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GTA: a história e evolução de Grand Theft Auto – Parte 1

Um game com carros não precisa ser exatamente um game de corrida para se tornar um favorito entre os entusiastas. Quer uma prova disso? A série Grand Theft Auto, da Rockstar Games – popularmente conhecida como GTA.

Em GTA você pode ir a qualquer lugar e roubar qualquer carro, com um enorme mapa aberto e algumas missões para cumprir. Mas se você só quiser espalhar o caos e brincar com os cheat codes, vá em frente. Você pode se divertir por anos sem cumprir qualquer missão – há sempre muita coisa para explorar, muitas loucuras para fazer e muitos carros para acelerar.

Isto é especialmente verdade quando falamos dos títulos mais recentes. A capacidade de processamento dos novos consoles e computadores deixaria boquiaberta uma versão sua de dez anos atrás que conseguisse nos visitar com uma máquina do tempo. Aliás, a tecnologia em geral evoluiu tanto nos últimos dez anos que não nos surpreenderíamos se alguém já tivesse inventado uma máquina do tempo e a estivesse escondendo do resto do mundo, só esperando o momento certo.

Enfim, divagamos. O que queremos dizer é que, apesar de os games recentes serem verdadeiramente épicos e muito bons, os títulos antigos de GTA também são clássicos e inovadores, cada um a seu modo. Pensando nisso, decidimos montar uma retrospectiva especial de Grand Theft Auto. Vamos lá?

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Sim, é a Trump Tower, prédio do atual presidente eleito dos Estados Unidos

Era o começo dos anos 2000, e eu já havia jogado Vice City em uma daquelas lojas de games clandestinas onde havia alguns consoles e você pagava R$ 1 por meia hora de diversão. Eu não tinha um PS2 na época, só um PSOne, e um dia topei com GTA 2 na banca de jornais onde costumava comprar jogos. Sabia que não seria tão legal e realista quanto Vice City, mas já era alguma coisa, e eu não precisaria mais sair de casa para jogar GTA.

Comprei o CD (custava R$ 5), fui para casa e liguei o videogame. E, não vou mentir, nos primeiros minutos fiquei meio decepcionado.

Acostumado com os gráficos tridimensionais em 32 bits, estranhei aquele game em 2D, com toda a ação vista de cima, bonecos pequenininhos e carros que pareciam ser da década de 1930, apesar de o jogo se passar no fim da década de 1990.

O primeiro GTA foi lançado em outubro de 1997 para MS-DOS e Windows, em 1998 para PlayStation e em 1999 para Game Boy Color. Os gráficos em 2D com vista aérea parecem limitantes no começo, mas você não precisava de mais que meia hora para deixar de se incomodar com eles e se concentrar na jogabilidade. E, no fim das contas, a vista aérea era até interessante, pois a visão que se tinha dos arredores era privilegiada.

A jogabilidade era simples, e isto também era uma vantagem. Simples mesmo: você só precisava roubar um carro e usá-lo para cometer crimes e tentar a trair a atenção da quadrilha local, que então te ofereceria um serviço e lhe daria um belo aumento. Naturalmente, você também precisava fugir da polícia.

Este conceito continuou sendo a base de todos os outros títulos desde então. Mas não foi só isto, pois diversos elementos que também apareceram nos games seguintes foram inaugurados no primeiro GTA. Olha só:

  • Já era possível ir para qualquer lugar do cenário (com restrições técnicas, claro), e você já podia escolher entre estações de rádio diferentes.
  • As três cidades do jogo, Liberty City (inspirada em Nova York), Vice City (inspirada em Miami, claro) e San Andreas (inspirada na região sul da Califórnia) também reapareceram em games posteriores.
  • As missões também eram opcionais, ainda que, caso você quisesse subir de nível e liberar todas as cidades, era preciso concluir ao menos algumas delas para ganhar mais pontos e dinheiro. Assim como nos games seguintes, você aceitava missões ao atender uma ligação telefônica (de um orelhão, não do celular).
  • Havia modelos de carros diferentes, com desempenho diferente e características dinâmicas exclusivas. E, assim como nos games mais modernos, eles também iam ficando destruídos com as colisões, e até podiam explodir caso você abusasse demais deles.

Além disso, a simplicidade gráfica era compensada pelo capricho em outros aspectos: os efeitos sonoros eram incríveis para a época, com roncos de motor convincentes, palavrões, gritos dos pedestres e até detalhes como o “bip” de um caminhão andando de ré.

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O mapa de Vice City no primeiro GTA

Lançado em 1999 para Windows e PlayStation, e em 2000 para Sega Dreamcast e Game Boy Color, GTA2 seguiu boa parte da receita do primeiro jogo. Alguns elementos foram modificados, claro: a cidade onde o game se passava agora se chamava “Anywhere, USA” (“Qualquer Lugar, EUA”), e a ambientação era toda retrofuturista – por isso os carros pareciam vir dos anos 30, mas eram muito mais rápidos.

1369 - Grand Theft Auto 2 (USA) - Grand Theft Auto 2 - 7 - Action Adventure - 25-10-1999

Admita: a capa é muito legal

A crítica, no entanto, talvez não tenha curtido a falta de inovação. A imprensa especializada da época considerou GTA2 “mais do mesmo”, sem melhorias técnicas sensíveis e, pior, sem o fator novidade. Por outro lado, as vendas foram tão boas quanto as do primeiro GTA e o sucesso estava garantido.

GTA 2 era um game bem parecido com o primeiro e, por isso mesmo, muito bom. Foi fácil, no início, ignorar os gráficos simples e, com o passar do tempo, aprendi até a gostar deles. O público também gostou e, no fim dos anos 2000, os gamers estavam loucos para roubar mais carros, matar mais pedestres, fugir mais vezes da polícia e ganhar mais dinheiro do crime organizado.

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Isto acabou se tornando um problema na década seguinte, quando GTA se tornou um game completamente tridimensional e seu realismo começou a preocupar os pais e autoridades. Os meus, inclusive, pois de alguma forma eu poderia me tornar um ladrão de carros envolvido com o tráfico só por jogar Vice City.

Mas nós vamos falar da revolução 3D, de GTA Vice City e de todas as polêmicas na próxima parte deste especial!