Quando topamos com a imagem acima pela primeira vez, tomamos um susto: cara, isto realmente não é uma foto. E temos certeza de que, caso não tivéssemos avisado, talvez você ficasse até agora achando que se trata de uma foto.
Mas não é nada disso: trata-se de uma pintura em acrílico sobre tela feita por um cara chamado Luis Perez. Ele nasceu na Espanha em 1978, formando-se em história da arte na universidade de Valladolid. Em 2004, mudou-se para Londres, percorreu a Europa e, em 2008, voltou para a Espanha. Mas esta é só a parte, digamos, desinteressante de sua biografia.
Perez sempre foi aficionado por fotografia e, na verdade, diz que esta foi sua primeira paixão. Durante boa parte do tempo em que viajou pela Europa, ele aproveitou para retratar paisagens urbanas com sua Nikon — algo que continua fazendo sempre que viaja pelo mundo expondo seus trabalhos. O que importa, no entanto, é que suas fotografias servem como referência para suas obras mais impressionantes: suas pinturas hiper-realistas.
A proposta de Perez com sua pintura é reviver o Regionalismo, estilo americano que costumava retratar cenas dinâmicas da vida urbana e rural, que foi muito popular entre os anos 1920 e 1950. O Regionalismo também é conhecido como “Americana”, e tem pinturas como American Gothics (Grant Wood, 1930) e Nighthawks (Edward Hopper, 1942) entre as obras mais famosas.
Esta é a hora em que você pensa “poxa, que bacana, FlatOut. Mas o que isto tem a ver com carros?”. Se você reparar na que abre este post, certamente vai entender rapidinho. É notável a influência das pinturas regionalistas nos quadros de Perez — paisagens urbanas, quase sempre desertas, cujo destaque fica para o realismo nas formas e o trabalho impressionante com cores e luz.
No entanto, o artista espanhol é declaradamente entusiasta. Por isso, ele faz questão de transformar os carros nos elementos principais de seus quadros. Agora Perez tira fotos para reproduzir como quadros. Ele costuma tirar várias fotos do mesmo local ao longo do dia e escolhe a que traz a melhor iluminação — às vezes, modificando os modelos dos carros que aparecem para refletir melhor suas preferências automotivas. O realismo é realmente impressionante — repare nos reflexos dos prédios neste Porsche 911:
Aliás, os Porsche estão entre os favoritos de Perez. Quando ainda era criança, ganhou um 911 em escala 1:18 vermelho — mesma cor do 911 SC que ele usa quase diariamente hoje em dia (seu outro carro é um Porsche Macan). Aliás, sua primeira pintura hiper-realista retrata justamente um Porsche 356.
O Porsche 911 964 vermelho acima é o carro de Perez
Desde então, os Porsche estão entre os “modelos” retratados com mais frequência por ele — às vezes, como tema principal de um quadro, outras, como meros integrantes da paisagem. Mas eles não são os únicos: olha como o vermelho da Ferrari 348 traz vida a este cenário urbano:
É preciso reparar bem para enxergar as pinceladas e notar que se trata de uma pintura
A precisão nas formas e reflexos é mesmo de cair o queixo. Perez gosta de trabalhar em telas grandes, com pelo menos cinco metros quadrados, para conseguir pintar a maior quantidade de detalhes possível. Ele diz que, trabalhando em um único quadro, de segunda a sexta-feira, seria capaz de completar uma pintura a cada duas semanas. No entanto, ele raramente o faz, preferindo trabalhar em vários quadros ao mesmo tempo.
Desde que “deixou” de ser fotógrafo para se tornar pintor, Luis Perez já mostrou suas obras em mais de 50 exposições pelo mundo e, a cada viagem, aproveita para retratar a paisagem local. Se você quiser comprar um de seus originais ou mesmo reproduções impressas, pode entrar em contato com o artista em seu site.