Em matéria de utilitário, poucos nos agradam tanto como o Suzuki Jimny. Seguindo a mesma fórmula há décadas, o Jimny chegou a sua atual geração em 1998 e, com chassi do tipo escada, motor 1.3 de 85 cv e tração 4×4 de verdade, com reduzida, cumpre com louvor sua proposta em um pacote com dimensões de kei car. Aí, aparecem uns japoneses e decidem transformar o Jimny em um carro de drift. Vai entender…
Aliás, não precisa entender: alguém precisa de um bom motivo para pegar um Jimny, aliviar peso, preparar a suspensão e colocar na dianteira o motor 2.0 turbo SR20DET do Nissan Silvia? É claro que não! Aliás, estes caras tem todo o nosso apoio, mesmo que seja apenas na forma de pensamentos positivos. Afinal, cara, um Suzuki Jimny feito para deslizar de lado não pode ser algo ruim, pode?
Os responsáveis por este monstrinho são os caras da oficina japonesa KinoKuni, especializada em importar peças dos EUA para a Terra do Sol Nascente. Eles se orgulham de ter um estoque gigantesco e de conseguir qualquer peça que você precise até, no máximo, o dia seguinte. E o Jimny de drift foi construído para divulgá-los, mostrando que os japoneses sempre levam a sério esse negócio de carro-propaganda.
No vídeo abaixo, feito pelo blog Nori-yaro, vemos que o bichinho manda muito bem nas derrapagens controladas — tanto que anda junto com os caras grandões sem passar nenhuma vergonha. E ainda berra bonito!
Agora, como você deve imaginar, este Jimny foi completamente refeito. Só restou a carroceria — que perdeu diversos componentes desnecessários, incluindo a tampa do porta-malas e todo o painel traseiro — e agora repousa sobre um chassi tubular feito sob medida que foi arrematado com toda a suspensão do Nissan Silvia S15. Apenas parte do chassi original do tipo escada foi aproveitada, pois o resto foi todo feito sob medida ou adaptado — caso do subchassi dianteiro do Silvia, necessário para acomodar o motor 2.0 turbo.
Na última geração do Silvia, o SR20DET, com comando duplo no cabeçote e turbocompressor, entregava 250 cv. Preparado pela KinoKuni com comandos e válvulas GReddy de competição, uma turbina Power Enterprise 1820 e ECU NIStune (dá para ver, em determinado momento do vídeo, um dos mecânicos fazendo ajustes pelo computador), o motor agora entrega 350 cv.
Para se ter uma ideia, o nosso Jimny tem um motor 1.3 de 85 cv — ou seja, o carro de drift dos japoneses tem quatro vezes mais. Na verdade, eles precisaram manter o motor funcionando abaixo do seu limite — a preparação em cima do SR20DET o tornou capaz de entregar até 500 cv, mas após alguns testes e problemas de durabilidade, eles preferiram amansá-lo um pouquinho. De qualquer forma, em um veículo com menos de 800 kg, 350 cv são mais que suficientes para garantir o espetáculo.
E os caras da KinoKuni também capricharam no visual. Ainda que carros de drift sofram danos cosméticos com frequência (a ponto de alguns donos e equipes sequer se preocuparem em consertá-los, aceitando os amassados e quebrados como marcas de personalidade), o Jimny recebeu um envelopamento caprichado, para-lamas com alargadores “falsos”, rodas Volk TE37 e para-choques tubulares. Na traseira sem portas, vemos o tanque de combustível selado e a gaiola de proteção — mais nada. E nem é preciso mais do que isto, mesmo!
A grade deu lugar a um intercooler Setrab que fica à frente do radiador. No cofre, o motor fica bem recuado, mas o interior conserva o painel original de fábrica, com mostradores aftermarket — única coisa que impede a cabine de ficar totalmente espartana. O que também é só um detalhe, pois o que importa é a capacidade do Jimny de deslizar no asfalto. E, apesar de o vídeo mostar o primeiro shakedown do carro, deu para ver que ele faz isto muito bem!