Há um tempo contamos a história da evolução do Batmóvel nos filmes e na TV — literalmente, dezenas de carros já foram usados como o icônico carro da Dupla Dinâmica (ou do Cavaleiro das Trevas sozinho), e todo mundo concorda que o primeiro e mais clássico é o Batmóvel baseado no conceito Lincoln Futura e customizado por George Barris. Acontece que não é.
O Lincoln Futura era um conceito funcional, e foi encomendado pela Ford ao estúdio Ghia em 1955 para o circuito de salões de automóveis. Com um canopi transparente duplo, um exagerado rabo de peixe e um V8 de seis litros, o Futura ditou tendências estéticas e mecânicas para os Lincoln nos anos seguintes, mas seria jogado fora depois de servir a seu propósito — seria, se não tivesse sido comprado pelo customizador George Barris pelo valor simbólico de US$ 1 e transformado no Batmóvel da série do Batman dos anos 1960.
Contudo, o primeiro Batmóvel clássico não foi o primeiro Batmóvel licenciado de todos. Na década de 1940, uma série live action tinha um carro preto que, na verdade, estava mais para “o carro do Bruce Wayne” que, por acaso, Batman também usava para combater o crime (leia mais aqui). O primeiro Batmóvel licenciado pela DC Comics, de fato, é este Oldsmobile 88 1956.
Quer dizer, não sobrou muito mais do Oldsmobile 88 1956 aqui, exceto o chassi e o motor V8 de 5,3 litros (324 pol³) e 230 cv. Se a carroceria do carro original parecia a de um Chevrolet Bel Air, o carro transformado em Batmóvel tem inspiração nos carros que aparecem nas HQs do Batman na década de 1950, embora não seja inspirado em nenhum modelo específico.
As proporções enganam — as laterais baixas, o para-brisa bem à frente e o tamanho dos bancos e das rodas faz o carro parecer pequeno. Não é: ele mede mais de cinco metros de comprimento por 2,1 metros de largura. Mas, afinal, qual é a história deste carro?
Seu idealizador foi um rapaz de 23 anos chamado Forrest Robinson que, aparentemente, só queria rodar por aí em um carro bacana e chamou seu amigo, Len Perham, para ajudá-lo a construir um no celeiro da família. A base foi o chassi de um Oldsmobile 88, com o motor Rocket 324 de 230 cv — um dos mais populares da marca na época. Robinson projetou o carro sozinho, e a dupla levou três anos para concluir o trabalho.
Depois de pronto, o carro foi pintado de prata (um reflexo da Corrida Espacial entre os EUA e a Rússia, que estava em seu auge na época) e usado por Robinson como daily driver. E chamou tanta atenção que, quando a popularidade do Batman começou a aumentar, o carro foi alugado pela própria DC Comics, repintado de preto-e-vermelho e viajou por boa parte dos EUA como “o Batmóvel do Batman” — uma boa manobra publicitária que segurou as pontas enquanto o Batmóvel de George Barris não ficava pronto. O carro foi até licenciado de forma oficial — fazendo dele, efetivamente, o primeiro Batmóvel da história.
As “turnês” duraram até 1966, quando o Lincoln Futura ficou pronto, e o Oldsmobile customizado foi devolvido a Robinson. Ele, que precisava de dinheiro para iniciar um novo negócio, vendeu o carro por US$ 200. O Batmóvel original ficou abandonado em uma fazenda no estado de New Hampshire por quase cinquenta anos até ser encontrado por um homem chamado Bobby Smith, que levou o carro para uma concessionária em Chicago que, por sua vez, o revendeu para um historiador automotivo chamado George Albright.
Por fim, em 2013, o carro foi vendido para a loja de brinquedos Toy Car Exchange, que mandou restaurar o carro nos padrões originais em um processo que durou um ano. Agora, como novo, o carro será vendidopela Heritage Auctions durante um leilão de itens históricos do mundo da música e do entretenimento.
Os lances começam no dia 17 de novembro, sem valor estimado — ao menos não foi divulgado. Contudo, o fato de ser o primeiro Batmóvel e um item muito valorizado por conhecedores do Homem-Morcego devera valer alguma coisa, sem dúvida.