Fala pessoal! Espero que estejam curtindo acompanhar nossa trip! Continuando a saga gearhead pela Europa, vamos falar um pouco sobre a visita ao Museo Lamborghini e sobre o que vimos de gearhead em Barcelona.
Museo Lamborghini
Antes de continuar, é interessante dizer que, quando estávamos planejando a viagem e agendamos o factory tour na Pagani, também agendamos o mesmo na Lambo, só que para o dia seguinte. Porém, optamos por deixar passar a oportunidade, pois passar um dia a mais naquela região “pacata” iria comprometer todo o planejamento do restante da viagem. Foi uma decisão difícil, mas nos contentamos em visitar apenas o Museo da Lambo assim que saíssemos da Pagani, deixando para entrar na fábrica em uma próxima oportunidade.
Assim, no final da manhã, saindo da Pagani, o novo endereço no GPS: Via Modena, 12, 40019 Sant’Agata Bolognese. O Museo Lamborghini! Chegamos na porta do museu lá pelas 13h, mas o segurança do local nos informou que só abriria dali 1h. Procuramos então um lugar próximo para fazer um lanche. Achamos um restaurante perto, todo decorado com fotos de Lamborghinis – a cidade inteira respira Lambo! Matamos um tempo ali e seguimos de volta para o museu.
Pagamos €13 para entrar no museu, que é anexo a fábrica. Não sabíamos por onde começar. É um prédio pequeno, com dois andares totalmente abertos. É só por o pé pra dentro que todos os ícones da marca aparecem na sua frente de uma só vez. Um verdadeiro teste para cardíaco, difícil escolher pra onde olhar. Decidimos olhar carro por carro, na ordem em que estavam expostos. Lá pelo segundo ou terceiro carro, uma funcionária do Museo veio até nós e fez a proposta irrecusável que tanto queríamos ouvir: “Vocês querem conhecer a fábrica? Temos um tour iniciando agora e um grupo que estava agendado faltou, portanto vocês podem entrar nesse tour, se quiserem. É só pagar a diferença”. Preciso dizer que aceitamos na hora? Pagamos os €27 de diferença, pegamos os fones que iam ser usados no tour na fábrica e nos misturamos ao pessoal que iria nos acompanhar. O factory tour não iria ficar para outra oportunidade! Iríamos conhecer onde nascem os touros mais rápidos da Itália!
Dessa vez não conseguimos ver com o que nossos parceiros de visita chegaram, mas aquela família que chegou de van Mercedes na fábrica da Pagani iria nos acompanhar novamente. Guardamos os celulares e câmeras fotográficas em um armário e entramos na fábrica.
Ao entrar no prédio da fábrica, de onde atualmente saem Huracán e Aventador, a guia nos contou que o prédio atual ainda é o mesmo de 1963, apenas foi aumentado. O espaço ocupado apenas pela linha de montagem da Huracán é o tamanho do prédio original.
Conhecemos então uma carroceria de uma Huracán. Podemos ver onde são empregados a fibra de carbono e o alumínio no monobloco do carro. Logo após, partimos para o setor de tapeçaria, caminhando por entre as duas linhas de montagem, rodeados por diversos Lamborghinis sendo montados. Ali nos foi apresentado todas as opções de couros – não são poucas – e a máquina utilizada para fazer o corte do couro. As sobras dos couros que não passaram no rigoroso controle de qualidade são vendidas para empresas que trabalham com um nível inferior de qualidade. Para trabalhar neste setor, o funcionário tem que ser formado em moda, por isso a grande maioria dos funcionários que ali estavam eram mulheres.
Os motores têm uma linha de produção à parte. Os blocos chegam prontos de uma empresa terceirizada, o restante é totalmente montado ali. Ficamos um tempo apreciando a montagem de um motor. Chega a ser hipnótico! O capricho e o cuidado que eles têm é incrível!
Apesar daquela infinidade de robôs e a linha de produção altamente tecnológica (que dá à fábrica um visual bem diferente da Pagani), tudo que agrega valor ao carro, ou seja, a montagem de peças, colocação de interior e etc, também é feito a mão. Os robôs servem, basicamente, para movimentar as peças e os carros pela linha.
A pintura também é terceirizada. Apenas uma pessoa pinta a carroceria inteira da futura macchina. São feitas de sete a 10 camadas de tinta.
Para a montagem do carro a fábrica é divida em células. Cada célula recebe um pequeno contenedor com as peças para cada carro de acordo com o pedido do cliente. A cada duas horas de trabalho os funcionários pausam para descanso e, a cada três meses, trocam de células – o job rotation, pra garantir que todo mundo tenha capacidade de fazer tudo.
O tempo de ciclo é de 45 minutos para o Huracán e 90 para o Aventador. Assim, a produção é em média de dez Huracán e cinco Aventador por dia. Bem diferente da Pagani: em dois dias, saem mais Lambos daquele prédio do que Paganis no prédio de San Cesario Sul Panaro durante um ano todo.
Depois de pronto, o veículo passa por um teste em dinamômetro durante 40 minutos, onde acelera a até 180km/h e é submetido a testes de qualidade com câmeras e lasers. O tempo de espera para a entrega do veículo é de oito meses para o Huracán e 12 meses para o Aventador.
Já nos encaminhávamos para o fim da visita, quando um certo senhor começou a fazer algumas perguntas a mais sobre o tempo de espera pela Aventador. Lembram da família que chegou de van Mercedes? Então… o patriarca reclamou para a guia que ele havia encomendado um Aventador (!!!) há mais de 12 meses e ela ainda não estava pronta. A guia apenas respondeu que logo após o término da visita iria ver o que aconteceu com seu pedido.
Ao fim da visita nos foi mostrado uma projeção do novo prédio que já está em construção e vai abrigar a linha de montagem do SUV Urus. Será próximo a fábrica atual.
Voltamos ao museu e reiniciamos o passeio. Diablo, Miura, Sesto Elemento, Réventon, um conceito moderno do Miura, Egoista, Urus e várias outras lendas… Como não há palavras para descrever o que é estar nesse lugar, deixamos a imagens falarem por si próprias:
Hora de ir embora, passamos na lojinha e compramos alguns souvenirs. Ainda tínhamos um bom trecho de estrada até Milão, onde iríamos apenas dormir para pegar o avião rumo à Barcelona no outro dia cedo.
Já na estrada, o sono começou a bater, a viagem não rendia e ainda faltava um bom trecho para chegar até o destino. Estávamos nós dois desesperados por algo que pudesse animar um pouco a viagem… Até que entramos numa pequena cidade e vimos lááá longe um senhor de uns 90 anos andando vagarosamente de bicicleta. Nesse momento bateu o espírito HueBR: colocamos um funk no último volume no som do DS, baixamos os vidros e passamos ao lado dele. Imaginem a cena. Ele olhou com uma cara de “que p**** é essa?!?!?!?!” e quase caiu da bicicleta! Coitado, mas foi a solução para o problema do sono, era só lembrar da cena que ele passava, rendeu risada pro resto da viagem!
Chegamos em Milão por volta das 22 horas, chovia bastante, quase batemos o carro ao furar um sinal vermelho (que ficava escondido atrás de uma árvore) e não achávamos o hostel de jeito nenhum. Como estava acontecendo a Expo Milano a cidade estava lotada! Não achávamos vaga para estacionar o carro perto do endereço do hostel e acabamos tendo que pagar €22 para deixar o carro em um estacionamento até as 6 da manhã do outro dia… Saímos na chuva com as malas procurando o hostel, até que o encontramos. Era um apartamento em um conjunto residencial, bem diferente dos outros que havíamos ficado.
Dormimos e acordamos cedo novamente. Fomos para o estacionamento, arrancamos os adesivos do Citroën, tiramos tudo que era nosso de dentro dele e partimos para o aeroporto. Estacionamos ele na vaga da locadora, entregamos a chave e nos despedimos do francês. Bateu até uma deprê por deixar nosso parceiro para trás… Foram mais de 2500 km de muitas histórias! Mas dali pra frente a viagem ia mudar para o melhor estilo mochileiro: vários quilômetros feitos a pé, metrôs, ônibus e companhias aéreas low cost.
Nos despedimos da Itália e pegamos o avião rumo a Barcelona!
Barcelona
Saímos da Itália na chuva e fomos recepcionados em Barcelona com um solzão! Deixamos o aeroporto para trás e pegamos o metrô rumo ao centro da cidade. Logo que começamos a caminhar pela cidade notamos uma coisa: era a terra dos Smart Brabus e motos dois tempos! Vários por toda a cidade!
Encontramos nosso hostel muito fácil! Aliás, recomendo e indico para todos que queiram um dia ir pra lá, Mediterranean Barcelona Youth Hostel. O lugar é muito bem organizado, limpo, barato e com ótima localização! E bem em frente tem um mercadinho que vende cerveja barata!
Não tínhamos um roteiro gearhead planejado para Barça. Como era nossa primeira vez na Europa, o plano era visitar os lugares mais turísticos mesmo. Então, no primeiro dia visitamos o Templo Expiatório da Sagrada Família. Lugar incrível! Só estando lá para ter a real dimensão do tamanho da construção! Tem que tomar cuidado ao caminhar, pois todas as pessoas andam olhando para cima, então esbarrar em alguém é muito fácil.
Nos dias seguintes visitamos o Park Güell, lugar projetado e também onde morava Antonio Gaudi; caminhamos pelas Ramblas; entramos no mercado público e conhecemos boa parte da cidade a pé.
Vimos alguns carros diferentes e até uma moto bem familiar durante nossas andanças pelas ruas de Barça…
Para o último dia na cidade decidimos visitar o Montjuic por indicação de uma brasileira que conhecemos por lá. Segundo ela, é uma colina que em seu topo pode-se ver toda cidade de Barcelona e a zona portuária e que valia a visita pela vista. Lá no topo tem um castelo, construído sobre as ruínas de um forte, no século XVIII.
Pegamos uma linha do metrô que ia até o pé do Monjuic e depois o Funicular para chegar até metade dela. Para subir até o topo tinha a opção de um teleférico, mas resolvemos subir a pé devido ao preço. Fomos caminhando pelas ruas e imaginando fazer uma prova de subida de montanha naquele lugar. Várias curvas, retas e um visual incrível! Se você é um gearhead mais bem informado que nós, já sacou o que descobriríamos em breve sobre o Montjuic, se não… continue lendo.
Chegamos no topo e entramos no castelo, pagamos apenas €3 pelo ingresso. Havia algumas salas contando a história do lugar. Armas, pinturas, documentos históricos, tudo muito interessante! O local já passou por várias batalhas, já foi destruído e reconstruído. Até que chegamos na última sala e assim que entramos vimos uma moto de corrida.
Começamos a olhar os painéis espalhados pela sala e descobrimos que nossa idéia de uma prova de subida de montanha era fraca. O Montjuic foi palco de corridas de F1 até 1975 e também de motos, até 1976. Inclusive, no ano de 1973, o campeão do GP de Montjuic foi Emerson Fittipaldi!
Até hoje na etapa espanhola do WRC existe uma especial de rua no Montjuic! Vejam no vídeo abaixo:
Preciso dizer que piramos quando descobrimos essas informações? Parece que tudo sempre termina em carros! Barcelona era a única cidade que não havíamos programado nada relacionado a eles, mas como despedida nos reservou o que, para nós, foi uma surpresa mais que especial!
Para finalizar a visita ao Montjuic, fomos até a Fonte Mágica. É ali que a etapa do WRC é realizada e a rua em frente a ela fazia parte do antigo circuito.
Hora de voltar ao hostel, pegar as malas e seguir para o aeroporto rumo à terra dos nossos “hate or love them”, os franceses! Nos vemos na próxima parte da gearhead trip!
Por Felippe Almeida, Project Trip #325