Não são todos os carros clássicos que têm uma data de nascimento definida — muitas vezes, falta documentação oficial comprovando o aniversário de um modelo, o que às vezes força as fabricantes a escolher uma data aproximada. Não é o caso do Jeep original, o Willys MB: para o grupo FCA, dono da marca Jeep, sua data de nascimento é 15 de julho de 1941, quando o governo dos EUA firmou o contrato para que a Willys produzisse o MB. Faz exatamente 75 anos (e, bem, quatro dias) que isto aconteceu e, para comemorar, a Jeep fez um dos conceitos mais legais que vimos nos últimos tempos.
A história, claro, começa um pouquinho antes: em 1940, o governo dos Estados Unidos viu que já era hora de substituir as motocicletas e os Ford Modelo T modificados, que o exército utilizava como veículos de reconhecimento, por algo feito especificamante para a tarefa. Então, eles soltaram um comunicado para 135 fabricantes de veículos, convidando-os para apresentar suas propostas.
O carro deveria ter algumas características importantes, como capacidade de carga de pelo menos 270 kg, entre-eixos menor que 1,90m, altura menor que 90 cm, carroceria retangular, para-brisa dobrável e tração integral com reduzida. A princípio, apenas duas fabricantes se apresentaram: a Willys-Overland e a Bantam. Depois, a Ford também se ofereceu.
Os tres veículos propostos — Bantan BRC, Willys Quad e Ford GPW — eram bem parecidos, apenas com algumas diferenças estéticas e, naturalmente, motores diferentes. O governo americano encomendou 1.500 unidades a cada uma das fabricantes, a fim de realizar mais testes e avaliações. No fim das contas, o projeto da Willys foi o escolhido, e o contrato fechado em julho de 1945 levou à produção de 368 mil unidades do veículo, então rebatizado como Willys MB, para o exército americano. A Ford ainda conseguiu sua participação no projeto, fabricando mais 277 mil unidades.
Em 1943, a Willys patenteou o nome Jeep (cuja origem desvendamos neste post) e, depois da Segunda Guerra, decidiu transformar o Jeep em um veículo civil. Foi aí que nasceu o Jeep CJ (de Civilian Jeep), que começou a ser fabricado em 1944. A partir daí, por décadas, a marca foi passando de mão em mão. Até que, em em 1987, a marca Jeep foi comprada pela Chrysler — que, hoje, pertence à Fiat Chrysler Automobiles. Naquele ano, o Jeep CJ foi substituído pelo Jeep Wrangler, que era basicamente o mesmo carro, porém com alguns detalhes diferentes, como os faróis e o para-brisa.
O detalhe é que, desde sua concepção, o Jeep sempre foi produzido no mesmo lugar — o complexo de Toledo, no estado do Ohio. Obviamente, foi lá que o Wrangler 75th Salute foi construído.
O Wrangler está em sua terceira geração, lançada em 2006. Apesar do visual mais moderno, vê-se claramente que é um carro old school — ainda que utilize suspensão por molas helicoidais em vez de feixes de molas, ele ainda tem carroceria sobre chassi, para-lamas destacados, faróis circulares e a clássica grade com sete aberturas. Nada mais justo, então, que “transformá-lo” em um Willys MB de 1941 para o aniversário de 75 anos do Jeep, não? Aliás, eles deveriam ter feito isto antes.
A versão escolhida foi o Wrangler Sport, que tem duas portas, entre-eixos mais curto e motor V6 Pentastar de 289 cv acoplado a uma caixa manual de seis marchas. Para começar, o Wrangler foi pintado de verde militar e teve as portas e capota removidas, bem como o banco traseiro. Os bancos dianteiros perderam os encostos de cabeça, e foram instalados detalhes de acabamento utilizados no Willys MB clássico, como retrovisores, revestimentos dos bancos e para-choques. As rodas de 16 polegadas imitam o desenho das originais, e foram calçadas com pneus não-direcionais de uso militar.
O resultado ficou muito bom — é o tipo de coisa que, temos certeza, muita gente faria se tivesse os meios. Depois de ser apresentado e participar das cerimônias de comemoração dos 75 anos do Jeep, o 75th Salute Concept foi levado para o museu oficial da marca. O que a gente acha? Que eles deveriam dar um jeito de presentear os fãs com o conceito — será uma pena se ele jamais chegar perto de um atoleiro…