A Fiat Strada é um produto brasileiro, desenvolvido pela divisão mineira da fabricante italiana. Ela foi feita sobre o Fiat Palio sob medida para o nosso mercado da década de 1990, no qual carros pequenos eram a norma (mais do que hoje, talvez) e precisavam desempenhar todo tipo de tarefa. Orgulho nacional? Nem tanto, porque é um projeto com mais de 20 anos. Mas certamente a Fiat pensou bastante antes de decidir substituí-la (o que deve acontecer só neste 2020, mais de duas décadas depois do lançamento), pois ela é eficaz para a proposta e vende muito bem.
Talvez você seja um dos muitos entusiastas de picapes pequenas que existem no Brasil – daqueles que enxergam na Strada mais do que um simples veículo de trabalho. Mas você provavelmente nunca pensou nela como um carro de drift… sim, vamos começar o ano com uma FIAT STRADA DE DRIFT.
Não, infelizmente este carro não está no Brasil. A Strada pode ser um projeto nosso, mas ela foi vendida em outros países – em especial no Leste Europeu, onde a Fiat é uma das fabricantes com maior presença e tradição desde a década de 1960, mas a picape também é vendida na porção ocidental da Europa, na América Central, na África do Sul (onde foi produzida localmente pela Nissan) e na Ásia.
Os carros vendidos no Leste Europeu eram fabricados no Brasil, e havia até uma versão a diesel – cujo motor também era fabricado aqui, mas não oferecido em nosso mercado por razões legais. Atualmente a Rússia e os países próximos só têm a Fiat Fullback, uma Mitsubishi L200 rebatizada, como opção de picape da fabricante. Mas a Strada já foi muito popular por aquelas bandas.
E foi um dos vários exemplares da Strada europeia que o piloto de drift tcheco Krystian Morawietz decidiu transformar em seu carro de competição.
Seria realmente muito bacana ter todos os detalhes do build, e a gente procurou. Entretanto, há pouquíssima informação além de algumas fotos e vídeos – além do motor usado: um V8 small block LS3 da GM, escolha popular entre os drifters dos EUA e de outros países por sua robustez, sua ampla oferta de componentes de preparação, e por suas dimensões relativamente compactas.
Também temos os números básicos, disponíveis em um site que traz os registros dos pilotos que competem na região: 450 cv e 61,2 kgfm de torque. São números até que conservadores para o potencial de um LS3 bem montado, e também considerando que muitas máquinas de drift por aí costumam ter quase o dobro. Mas… estamos falando de uma picape derivada do Palio, com 4,5 metros de comprimento, 2,7 metros de entre-eixos e 1.100 kg.
O motor, ao que parece, foi mantido na dianteira, mas o sistema de arrefecimento foi todo transplantado para a caçamba para deixar a distribuição de peso mais traseira e ajudar a aproveitar o momentum nas curvas para fazer as rodas desgarrarem. E, naturalmente, o ângulo de esterçamento das rodas dianteiras foi aumentado, a suspensão foi toda refeita (repare nas bitolas bem mais largas) e reforços estruturais foram instalados – o que, na prática, faz deste carro pouco mais que uma “casca” de Strada com 450 cv à disposição do pé direito. O visual do carro, como é tradição no drift, não é refinado. Capricho no acabamento é para carros que não passam a vida raspando em guard rails, afinal.
Bacana mesmo é vê-la ao lado de medalhões do dorifuto, como o BMW Série 3 (no caso das fotos, o E30 e o E46) ou o Nissan SIlvia. Mesmo que uma Strada de drift não tenha um simbolismo tão grande para os europeus quanto para nós, brasileiros.
Sugestão do FlatOuter Gustavo Nogueira. Foto de abertura por JadarFoto.