Você já deve ter visto um Jeep Willys por aí. Claro que já viu — os utilitários com raízes militares é foi produzido por 42 anos, de 1944 e 1986, e estão entre os mais famosos e populares veículos off-road do planeta, e também foram fabricados no Brasil pela Willys e depois pela Ford, entre 1954 e 1983. São veículos frugais e resistentes, têm um visual bacana e, por isso, são muito usados para trilhas e lazer hoje em dia. E eles não precisam de muita potência para isso: aqui no Brasil, por exemplo, o Jeep Willys vinha de fábrica com um seis-em-linha de 2,6 litros e 90 cv (ainda que alguns prefiram instalar nele o quatro-cilindros 2.5 do Chevrolet Opala ou até mesmo o bom e velho Volkswagen AP).
Agora, vá dizer ao dono deste Jeep que ele colocou potência demais no Jeep dele! Seu nome é Justin Miller, ele mora em Washington, Missouri, EUA, e seu Jeep Willys CJ-3A 1953 agora exibe, orgulhoso, um V8 Chevrolet da família LS. São 4,8 litros e, graças a um kit de óxido nitroso e preparação caprichada, a potência chega aos 1.000 cv. MIL CAVALOS. Em um Jipe sem teto, portas, airbags ou mesmo cintos de segurança e que pesa menos de 900 kg. Esse cara é louco.
Tão louco, na verdade, que vamos dar uma olhada na sua criação mais de perto. Mas antes, que tal ver o Jeep massacrando um Corvette ZR-1, um Porsche Cayman e uma Honda CB600 na arrancada?
Justin precisou passar alguns anos convencendo o dono deste Jeep, seu vizinho, a vendê-lo — ele via o CJ na garagem, precisando de cuidados, e tinha o sonho de restaurá-lo. Em 2011 ele conseguiu comprar o Jeep e, seis meses depois, começou aquele que seria apenas um processo de restauração. Tendo servido o exército americano por alguns anos e se aposentado por questões de saúde, Justin quis prestar homenagem ao período de serviço militar — nada mais apropriado, visto que o próprio Jeep surgiu como veículo militar e só foi transformado em um veículo civil depois que os Aliados venceram a Segunda Guerra.
Fotos: GConnoyer Photography
Assim, logo o Jeep foi pintado na cor verde típica dos veículos militares e recebeu decoração com temática bélica, como caixas de munição no porta-malas e tipografia em estêncil. Todo mundo sabe que este visual cai como uma luva no Jeep, não é?
Instrumentação aftermarket e “chave geral”. Foto: GConnoyer Photography
Não demorou, porém, para que Justin percebesse que o motor original do Jeep era fraco demais (sendo um modelo americano de 1953, provavelmente tratava-se do quatro-cilindros “Go Devil” da Willys, de 2,2 litros e apenas 48 cv). Então, de brincadeira, Justin disse a um amigo que colocaria um V8 LS em seu Jeep.
Foto: 1320video.com
Agora… se a ideia está no ar, por que deixar tudo na brincadeira? Os motores V8 LS da GM não são exatamente difícieis de encontrar nos EUA – exatamente o oposto disso, na verdade. Assim, em 2013 o Willys já exibia o V8 de 4,8 litros originalmente usado em picapes e utilitários como o Chevrolet Express e a GMC Sierra. Na época o motor entregava “apenas” 300 cv, o que já era o suficiente para garantir bastante diversão, como mostra o vídeo abaixo:
Desde então, Justin realizou algumas modificações importantes no motor, sendo que a principal delas foi a instalação de um compressor mecânico Procharger operando a 1,1 bar de pressão. Aliado a um novo sistema de injeção e um comando de válvulas mais nervoso, o compressor elevou a potência para cerca de 730 cv e 92,5 mkgf de torque nas rodas.
O motor, ainda sem o compressor mecânico. Foto: GConnoyer Photography
Além disso, o motor ganhou um kit com dois cilindros de óxido nitroso (devidamente pintados de verde militar e expostos na caçamba, para todo mundo ver) que, quando entra em ação, ajudam a produzir mais 300 cv. Faça as contas!
O câmbio é o 480Le da Chevrolet, automático de quatro marchas, acoplado a um conversor de torque Monster 3200 e um diferencial Richmond com relação final de 3,73:1. As rodas são calçadas por um jogo de pneus Mickey Thompson ET, enquanto a suspensão por eixos rígidos é totalmente stock, o que é uma bela demonstração de insanidade.
Foto: GConnoyer Photography
Desde então o Jeep de Justin ficou relativamente famoso na comunidade tuning da região, marcando presença em eventos como o SEMA Show no ano passado. Com um visual tão bacana, uma relação peso-potência de menos de 1 kg/cv quando o nitro é ativado e diversos vídeos espalhados pela internet, não é difícil entender o motivo.