Bom pessoal, quero agradecer a todos que estão gostando do projeto #36 Fiat Tempra V6 3.0 24V Quadrifoglio Verde, suas opiniões, sejam elas negativas ou positivas são de extrema importância para mim. Neste post quero tirar algumas dúvidas que surgiram no post anterior antes de continuar a evolução do projeto.
Em relação à Tempra SW; a mesma não poderia ser usada como um carro normal, pois o leilão a vendeu como sucata, e como funciona isto ? Simples, o DETRAN dá baixa no carro, ou seja, o carro é “deletado” do sistema do DETRAN, e não pode em hipótese nenhuma voltar a circular, a não ser que seja de forma irregular e ilegal. Quando o DETRAN faz a baixa do veículo ele recolhe as duas placas e recorta a parte da lata onde fica gravado o chassis, desta forma o carro está literalmente “morto”, servindo assim apenas para a retirada de peças, e nada mais.
E como muitos aqui gostam de peruas e questionaram o porquê, de não usar a SW como carro principal do projeto; essa também é muito simples de ser respondida. O projeto só começou por conta do amor que eu tinha e tenho por este exato Tempra. Ele foi o carro que eu aprendi a admirar desde adolescente quando meu pai foi buscá-lo ainda sem placas e com plásticos nos bancos, foi o carro no qual eu aprendi a dirigir, sendo de fato o meu primeiro carro e foi o carro que fez o transporte durante anos da minha família, então ele não é apenas um carro, ele É um membro da família, se não fosse por ele este projeto não existiria.
A SW foi comprada como sucata apenas com o intuito de fornecer peças, ou melhor, o focinho, ou seja, ela foi apenas mais uma peça de tantas outras que eu comprei e continuo comprando para que o projeto pudesse desenvolver-se e nada mais. Espero ter esclarecido as dúvidas principais, agora voltemos à nossa novelinha.
Voltando para a parte da funilaria, surgiu o seguinte dilema, realmente por fora os carros eram iguais, mas por dentro não tinha nem um parafuso igual. Não era uma tarefa impossível, mas para que o funileiro conseguisse um alinhamento perfeito ele precisava que as peças de latarias estivessem integras; como no caso da SW eu não tinha certeza, resolvi não arriscar e acabei comprando tudo novo, para que o alinhamento ficasse o mais próximo do ideal. Então comprei (o par de pára-lamas de SW, capô, o par de faróis, o par de setas, grade, painel frontal de SW e um pára-choque) todas peças novas, as peças de SW foram um parto para achar, mas depois de muito procurar eu consegui encontrá-las.
Com as peças em mãos, começou o processo de união das partes. Foi necessário quase um mês de serviço, tentando alinhar a frente de SW com a traseira de Tempra. Depois de muito custo é alguns contra tempos inesperados o Tempra finalmente parecia um Tempra novamente e como o carro já estava na funilaria, aprovei para instalar a estrutura de teto solar que era do Alfa Romeo 164. No dia da entrega eu estava igual criança quando ganha um brinquedo, não conseguia guardar à alegria dentro de mim, finalmente o passo mais complicado (eu achava) estava concluído, era hora de prosseguir com o projeto. Lembrando que esta primeira funilaria foi somente para a união das duas partes, o acabamento ainda está grosseiro, no futuro virá à funilaria completa, com acabamento sem massa.
Coloquei o Tempra na prancha e o levei para casa. Por fora todos que olhavam não conseguiam distinguir o que havia de diferente, a não ser as portas de cores diferentes (duas dianteiras de SW e duas traseiras de Tempra). Tirando isso, o carro passava tranquilo como um carro normal. Significava que o serviço tinha ficado muito bom e que a minha idéia não era tão maluca assim.
Logo que o carro chegou em casa, comecei a procurar oficinas que pudessem fazer a instalação do V6 e posso afirmar que essa foi à parte na qual eu fui mais esnobado pelas pessoas e oficinas da qual eu passei. Sempre que eu chegava a uma oficina apresentando a minha idéia, ou de cara recebia uma resposta negativa sem nem fazer algum tipo de analise ou era taxado de louco, sem contar os que afirmaram que tal feito era impossível. Aí vocês podem estar pensando: provavelmente ele deve ter procurado oficinas comuns! Antes fosse, cheguei a ir a oficinas ditas como preparadoras aqui de BH, uma delas até faz carros para correr no Mega-Space (pista de arrancada aqui de BH) e mesmo assim minhas tentativas foram em vão.
Sendo assim voltei cabisbaixo para casa e com a possibilidade de parar o projeto por não haver pessoas com habilidades necessárias para fazer o meu swap, isso claro, em Belo Horizonte. Fui dormir extremamente chateado pra não dizer puto, com o que eu havia escutado, quase não dormir durante a noite, só pensando nas possibilidades e alternativas que eu teria. No dia seguinte, apesar de ter dormido pouco, eu acordei muito bem e extremamente disposto a continuar o projeto, afinal o Brasil era grande, pode ser que em Belo Horizonte não tivesse uma pessoa que comprasse a minha idéia, mas em outro lugar haveria, e os mais prováveis seriam em São Paulo ou Brasília.
Comecei a procurar na internet trabalhos de swap feito por oficinas nestas duas cidades, e por coincidência, nesta época o Juliano Barata postou uma reportagem no finado Jalopnik sobre o seu Dart, onde ele havia levado o carro em uma oficina chamada EBTech, que fazia desenvolvimento de projetos automotivos entre outros; no caso do Juliano seria uma Gaiola/Santo Antônio. Naquele mesmo post o Juliano citou um dos projetos deles, que era um Fox com motor VR6 central.
Foi a gota d’água para saber que meu carro tinha mesmo que ir para São Paulo. Nesse meio tempo comecei a pesquisar quanto ficaria o transporte de BH pra SP e não era nada barato, o que me desanimou um pouco, mas nada que uma apertada nas contas não permitisse tal viagem. Por coincidência num post do Jalopnik alguns dias depois apareceu que a EBTech estava fazendo um curso sobre projeto de veículos especiais, não pensei duas vezes e me matriculei, afinal era mais fácil e barato eu ir do que o carro.
A espera e a ansiedade pelo dia do curso eram grandes, afinal eu queria saber o que o curso e quais as informações poderiam me agregar idéias e conhecimentos. Chegou o grande dia, o curso seria no sábado durante todo o dia, peguei um avião em BH com destino ao aeroporto de Congonhas (SP), pois seria mais fácil e perto para chegar até a oficina, mesmo assim eu chegaria no horário de inicio do curso no prego.
Peguei uma táxi na porta do aeroporto e fui direto para a EBTech, chegando lá descobri que o taxista me enfiou a faca: num trajeto que daria no máximo R$ 50,00 eu acabei pagando quase R$ 90,00, mas já tinha ocorrido e não poderia ficar lamentando.
O curso durou todo o sábado e foi excelente, alguns dos dados apresentados eu já conhecia, mas não sabia como era a parte técnica deles, outros dados foram totalmente novos para mim. Além disso, foi muito interessante descobri que um dos donos da EBTech que se chama Fábio Birolini, foi o projetista e idealizador o Lobini H1, o último esportivo nacional.
Conversei bastante com ele sobre o meu projeto, e ele me deu muitas dicas sobre o que eu poderia ou não fazer. No meio desse bate papo eu comentei sobre a instalação do motor e se seria algo muito complicado, ele me disse que com o que ele havia ensinado sobre moldes eu conseguiria fazer sozinho, mas se fosse complicado era só passar as medidas que ele desenvolveria e enviaria para mim.
Pronto: eu estava no céu, havia conseguido de forma fácil e com muito conhecimento agregado uma solução para a instalação do motor V6 no Tempra sem precisar levar o carro a nenhum lugar. O curso acabou às 19h e pouco, meu vôo era às 21h, teria que pegar um taxi, e ser assaltado de novo, rsss, mas ao invés de ir de taxi o Fábio Birolini, muito gentilmente me levou para o aeroporto a bordo de um Lobini H1, detalhe, eu nunca nem tinha chegado nem perto de um, quanto mais andar, e posso afirmar, que sensação boa, o carro puxava muito, e o barulho da turbina enchendo era animal; cheguei ao aeroporto de Congonhas muito rápido. Peguei meu vôo para BH e finalizei meu sábado, cheio de conhecimentos técnicos e novas idéias.
No domingo mesmo, já comecei a por a mão na massa e ver como poderia ser a instalação do motor no cofre do Tempra, de cara o motor entrou com uma folga surpreendente, ao contrário de quando tentei colocar o V6 na frente original do Tempra, agora estava até parecendo que o V6 havia sido feito para o Tempra.
Como o Alfa doador era automático, (o cambio automático da Alfa 164 é tão grande que parece um motor de Uno) e eu não queria que o Tempra fosse automático, acabei comprando uma caixa manual de Alfa 164, que se parece muito com a caixa do Marea Turbo e Tempra Turbo; praticamente é a mesma caixa, mas com alguns detalhes diferentes principalmente a forma como são fixados nos carros.
Para uma melhor fixação no Tempra resolvi usar os pontos e coxins de fixação originais, que neste caso agora, são da Tempra SW que são os mesmo usados pelo Fiat Marea. Em uma futura manutenção fica mais fácil de encontrar tais peças. Motor e caixa foram acoplados e alinhados na posição que deveriam ficar no carro, faltavam apenas a confecção dos moldes e a fabricação dos suportes para finalizar a instalação do motor.
Por Diógenes Moreira, Project Cars #36