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Europa quer banir a fibra de carbono
Uma emenda elaborada pelo Parlamento Europeu visa adicionar a fibra de carbono à lista de materiais perigosos da União Europeia. A origem desse banimento vem do fato de que a UE está atualmente elaborando uma nova versão de sua Diretiva de Veículos em Fim de Vida (VLE), cujo principal objetivo é garantir o descarte a reciclagem limpa de carros no fim de sua vida útil, evitando o uso de substâncias nocivas, como chumbo e mercúrio, na produção de novos modelos.
O problema está nas partículas emitidas quando a fibra de carbono é descartada; a trituração da substância cria uma chuva de pequenas partículas e filamentos de fibra que, transportados pelo ar, podem causar curto-circuito em máquinas e causar irritação ou dor na pele humana. Esta é a primeira vez no mundo que uma entidade governamental considera a fibra de carbono um material perigoso.
Se o Parlamento adotar oficialmente a emenda, ela entrará em vigor na Europa a partir de 2029. As empresas terão que reduzir gradualmente o uso de fibra de carbono em suas indústrias. A indústria automobilística, por si só, responde por até 20% de todo o uso de fibra de carbono no mundo. E um cara pode imaginar o horror na face de, por exemplo, Horácio Pagani, Mate Rimac, e Christian von Koenigsegg, todos sediados na Europa continental.
E Gordon Murray está preocupado? No momento, não há indicação se o Reino Unido seguirá os passos da UE nesta matéria. No entanto, vale lembrar que, antes do Brexit, o Reino Unido aderiu à versão anterior desta diretiva VLE; mas não está obrigado a seguir esta nova. Mas de qualquer forma, para se vender carros na Europa, precisa atender esta diretiva, então todo mundo é afetado.

E não só os supercarros são afetados. A indústria aeroespacial, e de competição (grande no Reino Unido), seriam atingidas. Fabricantes de veículos elétricos como BMW, Hyundai, Lucid e Tesla utilizam extensivamente fibra de carbono em seus veículos hoje. A proibição da fibra de carbono pode ser desastrosa para a indústria que a produz; a maior parte sendo fabricada no Japão, seguido justamente pela Europa.
A fibra de carbono é uma indústria de US$ 5,5 bilhões em 2024, o que significa que a emenda enfrentará forte oposição dos setores aeronáutico e automotivo antes de se tornar lei. Veremos. (MAO)
Gordon Murray conta o que faz o T.50 especial
E falando em Gordon Murray, esta semana a sua empresa publicou um video de uma conversa entre Dario Franchitti, o piloto de desenvolvimento do T.50, e Murray himself. Agora com o carro em produção, metade dos 100 carros já produzidos, os dois conversam sobre o que atingiram com este projeto, que muitos chamam de F1 2.0. Não por motor dois litros; por ser a segunda versão do F1, modernizada.
E o que realmente acreditam ser o principal aqui não é a velocidade extrema, embora o carro forneça isso: é um veículo de 987 kg e com um V12 Cosworth de 663 cv. Faz o 0-100 em 2,8 segundos e chega a 364 km/h.
Não é também o fato de que, com câmbio manual e um vocal V12 aspirado que gira até 12.100 rpm e suspensões sofisticadas, é um carro cuja experiência na direção esportiva é única e diferente de todos os outros supercarros modernos.
Não: o maior feito, segundo eles, é que o carro é tão usável quanto qualquer outro veículo de quatro rodas. Não raspa embaixo: Murray diz que o vão livre é de carro normal, não supercarro. Não existe necessidade de sistema que levanta frente para entrar em garagens; ele consegue sem eles. Além disso, há proteção no nariz para caso raspe, e ainda por cima, a parte de baixo da frente pode ser trocada sem afetar a frente toda.
Aparentemente, também, passa tranquilo por quebra-molas diversos, e por mais que tentasse, Franchitti nunca conseguiu bater a parte inferior do carro rodando, mesmo em descidas e subidas consecutivas que danificam muitos supercarros.
“Prometemos não ter nada no carro que fizesse você não querer dirigi-lo”, explica Murray. Essa promessa se estende também a questões práticas, incluindo custos de manutenção, economia de combustível e até mesmo armazenamento. O T.50 consegue mais de 8 km/l em uso normal. O Top Gear conseguiu 8,63 km/l em uma viagem de mais de 1.000 km; em rodovias até 11 km/l foi atingido. A autonomia do tanque é maior que 600 km.
E tudo isso, num carro que carrega 3 pessoas, lembrem-se. No todo, um carro ainda superior ao McLaren F1 original; e ainda por cima, hoje, muito mais barato. Sim, Enzo daria boas risadas: ninguém usa um F40 para coisas normais como levar gente para cá e para lá eficientemente. Um carro especial para ocasiões especiais; usabilidade atrapalha isso, é o que o velho diria. Quem está certo? Os dois, claro. (MAO)
Situação da Lotus piora com tarifas de importação americanas

No lado oposto à Murray no espectro do supercarro, está a Lotus com seu Evija (aparentemente, lê-se “Evai-ah”). Na introdução de uma matéria sobre o carro, Jethro Bovington no canal Top Gear diz, de pé entre dois Evija: “Este é o Lotus Evija, um dos mais potentes supercarros que jamais testamos: tem 2011 hp (2038 cv), faz 0-300 km/h em 9,3 segundos, mas ainda assim… ninguém quer eles.”
A empresa diz que é o “mais leve hipercarro elétrico”, mas ainda assim, são 1680 kg, quase duas vezes o peso do T.50 de Murray. Mas este é apenas um dos problemas da empresa, a rejeição deste supercarro. Se fosse só isso, estava bom.
A empresa, agora parte da chinesa Geely, é na verdade duas: há a Lotus de Hethel, que faz o Emira, um carro esporte tradicional a gasolina, e o supercarro elétrico Evija. E existem os modelos elétricos fabricados na China, o sedã Emeya (que pesa uma Lotus e meia, se me permitem a inevitável dad joke) e o SUV Eletre. Mas nenhum Lotus, hoje, vende bem. Este é o cerne do problema.

A empresa, porém, diz agora que as coisas pioraram com as tarifas de importação impostas pelo governo americano. Diz que com isso, fica inevitável cortar 270 empregos no Reino Unido, e suspendeu os embarques do Emira para os Estados Unidos. A empresa apontou a tarifa como um dos motivos pelos quais precisa se reestruturar e afirma que buscará compartilhar melhor os recursos e colaborar com a Geely no futuro.

A empresa demitiu 94 funcionários de Hethel no fim do ano passado, e mais gente foi demitida em janeiro. Parece que a situação da Lotus fica pior a cada dia, e, aparentemente, não existe nada no futuro que possa mudar isso. As tarifas americanas não ajudam nada, mas o problema da marca continua no básico: seus produtos. (MAO)
Multimídia moderna em carro velho, com garantia de fábrica
Uma das coisas que todo mundo concorda que é melhor no carro moderno é o espelhamento do celular na tela central; ninguém mais deixa de usar navegação GPS via celular, ou músicas e podcasts via streaming. E suportes de celular quebram um galho, mas vamos falar sério: são todos ruins.
Pois bem: a Land Rover inglesa fez agora algo bem legal para quem gosta do seu velho Land Rover, mas sente falta da tela-espelho de celular. Um retrofit original de uma central multimídia para o Range Rover L322.

Sim, o L322: a terceira geração do range Rover, criada com tecnologia BMW, e que muitos creditam ser o melhor de todos os Range Rover. Alguns vão além: dois fazendeiros ingleses velhinhos que por algum motivo são famosos dizem no video abaixo que é talvez o mais útil e sensacional automóvel já criado. Não é à toa que a Land Rover quer deixar seus donos felizes: não se pode comprar propaganda desse tipo.
Por isso, a Land Rover Classic acaba de anunciar esta atualização para o Range Rover da geração L322, produzido até 2012. O novo sistema mantém todo o hardware original, inclusive a tela sensível ao toque e os botões originais do Range Rover, mas por isso está disponível apenas para Range Rovers fabricados entre 2010 e 2012. A Land Rover afirma que ele é compatível com todos os sistemas de som oferecidos durante esses anos e promete que os usuários poderão fazer uma transição “sem problemas” da interface antiga para o CarPlay ou Android Auto.

“Como todo o nosso trabalho na Classic Works, esta atualização do sistema de infoentretenimento foi projetada para se integrar ao design original do veículo e permanecer fiel às especificações do fabricante, ao mesmo tempo em que desbloqueia tecnologias mais recentes”, disse Dominic Elms, executivo da Land Rover Classic.
A Land Rover ainda não divulgou o preço, mas afirma que compradores no Reino Unido e na Alemanha receberão uma garantia de dois anos para a atualização. Esta não é a primeira vez que isso acontece: em 2022, a Porsche lançou atualizações de fábrica para o 911, Boxster e Cayenne. Mas, em vez de manter o hardware de fábrica, o sistema da Porsche substitui toda a unidade principal. Das duas formas, mais disso por favor!
Sim, você pode comprar uma central multimídia baratinha vinda de sabe-se lá onde, e comprada na internet. Mas assim, além da garantia do carro permanecer largamente original, garante-se o perfeito funcionamento, e evita-se a destruição do painel original, seu desenho, e seu chicote. Mesmo que inevitavelmente se pague mais por isso, parece uma ideia genial. (MAO)