propriedade alheia. Ignorando os avisos, ela fez o que considerou correto.
“Eu quebrei o vidro da frente para tirá-lo de dentro do carro.” Angela conta que se enfiou pelo buraco no vidro para destrancar a porta por dentro, sofrendo cortes nos braços e nas costas durante o processo. “Não me importo se for presa por isso, tenho que salvar este bebê”, ela disse.
Segundo a polícia, o bebê estava acompanhado do pai e da irmã de 12 anos, e os dois entraram no mercado enquanto o bebê ficou sozinho no carro. Pelo horário das filmagens das câmeras de vigilância, o bebê passou 40 minutos trancado, sob o sol. Se Angela não o tivesse salvo, em pouco tempo ele poderia ter ficado seriamente queimado, ou até mesmo morrido.
Em um dia quente — com temperaturas acima de 30 graus — o interior de um carro funciona como uma estufa, absorvendo o calor do sol pelos vidros e não deixando que ele escape. Para todos os efeitos, o carro se transforma em um forno. Em 10 minutos, a temperatura pode chegar aos 42°C. Em meia hora, este número sobe para 50°C e, passada uma hora, já esbarra nos 60° — o suficiente para causar queimaduras (mais frequentes em bebês, que têm a pele mais fina) e desidratação extrema por causa do suor.
Depois de retirado do carro, o bebê foi levado ao hospital com muita sede e desidratado. Contudo, sua condição permaneceu estável e ele foi liberado poucas horas depois, saindo direto para o serviço de proteção à criança. O pai foi preso e indiciado por abandono de incapaz e por colocar a vida de uma criança em risco.
Já Angela não vai precisar enfrentar processo algum — nos EUA existe a chamada Lei do Bom Samaritano, que oferece proteção legal a quem oferece assistência legítima a uma pessoa que se encontre em dificuldades, risco de vida ou incapacitada. Na maioria dos estados, a lei só protege profissionais da saúde e pessoas treinadas, mas em alguns — como o Texas — pessoas leigas também estão protegidas pela Lei do Bom Samaritano.
Mas Angela Radke pareceu não estar preocupada com isso, dizendo que “o risco valia a pena”.