Um hot hatch de quase 400 cv e tração integral é algo muito próximo do paraíso sobre rodas – e se você se lembra da nossa avaliação do Mercedes-Benz A45 AMG no autódromo da Capuava, sabe bem que essa configuração é um serial killer de esportivos em potencial. Sabendo disso, a mais que tradicional preparadora alemã ABT Sportsline, sediada em Kempten, chegou à conclusão que 300 cv não eram suficientes para o Golf R. E todos nós ficamos particularmente felizes com a consequência.
O Golf R original de fábrica já é algo mais que especial: ele tem o mesmo EA 888 2.0 turbo do nosso GTI, mas redimensionado para empurrar 300 cv em vez de 220 cv. Contudo, o grande barato da versão R é o sistema de tração integral com diferencial Haldex, que deixa o seu peso melhor distribuído e transmite os 38,7 mkgf de torque a 1.800 rpm com muito mais eficácia para o asfalto, resultando em uma dinâmica ainda mais equilibrada e saídas de curva bem mais velozes.
Tecnicamente, o que a ABT fez é uma versão própria e mais mundana do conceito Golf R Evo, com também estimados 370 cv, que deverá ser apresentado no Salão de Pequim, em abril. De acordo com informações da inglesa Autocar, o Evo trará teto e alguns outros painéis de fibra de carbono, com visual mais agressivo, e interior aliviado. O ABT Sportsline não: as modificações se limitam à programação do motor e alguns itens de personalização.
Vamos começar pelo o que interessa – até porque tem coisa boa até para os donos de GTI daqui.
No ABT Sportsline, o módulo original do motor recebe uma extensão tipo piggyback, o ABT Engine Control, que passa a gerenciar a injeção, a ignição e a pressão do turbo com seus próprios mapeamentos. Com o componente, a potência do 2.0 turbinado EA888 TSI salta de 300 para 370 cv – mas o mais impressionante é o fato de a faixa útil se manter exatamente a mesma: potência máxima entre 5.500 e 6.200 rpm, torque máximo (que pulou de 38,7 mkgf para 46,9 mkgf) entre 1.800 e 5.500 rpm. Veja como os ganhos (em vermelho) são absolutamente lineares nas curvas de torque (esquerda) e potência (direita):
Com a força extra, a velocidade máxima passa de 250 km/h para 265 km/h e o zero a 100 km/h baixa de 4,9 s para 4,5 s. Mas a gente sabe que os ganhos em modificações deste nível trazem muito mais do que quatro décimos na aceleração ao piloto. Com 70 cv e 8,2 mkgf de torque a mais dentro da mesma faixa útil de rpm, é literalmente como se o Golf R da ABT tivesse um motor maior. Os ganhos palpáveis, os que realmente importam, serão sentidos nas retomadas e principalmente nas saídas de curva – lembrando que o Golf R tem tração integral.
Agora, quer o golpe de misericórdia? Com o módulo, o motor mantém exatamente o mesmo grau de emissões de CO2 (159 g/km), se enquadrando totalmente dentro da Euro 6. Na relação de emissões por potência, o registro até cai, de 0,9 g/hp para 0,7 g/hp. Mais ainda: a ABT mantém a garantia de dois anos do fabricante e inclui a sua própria, de 100.000 km – com direito a suporte móvel e carro-reserva no primeiro ano. Alemães não sabem brincar em serviço…
A ABT vende o módulo separado por 2.349 euros (!), mas vale lembrar que este componente é exclusivo para o Golf R. Para os donos de Golf VII GTI (como o que é vendido por aqui), a preparadora oferece um módulo que aumenta a potência de 220 cv para 290 cv e o torque salta de 35,6 mkgf para 42,8 mkgf. O preço do kit é o mesmo – se você se interessou, confira neste link.
Além do módulo, o Golf R ABT Sportsline traz novas saias e para-choques, nova grade e aerofólio traseiro. O preço do carro completamente personalizado ainda não foi divulgado, mas pode-se ter uma base pelo preço de alguns componentes que a ABT vende separadamente:
Módulo ABT Engine Control: 2.349 euros (mão de obra: 175 euros)
Capas de espelho de fibra de carbono: 190 euros (mão de obra: 55 euros)
Rodas e pneus: conjunto (há várias opções, de aro 18 a 20) por entre 2.500 euros e 4.739 euros
Tapetes ABT: 140 euros
Soleiras iluminadas: 45 euros
Ou você achou que ter carro pra pegar um Mercedes-Benz A45 AMG sairia por preço de banana?