Quando alguém sofre um acidente em uma rodovia, muitas vezes o que impede que as coisas se tornem ainda mais graves é o guard-rail. As barreiras de metal ao longo da pista estão lá para conter os carros, para absorver a energia do impacto e evitar transtornos ainda maiores.
Mas eles muitas vezes acabam não sendo uma forma muito eficiente de preservar a integridade física dos ocupantes de um carro. Na verdade, é frequente que as colisões com guard-rails, especialmente em alta velocidade, sejam a causa de fatalidades em rodovias. Feitos de metal, embora absorvam parte da energia do impacto, eles podem se romper, invadindo o habitáculo – especialmente se o impacto acontecer com o carro a uma velocidade superior à prevista nos testes de colisão realizados no guard-rail.
Nos EUA, por exemplo, os guard-rails são homologados para resistir a impactos de até 60 mph (96 km/h), deformando-se, afastando suas extremidades do carro e evitando que ele saia da pista. A Federal Highway Administration, organização do governo americano que regulamenta a infraestrutura das rodovias, é bem clara ao dizer que, em velocidades superiores a 96 km/h, a eficácia do dispositivo pode ser prejudicada; e que o porte do veículo também afeta sua atuação.
Para contornar estas questões, uma companhia sul-coreana chamada ETI (Evolution in Traffic Innovation) começou a desenvolver, em 2013, um novo tipo de guard-rail com roletes, que promete absorver a energia dos impactos de forma muito mais eficiência e, com isto, reduzir as mortalidades em rodovias. Olha só:
O princípio é bastante simples: os guard-rails são compostos por uma estrutura de metal e tambores feitos de EVA (Etil Vinil Acetato, o mesmo material usado em artesanato e como base de mouse pads), que convertem a energia do impacto em energia rotacional, enquanto sua superfície macia e aderente reduz a velocidade do veículo e evita que ele ricocheteie de volta para a pista causando colisões secundárias.
O método de proteção varia de acordo com o tamanho do veículo, a velocidade do impacto e o ângulo no qual o veículo atinge o guard rail. Por exemplo: em uma colisão a 20°, um carro pequeno (de até 900 kg) pode atingir a barreira e voltar para a pista sem maiores danos. Um carro maior, por sua vez, segue acompanhando a barreira e tendo sua velocidade reduzida por ela, até parar completamente.
Como o veículo não para imediatamente, e sim tem sua velocidade reduzida de forma gradual, o impacto não é tão severo, o que ajuda a preservar os ocupantes.
O espaço entre os tambores de EVA é de 70 centímetros, e o fato de serem componentes individuais garante que apenas os tambores danificados sejam substituídos, o que torna os custos de manutenção do dispositivo bastante razoáveis. Fabricados na cor amarela e com faixas refletivas, eles também são mais visíveis do que os guard rails convencionais. O guard rail, contudo, não parece considerar acidentes com motociclistas: para proteger melhor acidentes com motos, ele poderia ter alguma forma de proteção à frente da lâmina inferior que ficasse em contato com o solo para prevenir que ferimentos graves e mutilações em motociclistas.
Um dos primeiros países a empregar o sistema foi a Malásia, no início de 2017, de forma experimental. A razão para isto é o custo: ainda que a manutenção seja barata, a instalação é custosa: enquanto um guard-rail comum custa entre US$ 25 e US$ 30 por metro (de R$ 80 a R$ 95, em conversão direta), um guard-rail com roletes de EVA não sai por menos de US$ 400 (R$ 1.275). Resta avaliar se o ganho em segurança compensa o custo mais alto.