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Ferrari P80/C: os detalhes do mais novo track monster de Maranello

Conforme noticiamos no Zero a 300 desta segunda-feira (25), a Ferrari acaba de revelar sua nova criação: a P80/C – um carro que, de acordo com os italianos, começou a ser desenvolvido em 2015, ou seja, há pelo menos quatro anos. E o resultado é um track monster que, segundo a Ferrari, é o mais extremo e sofisticado one-off já feito pela companhia. Não haverá outro igual.

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Uma coisa é certa: a Ferrari P80/C tem um visual nada menos que matador, visivelmente inspirado por uma porção de carros de competição emblemáticos do cavalinho rampante. Mas ela também é radicalmente diferente do carro que lhe serviu como base: a Ferrari 488 GT3, versão de corrida da 488 GTB.

Sim, ao contrário do que se especulava, a nova Ferrari de pista não é baseada na LaFerrari – último flagship da Ferrari, com um V12 híbrido de 963 cv, etc e tal.

Apesar da e compartilhar a base mecânica ela é radicalmente diferente da 488 GT3. As proporções da carroceria são as mesmas, mas todos os painéis são novos. A equipe de aerodinâmica recebeu carta branca para realizar quaisquer alterações necessárias para atingir a eficiência máxima. Agora, por mais que a Ferrari diga que a função veio antes da forma, temos certeza de que ao longo do desenvolvimento a equipe de design do Centro Stile trabalhou lado a lado com o pessoal da engenharia. Por que a P80/C parece mesmo puramente funcional, mas também é muito bonita.

De acordo com a Ferrari, a maior parte da inspiração para a P80/C veio de seus protótipos dos anos 1960. O para-brisa envolvente, integrado às janelas laterais, é uma referência às Ferrari 330 P3/4 – e também é inspirado pelo visor de um capacete. Já o vidro traseiro côncavo, acima do qual fica um pequeno spoiler de fibra de carbono, remete à belíssima Dino 206 S, de 1966.

A linha do teto, e também as entradas de ar nos para-lamas traseiros, tomaram inspiração na Ferrari 250 LM, de 1964 – que foi um dos primeiros carros de competição com motor central-traseiro feitos pela companhia.

Agora, a Ferrari não diz, mas nós também conseguimos enxergar mais do que uma pitada da 288 GTO, ou mesmo da 308 GTS, dois carros que fazem parte da timeline da 488 GT3: as saídas de escoamento nos para-lamas dianteiros e o desenho do bico. Aliás, aparentemente a P80/C não tem faróis, mas isto é apenas impressão: eles estão ali, escondidos em pequenas entradas de ar.

As lanternas traseiras são bem discretas, mas não tão ocultas como os faróis: dá para vê-las integradas ao spoiler traseiro.

A traseira, aliás, é notável por ser quase inteiramente tomada por uma grade e pelo enorme difusor – uma peça muito complexa, com um spoiler no plano inferior, canards aerodinâmicos no plano superior e duas saídas de escape circulares, uma de cada lado. Além de uma terceira luz de freio no meio, inspirada pelos carros de Fórmula 1.

 

A Ferrari, como de costume, foi econômica nos detalhes a respeito das modificações aerodinâmicas. Mas eles ao menos divulgaram alguns gráficos que mostram o efeito dos elementos aerodinâmicos no fluxo de ar sobre a carroceria. Repare na imagem abaixo, por exemplo: ela mostra a Ferrari P80/C de perfil, e o nível de pressão aerodinâmica sobre cada elemento.

Na dianteira nota-se, por exemplo, o canal entre as tomadas de ar no para-choque e as saídas de escoamento no capô, que ajudam a aumentar a pressão aerodinâmica sobre o bico do carro. O mesmo vale para a asa traseira e pelo spoiler entre as lanternas. Em alta velocidade, estes elementos ajudam a colocar downforce sobre os eixos.

As saias laterais, por sua vez, ajudam a criar cortinas de ar nas laterais inferiores, o que aumenta a velocidade do fluxo aerodinâmico sob o carro. Este papel também é cumprido pelo difusor traseiro e pelo assoalho plano. Como consequência, o carro é “sugado” para contra o solo por conta da zona de baixa pressão sob o assoalho, colocando de forma simples.

Já o restante da carroceria sofre com menos pressão aerodinâmica – justamente porque o carro também precisa ter baixo coeficiente de arrasto. Veja como a maior parte da carroceria está representada em cores frias, enquanto o vermelho se concentra sobre o spoiler dianteiro e a asa traseira.

 

Por sorte, na parte aerodinâmica a Ferrari não precisou se preocupar com nenhum tipo de regulamento, diferentemente do que ocorre com a 488 GT3: a P80/C não é um carro de corrida certificado pela FIA, e foi feita sem qualquer restrição.

A Ferrari não fala a respeito do motor e nem dá números, mas é bem provável que o conjunto mecânico seja o mesmo da GT3 – uma versão de aproximadamente 660 cv a 7.000 rpm do motor V8 3.9 biturbo da 488 GTB, acoplado a uma caixa sequencial de seis marchas. É menos potência que a versão de rua, que tem 670 cv (e câmbio de dupla embreagem), por exigência da FIA para a categoria GT3. O interior também é praticamente idêntico ao da 488 GT3, exceto pelas extremidades do painel de instrumentos e os revestimentos de porta, além da forração azul nos bancos de competição.

Entretanto, como estamos falando de um ambiente sem regras, é bem possível que o V8 biturbo 3.9 tenha passado por algumas modificações – mudanças na pressão dos turbos, reprogramação na ECU, retrabalho de fluxo. Não ficaremos surpresos se a P80/C tiver algo entre 700 e 750 cv, na prática. Torcemos para isto.

A Ferrari P80/C foi criada em colaboração entre a fabricante e um de seus revendedores – um homem conhecido como Mr. TK Mak, dono da concessionária Ferrari em Hong Kong, que também se envolveu nas decisões estilísticas do carro. Seu propósito é acelerar nos eventos de pista que a Ferrari promove a seus clientes – track days e corridas onde os proprietários das Ferrari mais exóticas e rápidas do planeta podem colocar seus carros para fazer o que eles foram feitos para fazer.

Por outro lado, não duvidamos que o Mr. TK também aproveite a P80/C para tornar o showroom de sua concessionária, a Blackbird Ferrari, ainda mais interessante. Abaixo, o showroom:

A própria Ferrari desenvolveu para ela um sistema que permite que se troque o painel traseiro “de corrida” por uma peça mais discreta, sem a asa elevada. Ainda não a vimos assim e, por enquanto, nem fazemos tanta questão.