A festa da NextEV pelo recorde do NIO EP9 em Nürburgring Nordschleife durou apenas duas semanas. Nesta última sexta-feira (26) a Lanzante e a McLaren revelaram que seu P1 LM completou a volta no Inferno Verde em 6:43,2, superando o Lamborghini Huracán Performante por 8,9 segundos e o elétrico chinês por 2,7 segundos, para se tornar o carro de rua mais rápido no circuito.
O carro foi levado a Nürburgring pela Lanzante, oficina/preparadora britânica especializada em modelos McLaren que desenvolveu um programa de conversão do McLaren P1 GTR em “street legal”, permitindo que o carro possa ser licenciado pelos Detrans de todo o mundo e seja usado em qualquer rua e estrada (ou ao menos onde for possível passar com o carro sem ficar encalhado). Isso significa que ele tem uma versão ainda mais radical do V8 3.8 biturbo da McLaren (com 821 cv em vez de 727 cv) que, somado aos 179 cv do motor elétrico, produz um total de 1.000 cv.
Além disso, o peso foi reduzido em 50 kg e, apesar dos equipamentos necessários para legalizá-lo para as ruas, a Lanzante removeu o sistema de “air jack” (que eleva o carro nos pit stops), instalou bancos ainda mais leves, parafusos de titânio e janelas de Lexan para manter a redução de 50 kg em relação ao P1 convencional. E como se não bastasse, o LM ainda usa uma nova asa traseira e um splitter frontal redesenhados, além de pneus Pirelli Trofeo R com composto desenvolvido exclusivamente para o modelo.
Foi com estas especificações que o P1 LM chegou ao Norsdchleife. Ao volante, estava o sueco Kenny Brack, campeão da Indy em 1998, vencedor da Indy 500 em 1999 e recordista da subida de montanha de Goodwood com o mesmo P1 LM.
Ao longo do vídeo é possível ouvir os pneus cantando em algumas curvas (é preciso muita atenção por causa do ponto de captação de áudio, em cima do motor) é um indicativo de que são pneus radiais em termos de projeto estrutural e curva de ângulo de deriva, porém com alguma liberalidade em relação ao composto, customizado pela Pirelli, segundo a própria Lanzante. Embora aparentemente não apresentem dinâmica de slicks, fica claro que eles estão acima da categoria do Trofeo R vendido pela Pirelli, que já é um produto road legal específico para quem anda em track days.
Outra observação importante é que apesar de ser um carro extremamente baixo, com splitter frontal mais longo e suspensão rígida (e que até bate o chassi no asfalto em alguns pontos da pista) o P1 LM não leva sua altura de rodagem ao extremo, com altura suficiente para contornar o Karusell pela parte baixa, feita de concreto irregular, enquanto o NIO EP9 precisou fazer a curva pela parte de cima, como os carros de competição, devido ao seu baixíssimo vão livre do solo.
Note também que por volta de 1:45 acontece algum tipo de pane no carro e ele dá uma engasgada na saída da Adenauer Forst. Brack chega a balançar a cabeça lamentando a falha, que certamente custou bons décimos de segundo no tempo total de volta. E isso só torna o tempo de volta ainda mais impressionante, apesar da artimanha do “superpneu” de rua.
Mas… como tem se tornado regra ultimamente, precisamos pontuar alguns fatos sobre este recorde do P1 LM.
Embora seja baseado no McLaren P1 GTR, que é uma versão especial de pista do McLaren P1, o P1 LM é uma conversão do GTR feita pela Lanzante para que ele possa ser licenciado e rodar pelas ruas livremente. A preparadora declarou até que ele voltou rodando para a Inglaterra depois de quebrar o recorde. Isso o tornaria, de fato, o carro produzido em série mais rápido do circuito.
Só que o P1 LM não é exatamente uma versão oficial, embora seja apoiada pela McLaren. Outra questão é que foram feitos apenas cinco exemplares do P1 LM, o que faz dele efetivamente um fora-de-série segundo as definições da FIA e exclui a possibilidade de ele ser considerado o recordista de Nürburgring — ainda que seja baseado em um modelo produzido em série, caso do P1 GTR.
Um carro de 6:43 em uma estrada de cascalho?
Assim, o P1 LM se tornou o recordista entre os modelos fora-de-série, e o único liberado para as ruas — ainda que seu uso em rua seja limitado por suas características de construção, como a altura de rodagem, seu splitter imenso e sua asa traseira com hastes de suporte projetadas para trás. É literalmente, coisa pra inglês ver.
Apesar de tudo isso, é realmente impressionante que um carro que pode ser emplacado e usado em uma viagem entre a Inglaterra e a Alemanha seja mais rápido em Nürbugring que modelos mais radicais como a Ferrari 599XX, o Radical SR8 e um protótipo como o NIO EP9.