Não é legal quando um lançamento é realmente uma surpresa? Sem vazamentos, galerias do carro camuflado, flagras descuidados e afins, guardando o impacto da novidade para o momento da revelação? Foi o que aconteceu com o McLaren Speedtail, que até ontem era completamente desconhecido e, por isso, causou um grande impacto e uma forte impressão no público em geral quando foi revelado na manhã desta sexta-feira (26). E ele precisava mesmo disso, afinal, estamos falando do carro que a McLaren declara como sucessor direto do lendário F1, e também o modelo mais rápido e mais potente de sua história.
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O Speedtail é o mais novo integrante da Ultimate Series da McLaren, da qual também fazem parte o P1, o P1 GTR e o Senna. A marca ainda não revelou os detalhes do powertrain, mas já antecipou que trata-se de um híbrido de 1.050 cv capaz de acelerar de zero a 300 km/h em 12,8 segundos e seguir ganhando velocidade até os 403 km/h. É provável que ele use uma versão atualizada do powertrain híbrido do P1, substituindo o V8 biturbo de 3,8 litros pelo atual 4.0, e aperfeiçoando o motor elétrico.
Sendo o sucessor do F1, ele tem espaço para três ocupantes, com o motorista sentado no meio do cockpit em posição avançada, e os dois bancos dos passageiros nas laterais, mais recuados — exatamente como o novo-clássico dos anos 1990. A ligação direta com o F1 também pode ser vista na silhueta da cabine e no perfil do carro, que tem a frente baixa, cabine avançada e traseira longa como as versões Long Tail.
A filosofia por trás do Speedtail também é, de certa forma, relacionada à do F1. Ele foi pensado para ser um “hiper GT”, o que significa que seu destino não é necessariamente um circuito de corrida, mas também uma estrada sinuosa ou as grandes rodovias usadas nas viagens transcontinentais que os europeus adoram fazer de carro.
E se no F1 havia uma obsessão de Gordon Murray em fazer um carro prático, com visual limpo e altíssimo desempenho — ainda que isso exigisse soluções inéditas, esta mesma obsessão se repete no Speedtail. Basta um olhar rápido para decretar que a McLaren não mediu esforços para reduzir o arrasto aerodinâmico. O Speedtail parece uma peça única de carbono, esculpida para não atrapalhar o movimento do ar ao seu redor — resultado de um método de construção de fibra de carbono que permite uma tolerância de 1 mm entre os painéis, e torna as junções imperceptíveis. Note também que ele não tem retrovisores: eles foram suprimidos em favor de duas câmeras embutidas nos para-lamas dianteiros.
As superfícies são fluidas e imaculadas. Há apenas uma tomada central dianteira, duas no capô e quatro dutos nas laterais, além das duas saídas de escape instaladas no topo do deck traseiro. Não há nenhum apêndice aerodinâmico – todo o direcionamento do ar é feito pelas superfícies do carro. Sejam elas fixas ou não. Digo isso porque o Speedtail tem dois spoilers ativos na traseira, mas você não consegue vê-los porque eles são integrados à carroceria e flexionam o painel de fibra de carbono quando ativados por uma das ECU do carro.
Até mesmo as rodas foram incluídas no projeto aerodinâmico: para reduzir a turbulência gerada pela rotação dos raios, a McLaren desenvolveu calotas de fibra de carbono posicionadas sobre as rodas dianteiras. Mas diferentemente das calotas convencionais, elas não se movem, mantendo o fluxo de ar limpo que, a partir dali, é direcionado pelo canal esculpido na parte lateral das portas.
Para entrar no carro, as portas diedrais parecem herdadas do 720S, porém sua abertura se estende até o teto, usando uma peça única de vidro curvo. Lá dentro o conceito do F1 é levado a um novo patamar: o quadro de instrumentos digital fica à frente do volante e é ladeado por duas telas com o sistema multimídia e controles dos itens de conforto e conveniência do carro, enquanto há outras duas telas para exibir as imagens das câmeras retrovisoras.
O seletor do câmbio e o botão de partida e outros comandos do carro (controle de tração, travas das portas e acionamento das janelas) ficam em um console posicionado acima do motorista, com uma pegada aeronáutica.
Os botões nas laterais do console operam os vidros e o fechamento das portas, para que você não precise se esticar muito no banco, afinal, você estará sentado no meio do carro. Note também que o interior não tem quebra-sois como no F1. Desta vez a McLaren adotou um sistema eletrocrômico, que escurece a porção superior ao toque de um botão.
Como o McLaren F1, o Speedtail terá apenas 106 exemplares produzidos e cada um deles será vendido por £ 1,75 milhão (R$ 8,67 milhões). Ou melhor: cada um deles foi vendido por este preço. Toda a produção já está encomendada.