Quando o atual Ford Mustang foi lançado, em 2014, muitos entusiastas reclamaram do seu visual. Muitos disseram que, ao abandonar o look retrô e abraçar a identidade visual moderna da fabricante, o muscle car tornou-se pouco mais que um Fusion coupé, esteticamente falando – o que é compreensível, mas também é exagero. No ano passado, a Ford promoveu um leve facelift em seu esportivo, que de fato ficou menos parecido com o Fusion, ganhando uma dianteira mais agressiva e imponente.
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Agora, fora o desenho da dianteira, o Mustang nada tem a ver com o Fusion – ainda que, nesta geração, o cupê tenha adotado um quatro-cilindros turbo da família Ecoboost. São plataformas totalmente diferentes, com o Fusion usando motor transversal, enquanto o ‘Stang preserva o motor longitudinal; e a base do Fusion tem tração dianteira (ainda que algumas versões possuam tração 4×4).
Tanta discussão nos faz imaginar como seria um Ford Fusion com o powertrain do Mustang – uma espécie de Mustang sedã improvisado. E, olha só: não é que alguém já fez algo assim? Saca só:
O responsável por esta loucura é um americano chamado Matthew James, piloto de drift que decidiu transformar o Fusion em uma máquina de andar de lado. Seu outro carro era um Mustang – um Fox body da década de 1990, equipado com um motor Coyote vindo de um Mustang 2013, preparado para entregar pelo menos 420 cv (que parecem pouca coisa, mas é mais do que qualquer Mustang Fox já teve de fábrica).
Há cerca de um ano, Matt começou a publicar em seu canal do YouTube vídeos sobre seu novo projeto: o tal Fusion com powertrain de Mustang.
E não estamos falando de nenhuma estrutura tubular com painéis de carroceria do Fusion adaptados: o projeto é o real deal, usando o monobloco do sedã consideravelmente modificado – a parede corta-fogo foi refeita, a fim de acomodar o V8 Coyote na posição mais recuada possível, e um subchassi dianteiro do Mustang de quinta geração foi instalado para suportar o peso extra. O túnel da transmissão também foi reconstruído, com um espaço maior para a carcaça do câmbio e o cardã do Mustang. Uma vez que as medidas o motor e do cofre são compatíveis, foi uma questão de fabricar coxins sob medida e alinhar a suspensão. Matt fez questão de usar a maior quantidade possível de componentes de fábrica, e limitou as adaptações ao estritamente necessário. Desta forma, segundo ele, fica mais fácil substituir uma peça quebrada.
O motor, vale observar, vem do Mustang de quinta geração. Por enquanto, o V8 de cinco litros é original, entregando 450 cv – a única mudança foi a instalação de um coletor de admissão feito sob medida, a fim de dar espaço para a coluna de direção. Futuramente, o plano é instalar um supercharger – o que, aliado a outras modificações, deve ser suficiente para chegar perto dos 800 cv. O motor é acoplado a uma transmissão Tremec TR-6060, manual de seis marchas cedida por um Shelby GT500 2007.
Na traseira, a solução encontrada foi drástica e, ao mesmo tempo, simples: transplantar o eide usarxo traseiro do Mustang 2015 no Fusion, incluindo o diferencial. Matt também teve de adaptar suportes para acomodar a nova suspensão mas, de acordo com ele, as medidas e o arranjo em si são muito parecidos.
O fit and finish passa longe do nível de fábrica, mas isto é só um detalhe. Trata-se, afinal de um carro de pista, com gaiola integral, bancos do tipo concha, freio de mão hidráulico e o rack de direção modificado para um ângulo de esterçamento muito maior. No porta-malas há um tanque de combustível selado, e mais nada.
O interior manteve o painel de instrumentos do Fusion, porém com um quadro de instrumentos digital aftermarket, e alguns dos botões do Mustang. A elétrica do carro foi uma das partes mais complicadas do swap, como de costume, mas está funcionando perfeitamente. Absolutamente todo o trabalho foi feito por Matt em sua própria garagem.
O carro ficou pronto há poucos meses, e cumpre exatamente o que Matt espera dele. Nos EUA, o Ford Mustang é visto como um esportivo versátil e resistente, com componentes abundantes e relativamente acessíveis, perfeito para passar o fim de semana acelerando sem se preocupar demais com quebras. Um trackhorse, por assim dizer. E este Ford Fusion tem quase todos os componentes mecânicos do Mustang, portanto…
O que realmente o diferencia do Mustang é o comportamento dinâmico – o entre-eixos maior torna a traseira menos arisca, e o carro não muda de direção tão rápido. Mas ele soa como um Mustang (amplificado pelo sistema de escape feito sob medida), e deverá ficar ainda mais monstruoso quando o supercharger for instalado.