Dizem que a diversão do Lotus Elise está no fato de ele ser um cupê de motor central-traseiro com entre-eixos curto e que prioriza a leveza sobre a potência. Para se ter uma ideia, o motor do modelo básico é um 1.6 Toyota de 136 cv que o leva até os 100 km/h em seis segundos.
Como não gostar do Elise, afinal? Além de ser ágil e divertido, ele tem um visual bacana, câmbio manual como única opção (quer um automático? Que pena!) e tração traseira. Acontece que, para alguns, o Elise ficaria ainda melhor com um motor mais potente.
Alguns exageram na dose e criam verdadeiros (e incríveis) monstros, como John Hennessey fez com o Venom GT e seu V8 biturbo de 1.240 cv. Usando como base o Elise, Hennessey criou um hipercarro redneck capaz de superar o Bugatti Veyron em velocidade máxima ao alcançar os 435 km/h — o fato de o recorde não ser reconhecido pelo Guinness é só um detalhe.
Talvez Fernando Reyes, fundador da King’s Performance. Ele um dia decidiu que seu Lotus Elise precisava mesmo era de um motor maior, mais potente e girador, e assim surgiu a ideia de transplantar o famoso quatro-cilindros de dois litros K20, da Honda.
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A King’s Performance é uma oficina, preparadora e distribuidora de peças de Orlando, na Flórida, e foi fundada em 2009 por Reyes. Especializada em carros da chamada cena import dos EUA — de marcas japonesas como Nissan, Honda, Toyota e Mitsubishi — , a KP tem como foco a preparação para arrancada.
Por isso, seu pessoal está acostumado a extrair números de potência impressionantes de motores quatro-cilindros ou seis em linha e deslocamento relativamente baixo. Que tal, por exemplo, um 2.0 turbinado de 750 cv instalado no cofre do emblemático esportivo britânico?
Tudo começou com o carro de uso pessoal do próprio Reyes, que, segundo ele, jamais foi imaginado como um carro de corrida. “Nunca pensei em colocar esse carro na pista, era mais algo que e queria fazer para me divertir, dirigi-lo na rua”, ele conta no vídeo abaixo, publicado pelo 1320Video. “Mas na primeira puxada eu consegui virar o quarto-de-milha na casa dos 10 segundos. Então coloquei combustível de competição nele e consegui baixar para 9,6 segundos e alguma coisa.”
De fato, é muito rápido. Mas não é para menos: a King’s Performance preparou bastante o K20 para chegar a este resultado, começando pela instalação de um turbocompressor Precision Gen 2 BB 6266 que eleva a potência do quatro-cilindros de 200 cv (como era no Honda Civic Type R de sétima geração, no Acura RSX e no Integra Type R) de 200 cv, para “cerca de” 750 cv com 1,8 bar de pressão.
Foto: Kevin Landers Media
Obviamente o turbo não faz seu trabalho sozinho — diversas modificações foram realizadas e quase todos os componentes são de fabricação própria. Isto inclui os pistões, tensor da correia do comando, coletores de admissão e escape, injetores de alta vazão, módulo de controle, dutos e mangueiras.
A lista de modificações também inclui bielas Carrillo Pro-H, wastegate e intercooler Precision, regulador de pressão de combustível Aeromotive e radiador de alumínio. Até os parafusos da tampa de válvulas foram substituídos por peças da ARP. Contudo, Fernando faz questão de deixar claro que as camisas dos cilindros originais ainda dão conta do recado.
O motor é acoplado a uma caixa sequencial de cinco marchas da Quaife que, por sua vez, leva a força para as rodas traseiras através do diferencial Valvetrac de deslizamento limitado. E o cara ainda quer que a gente acredite que jamais pensou em acelerar na dragstrip com o Elise…
A carroceria também recebeu uma boa seleção de modificações, entre estéticas e funcionais: splitter frontal, amortecedores ajustáveis do tipo coilover, rodas de 15 polegadas XXR Staggered de 17 polegadas (que abrigam um jogo de discos de freio slotados DBA), entradas de ar laterais de fibra de carbono e painel traseiro com uma tela que deixa a mecânica toda visível e ajuda o motor a respirar melhor.
Foto: Kevin Landers Media
O carro ficou tão bom que deu origem a dois novos pacotes oferecidos pela KP em sua loja online (que já tem uma boa seleção de kits (turbo e stroker) para os motores da Honda, diga-se). São versões comerciais do motor preparado do carro de Fernando, e ambas já incluem o swap para K20 no preço.
Ambos foram devidamente testados em dinamômetro antes de serem lançados comercialmente. Com o kit KP600, o motor K20 é capaz de entregar, nas rodas, mais de 400 cv com gasolina de alta octanagem e entre 550 e 600 cv se abastecido com C16 ou E85 de competição. Já o KP800 entrega 500 cv nas rodas com gasolina de alta octanagem e cerca de 750 cv com combustível de competição. Este último já teve seu quarto-de-milha verificado em 9,4 segundos a 255 km/h, calçando pneus Nitto 555R de rua. Nada mau mesmo, não?
A KP garante que pode buscar e entregar seu Elise em qualquer lugar do planeta (por um custo adicional, claro), e que o trabalho dura entre oito e dez semanas. Também não estão inclusos os upgrades nos freios, rodas, pneus e suspensão, mas a preparadora os recomenda fortemente.
Talvez por isso a Reyes chame seu Elise de baby Venom. Apelido apropriado, não acha?