Se um Mercedes-Benz Classe S de entre-eixos longo não é luxuoso o bastante, mas você faz questão de um carro da estrela de três pontas, o que você faz? Compra um Maybach. Desde que foi comprada pela Mercedes em 1960, a Maybach atua como divisão de alto luxo da companhia.
Depois de uma breve interrupção de suas atividades em 2013, devido aos impactos econômicos da crise no fim da década, a Maybach retornou em 2015 com versões ainda mais luxuosas do novo Classe S (W222). O modelo mais luxuoso é o S600 de entre-eixos longo, que nas mãos da Maybach fica ainda mais longo — de 3,16 m para 3,36 m. O motor é um V12 biturbo de seis litros e 530 cv, e os opcionais incluem coisas como bancos climatizados com massageador embutido, descansa-braços aquecidos, uma bomba no sistema de ventilação que alimenta a cabine com ar perfumado e sistema de som com 24 alto-falantes.
Uma diferença importante é que agora, a Maybach se chama Mercedes-Maybach, em uma manobra semelhante à criação da Mercedes-AMG. E o primeiro conceito a marca sob o novo nome é o Vision Mercedes-Maybach 6.
A companhia diz que o Maybach 6 é a última palavra em luxo e, para eles, isto é sinônimo de um cupê 2+2 com motor dianteiro, cara de mau, um capô gigantesco e influência dos cupês de luxo dos anos 1930 e 1940 (aos quais a Maybach se refere como aero coupés), especialmente nas proporções e nas linhas da traseira.
O nome do conceito faz referência a suas dimensões — são quase seis metros de comprimento. Mais precisamente, 5,7 m de comprimento, 2,1 m de largura e 1,32 m de altura, que o tornam muito baixo e esguio.
A diferença é que, debaixo do longo capô do Maybach 6 não há um motor. O gigantesco conceito é movido por quatro motores elétricos, e cada um deles fica em uma das rodas. Estes motores são alimentados por um conjunto de baterias de 80 kWh que fica sob o assoalho e geram uma potência total de 550 kW, o que dá cerca de 750 cv. É o suficiente para que o cupê (que não teve seu peso divulgado) acelere até os 100 km/h em “menos de quatro segundos” com máxima limitada a 250 km/h — e ainda tenha autonomia de mais de 500 km. Um dos aspectos bacanas do conjunto é o sistema de recarga rápida que, a qualquer momento, adiciona 100 km à autonomia com uma recarga de apenas cinco minutos.
O desempenho é interessante, mas não há nada exatamente inovador no conjunto elétrico e a autonomia é só um detalhe. O que deixou a gente babando mesmo foi o visual do Maybach 6. A agressividade da dianteira, com sua enorme grade e seus faróis estreitos, só é quebrada pela sobriedade da estrela de três pontas sobre o capô. As entradas de ar são até discretas perto do “bocão”, que tem o efeito colateral de nos deixar meio chateados por não existir um V12 biturbo ali atrás.
Em vez disso, o longo capô fornece espaço para um par de malas e um par de estojos de acessórios de piquenique ou “lifestyle”, como diz a Mercedes-Maybach.
As janelas são pequenas e o caimento do teto é extremamente suave. Há uma pequena barbatana que corta o vidro traseiro bipartido e quase chega até a face traseira, onde as lanternas se resumem a estreitas barras horizontais iluminadas.
Os para-lamas são relativamente musculosos e abrigam rodas gigantescas, pintadas em um tom de vermelho um pouco mais escuro que a carroceria. A Maybach não revelou as medidas, mas as rodas certamente não têm menos que 20 polegadas de diâmetro.
Ao abrir as portas (que são do tipo “asa-de-gaivota”, como no icônico Mercedes-Benz 300SL Gullwing), a visão é ainda mais impressionante: uma cabine futurista, com bancos minimalistas revestidos em branco, painel digital, volante e instrumentos “flutuantes” e um head-up display que toma toda a base do para-brisa. Uma tela curva percorre todo o perímetro da cabine, e a iluminação azul só contribui para a atmosfera “espacial” do interior, cujos únicos elementos destoantes são o revestimento de madeira no assoalho e os cintos de segurança feitos de couro.
Nada se fala a respeito da possibilidade de transformar o Vision Mercedes-Maybach 6 em um carro de produção mas, na pior das hipóteses, ele pode influenciar futuros lançamentos. Especialmente considerando o que alguns vêm fazendo com os Maybach atuais…
Enquanto isso, do outro lado de Gotham…
Normalmente a gente chama carros velozes, barulhentos e brutais de “monstros”, como demonstração de carinho. Só que, de vez em quando, “monstro” quer dizer “feio” mesmo. É o caso do monstro aí em cima, o Scaldarsi Emperor I. Depois de deformar completamente um Mercedes-Maybach S600, os caras ainda mudaram o nome dele. Sacanagem!
Do elegante Mercedes que este carro um dia foi, só sobraram a silhueta, o motor e os faróis. No mais, o carro ficou praticamente irreconhecivel com a nova grade, os para-choques dianteiro e traseiro exclusivos e a falta de discrição do acabamento. Todos os cromados foram trocados por ouro de 24 quilates e há detalhes vermelhos nas rodas, nas entradas de ar do para-choque e nas saídas de escape. Argh.
O interior manteve as formas gerais do S600, mas recebeu novos revestimentos e até um volante novo. Se você não gostou, não se preocupe: a Scaldarsi oferece 24 opções de couro, 24 opções de pele animal e 78 opções de madeira para o lado de dentro, além de 16 cores para a carroceria. E você ainda pode escolher opcionais que incluem uma taças de champanhe e bolsas personalizadas, um relógio Rolex Emperor Edition (sério) e uma chave personalizada em metal com o emblema da Scaldarsi — o rosto de um leão rugindo.
Ao menos o motor é interessante: fornecido pela Brabus, trata-se de um V12 de 6,3 litros com dois turbos e nada menos que 900 cv, capaz de levar o Emperor I de 0-100 km/h em apenas 3,7 segundos.
A Scaldarsi diz ser do Canadá, mas fica meio difícil de acreditar — os canadenses têm fama de ser muito educados e gentis, e estes caras só violentaram nossos olhos. Nos resta esperar pela estreia do Maybach 6 no Concours d’Elegance Pebble Beach, na Califórnia, no próximo dia 21 de agosto, para desintoxicar a visão.