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Projetos

Isto é um dinamômetro disfarçado de simulador para carros de verdade

Sempre falamos aqui no FlatOut sobre simuladores de corrida. Dos mais básicos, como Gran Turismo Forza (que, para muitos, nem deveriam ser chamados de simuladores), aos completos e realistas, como rFactor, iRacing ou Assetto Corsa. E ainda há os cockpits dos sonhos para qualquer petrolhead, como o CXC Motion Pro II e seu sistema de amortecedores para imitar os movimentos de um carro de verdade na pista.

Existem cockpits feitos em casa que usam peças de carros de verdade, e não dá para ficar mais realista do que isto sem usar um carro de verdade em uma estrada ou pista de verdade. Ou dá? Aparentemente, dá sim — colocando um carro de verdade para correr em um ambiente virtual.

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É exatamente esta a ideia do simulador TS8000, da empresa australiana TAG Systems: acelerar um carro de verdade sem todo o risco envolvido, em uma experiência tão imersiva que confunde os sentidos e pode até causar um mal estar temporário. Mas é só nos primeiros minutos: depois, você fica realmente convencido de que está realmente dirigindo.

Não exageramos quando dizemos que o TS8000 é, em essência, um dinamômetro disfarçado de simulador: o princípio de seu funcionamento é baseado nos dados de aceleração, frenagem e direção do carro que fica sobre os rolos. Em seguida, o software — desenvolvido pela Tag Systems especialmente para seu simulador — ajusta a velocidade e a dinâmica do carro de acordo com estas informações em tempo real. É, literalmente, como se um carro de verdade fosse colocado no meio de um videogame.

O TS8000 pode ser programado para diferentes finalidades. É possível usá-lo para aulas práticas de direção ou simplesmente para curtir um passeio em uma estrada montanhosa — em ambos os casos, na segurança de um ambiente fechado, em um carro que não sai do lugar mas, ainda assim, pode ser levado ao limite.

Há, até mesmo, um modo de “arrancada”: apenas você e uma longa reta livre. Você acelera ao sinal de largada e, no fim dos 402 metros, são exibidos na tela à frente não apenas o tempo e a velocidade no final, mas também os dados de potência e torque do carro — afinal, é um dinamômetro.

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O TS8000 já está por aí desde 2011, quando foi lançado pela Tag Systems e, na verdade, deveríamos ter falado dele antes. Em um artigo da Motor Trend feito na época do lançamento, a empresa afirmou que um de seus maiores objetivos com o simulador era justamente substituir os perigosos rachas em vias públicas, oferecendo a mesma descarga de adrenalina, porém eliminando todo o risco envolvido — e, obviamente, as infrações de trânsito cometidas. De acordo com a Tag Systems, as presilhas que mantém o carro preso no dinamômetro são patenteadas e totalmente seguras — é impossível que o carro se solte e cause um acidente.

Mas não é para isto que você quer usá-lo, claro. Jay Leno, por exemplo, ficou embasbacado com a experiência quando testou o simulador usando seu próprio Chevrolet Corvette C6. “É meio alarmante porque eu estou dirigindo e olho para o velocímetro e ele marca 250 km/h, e o conta-giros marca 6.000 rpm e eu estou em sexta marcha e tem um cara de pé bem ali do meu lado. AAHH! Te pega mesmo de jeito. É divertido porque você está mesmo dirigindo o carro”.

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Para convencer o dono de uma das coleções de automóveis mais fantásticas do planeta (duvida? Olha aqui!), a experiência precisa ser mesmo bacana. Bem, em termos de hardware, é difícil discutir: o carro é preso a um dinamômetro capaz de suportar carros de até 1.100 cv e com até 4,5 toneladas. A tela é composta por três monitores de 4×2,25 metros que proporcionam um ângulo de visão de 200°, garantindo a maior imersão possível.

Os cenários variam de acordo com a finalidade. Além da pista de arrancada na cidade, é possível dirigir por uma cidade (com ruas baseadas em cidades famosas da Austrália), estágios de rali, em uma Autobahn alemã, ou circuitos como Mount Panorama, Monaco e Albert Park.

A modelagem tridimensional ficou por conta da própria equipe de artistas digitais da Tag Systems e, em tese, nada impede que novas localidades sejam adicionadas.

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É claro que, como todo simulador, nem tudo é 100% igual à realidade. Ainda que o carro esteja sujeito à inércia da aceleração e das frenagens, mas nada que possa reproduzir as forças G às quais o corpo do piloto é submetido em uma pista de verdade. Além disso, o sistema de direção — que pode usar sensores a laser ou um potenciômetro para medir o ângulo das rodas — é sensível demais, o que dificulta a vida do piloto na hora de guiar com precisão. No mais, achamos que um simulador não pode ficar mais realista do que isto.