Quando se pensa em carros de drift, a primeira coisa que costuma vir à mente são esportivos japoneses, clássicos ou modernos, com pinturas coloridas e adesivos de patrocinadores. Depois, pensamos nos carros europeus – o BMW Série 3 E36 é um dos favoritos. Muscle cars, por outro lado, não são muito comuns no dorifuto, apesar da tração traseira e torque de sobra para convencer a borracha a desapegar do asfalto.
Mas não tem problema: isto só torna este Chevrolet Camaro 1967 feito para drifts mais incrível ainda. Melhor: ele não é americano, e sim… francês!
Oui, monsieur. Je suis un Camarrô.
Sim, nós conhecemos os franceses por sua paixão por hot hatches e linhas excêntricas, mas os caras da equipe Speedshop preferiram seguir a velha escola americana na hora de criar um monstro das derrapagens controladas. Na verdade a oficina deles é cheia de carros americanos, como uma recriação do Mustang Shelby GT500 e até um AMC Javelin (que é relativamente raro até nos EUA), transformado em pro-touring.
O Camaro é, sem dúvida, o projeto mais original dos caras. Não apenas por ser um Camaro de drift, mas por sê-lo em pleno circuito europeu, em meio a carros importados japoneses e heróis locais. E ele não faz feio, não, como o vídeo abaixo bem mostra: pode apostar que as derrapagens controladas com um clássico americano valem estes três minutos:
O ronco do V8 aspirado sobrepõe-se com violência aos chiados e espirros das turbinas e te faz lembrar que os americanos não são os únicos que entendem de muscle cars preparados.
Vamos começar onde interessa: o motor. No lugar do V8 original, está um V8 LS3 crate preparado. Originalmente o LS3 (que é o motor encontrado no Camaro SS de quinta geração e no Corvette C6) desloca 6,2 litros e entrega 436 cv. Contudo, os caras da Speedshop instalaram um kit stroker e agora o deslocamento é de 6,8 litros.
Não há detalhes das outras modificações, mas a oficina diz que a potência chega a 600 cv nas rodas, sem qualquer tipo de indução forçada. A transmissão é a Tremec T56, manual de seis marchas, e a força é levada para as rodas traseiras através do popular diferencial Ford 9”.
De qualquer forma, as modificações no carro não se restringem ao motor. O que começou como um Camaro 1967 laranja bastante original foi desmontado até sobrar apenas o monobloco. Então, foi instalada uma nova estrutura na dianteira, com subchassi, para acomodar o V8 de 6,8 litros e a suspensão independente com braços sobrepostos do tipo “duplo-A”, sistema que também foi instalado na traseira.
Como boa parte dos carros de drift, o Camaro teve o sistema de arrefecimento deslocado para a traseira. O radiador fica no porta-malas, assim como as ventoinhas. Além do ar admitido pela grade, o motor é arrefecido pelo ar que entra por um scoop no teto e é direcionado por dutos até o radiador. A célula de segurança para o combustível também fica na traseira, no lugar onde normalmente ficaria o banco.
Na verdade, todo o interior foi feito sob medida para a prática do drift. O painel do Camaro deu lugar a uma placa de fibra de carbono com instrumentos AutoMeter. Não há couro ou veludo – só a lata nua, bancos e cintos de competição e os comandos do carro. Precisa de mais?
Esteticamente o carro lembra muito o Camaro Vengeance, projeto pro-touring que já mostramos aqui, com exceção dos nomes de patrocinadores e dos detalhes laranja, claro. E nós achamos o visual bem apropriado, na verdade: para infiltrar-se no meio dos europeus e fazer bonito no Campeonato Francês de Drift é preciso deixar suas intenções claras logo de cara. O ronco só confirma tudo.