Passada a fase de apresentação deste Malzoni GT e como ele entrou na minha vida (leia o primeiro post deste Project Car clicando aqui), vamos agora analisar a sua situação e falar um pouco sobre o planejamento da restauração.
Eu gosto muito do design dos carros antigos, mas sei das deficiências e limitações da mecânica da época, portanto, não sou daqueles puristas que não admitem nem mesmo a troca do sistema de platinado do distribuidor por sistema hall – mas também não tolero mudanças estéticas em carros antigos. Não julgo quem o faça e goste; apenas não gosto disso para um projeto meu.
Seguindo esse conceito, a intenção é restaurar o Malzoni GT em sua estética o mais próximo ao original possível, incluindo o acabamento interno. Digo possível, porque diferentemente da maioria dos veículos fora de série nacionais, o Malzoni não compartilhava muitos componentes de acabamento com carros de produção em linha nacionais, portanto, não existe mercado de peças de acabamento usadas ou aftermarket para ele. Algumas são, literalmente, impossíveis de serem encontradas.
Como exemplo disso, temos as lanternas traseiras e as setas dianteiras, itens exclusivos dele. No meu carro, nesses 35 anos desde sua fabricação, as lanternas traseiras e setas dianteiras foram substituídas por outras, não originais, conforme vemos na comparação nas fotos abaixo. As imagens à esquerda foram extraídas desta reportagem da Quatro Rodas.
À esquerda as setas originais. À direita, o meu carro: foram instaladas setas dianteiras de Chevrolet C-10
À esquerda, lanternas traseiras originais – que lembram, mas não são iguais, às do Puma. À direita, vemos que as mesmas foram “tunadas” no meu carro…
Tirando estes itens, o meu exemplar de Malzoni GT é um carro íntegro, com a maioria dos itens internos e externos mantidos quase que inalterados, o que ajuda muito na restauração. O interior dele está todo original e, embora precise de restauração, o fato da cabine não ter sido customizada ajuda muito na obtenção de material idêntico ao original para substituição da tapeçaria. A parte elétrica está um caos, como em quase todo antigo que encontramos antes de uma restauração, e deverá ser totalmente refeita. Não pretendo colocar itens modernos como faróis de LED, xenônio e coisas do tipo.
Quanto à mecânica, não há motivo para preocupações, pois o Malzoni GT utiliza a velha conhecida e confiável mecânica Volkswagen arrefecida a ar, cujas peças novas são facilmente encontradas para reposição. O meu exemplar veio com um motor 1600 com dupla carburação, muito novo. Suponho que ele tenha sido substituído recentemente. Tal suspeita será averiguada no momento oportuno. Por enquanto, meu objetivo é trilhar o caminho mais comumente utilizado para restaurações completas: funilaria, pintura, elétrica, tapeçaria e só então a mecânica.
A intenção inicial é de aumentar a cilindrada do motor boxer original para 2.000 cm³, empregar comando e carburação melhorados e cárter seco, como era feito a pedido dos clientes na época em que o carro era comercializado. Não sei se isso será feito neste momento de restauração ou após o término da mesma – tudo vai depender da vontade de andar com o carro, do orçamento e da condição do motor atual, pois se o mesmo estiver realmente novo como aparenta, talvez eu o mantenha por um tempo e depois o substitua por outro já preparado, podendo-o deixá-lo de reserva ou reaproveitá-lo em outro projeto.
Um exemplo extremo de um Fusca com motor de deslocamento aumentado para mais de dois litros
Numa análise superficial encontramos a falta do vidro da porta do carona e uma vigia lateral traseira trincada. Ambos serão refeitos em empresa especializada. Como tenho vidros existentes no carro para referência, eles poderão ser refeitos sem maiores problemas – pelo menos é o que eu acredito.
Nos próximo trinta e cinco dias, o carro passará pelo processo de restauração da fibra, com a decapagem da tinta e do gel coat existentes no carro para encontrarmos todas as imperfeições a serem corrigidas. No próximo post já terei mais fotos e informações completas sobre o estado da fibra. Obrigado pelos comentários recebidos pelo post anterior e até o próximo!
Por Charles de Marchi, Project Cars #57