“Velozes e Furiosos 3: Desafio em Tóquio” (The Fast and the Furious: Tokyo Drift) é meio que um ponto fora da curva na franquia. Como os outros dois filmes da trilogia original, o terceiro “Velozes” é um filme dos anos 2000, com a mesma pegada street racer e os mesmos carros tunados que podem até ser datados hoje em dia, mas também são nostálgicos. Mas “Desafio em Tóquio” é o único que não gira em torno do núcleo de Dom Toretto em Los Angeles.
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Em vez disso, ele traz a história de um jovem rebelde que é forçado por sua mãe a morar com seu pai, um militar lotado no Japão, pois está causando muitos problemas com corridas de rua. Acontece que… a primeira coisa que o protagonista Sean Boswell (Lucas Black) faz quando chega ao Japão é, claro, envolver-se em disputas clandestinas de drift. Mesmo sem fazer ideia do que é drift.
Concebido como spin-off, “Desafio em Tóquio” acabou lançado como parte da cronologia oficial, com direito a uma ponta de Vin Diesel como Dom Toretto no fim do filme, ao volante de um Plymouth Road Runner. E, por muitos fãs, é considerado o melhor de todos os oito filmes lançados até agora. Dizem que o terceiro filme é mais coeso e tem um enredo mais verossímil, explorando a evolução de Sean como piloto de drift e sua amizade com Han Lue (Sung Kang), além de trazer algumas das mais memoráveis cenas de ação entre todos os títulos.
E é justamente por isto que é tão interessante ver como “Velozes e Furiosos 3: Tokyo Drift” foi feito. Topamos com esta making of publicado no YouTube e, depois de assistir de ponta a ponta, fica difícil não querer revisitar o filme todo (vou acabar fazendo isto no fim de semana). É como voltar 13 anos no tempo.
“Desafio em Tóquio” foi o primeiro filme dirigido por Justin Lin, que também tomou as rédeas nos três títulos seguintes. Embora a maior parte do enredo se passe no Japão, o terceiro “Velozes” foi quase todo gravado ali mesmo, na Califórnia. Por exemplo: a primeira disputa de drift que aparece no filme, por exemplo, nas rampas da garagem de um prédio. O local é o estacionamento de um shopping center abandonado, o Hawthorne Plaza Mall, em Los Angeles.
As cenas de drift também foram especialmente marcantes porque, na época, as derrapagens controladas não eram tão difundidas fora do Japão, e praticamente desconhecidas por quem não era muito ligado em carros. Vê-las sendo feitas, com as câmeras móveis em ação, a coordenação com os elementos do cenário e os figurantes, e a pilotagem genuína dos dublês, dá outra dimensão à coisa – e nos faz lembrar que é bem possível que algo dê errado durante a filmagem da mesma forma que em uma corrida ilegal de verdade.
Na verdade, este é outro dos aspectos que separam V&F3 do restante dos filmes da franquia: a captação de imagens e áudio é muito mais realista e crua do que se viu nos dois filmes anteriores — fora o fato de haver manobras de verdade, feitas com carros reais.
Outra parte do crédito ao realismo das cenas de drift deve-se à presença de Keiichi Tsuchiya, um dos maiores nomes do automobilismo japonês. Tsuchiya não se restringiu ao drift, mas foi um dos responsáveis por difundir a técnica no Japão. Ele pode incluir em seu currículo, além da carreira nas pistas nos anos 1990 e de seu papel como apresentador nos quadros da revista Best Motoring, a atuação como consultor, instrutor e dublê durante as gravações de “Desafio em Tóquio”.
E, como você deve lembrar, ele também faz uma participação especial na cena em que Sean começa a pegar o jeito do dorifuto, por volta de 1:01 do vídeo abaixo:
Aliás, o Evo usado por Sean – um IX com a dianteira do VIII – foi convertido para tração traseira (algo relativamente comum no Japão) e recebeu um novo sistema de escape da Rhys Millen Racing. O conjunto mecânico era stock, com um 2.0 turbo 4G63 de 280 cv e câmbio manual de seis marchas.
O vídeo também mostra (a partir dos 2:40 do making of, o primeiro vídeo do post) as gravações das perseguições nas ruas de Tóquio, quando Han morre em seu Mazda RX-7 da Veilside – não dá para reclamar de spoilers, dá?
Estas cenas também foram feitas em Los Angeles, com a presença de figurantes japoneses — humanos e de quatro rodas. No entanto, em outras tomadas, como a hora em que os pedestres atravessam a rua correndo para não serem atropelados (aos 4:30 do primeiro vídeo), as imagens foram feitas, de fato, no Japão. Esta cena, em especial, foi filmada na praça de Shibuya, um dos mais importantes pontos comerciais de Tóquio.
Outras cenas gravadas no Japão foram as tomadas do lado de fora da casa do pai de Sean, e também as cenas no Red Light District, onde acontecem as “reuniões” da Yakuza.
A touge run no final do filme, com Sean ao volante do Ford Mustang, também foi feita nos Estados Unidos – mais precisamente, em uma estrada na cidade de Azusa, no sul da Califórnia, chamada St. Gabriel Canyon Road. Qualquer um pode ir até lá e dirigir no mesmo trecho, se quiser:
Embora tenha recebido o motor RB26DTT que estava no Silvia de Han, destruído por Sean no começo do filme, o carro que realmente teve instalado o seis-em-linha biturbo Nissan foi utilizado apenas nas cenas mais tranquilas, de baixa velocidade e tomadas mais detalhadas.
Para as cenas de ação foram usados outros seis carros, todos com motor V8 — dá até para ouvir o ronco por volta de 5:53 do making of.
Dizem que dos seis carros, dois foram destruídos no processo, mas isso nunca foi confirmado pelos produtores.