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O motor Porsche 6-tempos
Um “tempo” é o pistão percorrendo todo seu curso dentro do cilindro. No antigo dois-tempos, aquele que estava em DKW-Vemag, e nas Yamahas de outrora, um tempo é o pistão subindo, onde admite ar por baixo, pelo cárter (por isso óleo é misturado no combustível), a mistura do ciclo passado é comprimida e explode via a vela; o segundo tempo é a descida, que comprime a mistura no cárter e a admite ao cilindro via uma janela, ao mesmo tempo que expele a mistura queimada por outra janela.
O quatro-tempos é mais organizadinho. A parte de baixo do pistão, o cárter, é selado e tem só óleo, e não entra na brincadeira. Uma válvula de admissão se abre, e no primeiro tempo o pistão desce e puxa a mistura para dentro. Quando sobe (segundo tempo), válvulas fechadas e é só compressão de mistura. No fim do segundo tempo, a vela acende a mistura, ela explode, empurrando o pistão para baixo, neste que é o único tempo de potência entre os quatro. Finalmente, o pistão sobe de novo com a válvula de escape aberta e os gases são expelidos para o escapamento. Lindo, maravilhoso, simples e eficiente.
Agora, apurou o site Motor 1 americano, a Porsche entrou com um pedido de registro de patente de um motor de seis tempos. Ein? Calma que é fácil de entender. Ao invés do admissão-compressão-explosão-exaustão, o ciclo da Porsche comprime e explode a mistura duas vezes: admissão-compressão-explosão-compressão de novo, explosão de novo, e só aí, exaustão. Seis tempos.
A ideia é usar mais do combustível, para mais eficiência e potência. Para isso, o motor tem também taxa de compressão variável, via uma cremalheira excêntrica onde o virabrequim roda. Taxa variável sozinha é algo que já foi muito tentado, mas aparentemente os custos não pagam o aumento de eficiência. Talvez a Porsche tenha achado um uso para ela.
Como acontece sempre neste tipo de coisa, é só registro da ideia; não quer dizer que funciona ou entrará em produção. Mas além de ser teoricamente interessante, a ideia mostra uma coisa claramente: se depender da Porsche, as notícias da morte da combustão interna são extremamente prematuras. Ainda há campo para evolução. (MAO)
Autocar abre seus arquivos; mas só por uma semana
A Autocar inglesa é a mais antiga revista dedicada ao automóvel do mundo. Continua nas bancas inglesas mesmo neste tempo onde a mídia impressa desaparece por completo; está em publicação ininterrupta, e semanal, desde 2 de novembro de 1895.
A publicação foi lançada como “The Autocar” pela Iliffe and Son Ltd. “no interesse da carruagem rodoviária mecanicamente propelida”, e quando a primeira edição foi publicada, acredita-se, havia apenas seis ou sete carros no Reino Unido! O grande Leonard “LJK” Setright sugeriu o motivo: a revista teria sido criada por Henry Sturmey como um órgão de propaganda para Harry J. Lawson, fundador da Daimler Company e jornalista da revista em seus primeiros dias.
A tradição e o conhecimento desta publicação é então enorme; simplesmente cobriu toda a história do automóvel, do começo até hoje. A revista inclusive é a inventora do teste independente, a pedra básica da revista automotiva. O primeiro teste foi em 1928, o teste de um Austin 7 Gordon England Sunshine Saloon.
É difícil até pensar em exemplos do que passou por ela, e o que está registrado em seus arquivos. Eu mesmo tenho uma estante inteira delas, mas é apenas uma pequena amostra aleatória de um universo impensável de coisas. São 129 anos de uma revista semanal!
Pois bem; o arquivo completo da revista foi digitalizado, e já está há algum tempo disponível aos seus assinantes via internet. Mas esta semana, claramente querendo amealhar mais assinantes com este acervo magnífico, ela abriu a consulta para todo mundo. Isso mesmo: é só registrar com nome e e-mail e mergulhar nele. Dei uma olhada agora pouco e quase tive uma síncope. Quantos anos levaria para ler tudo?
Mas infelizmente, a promoção é por tempo limitado. Grátis, só até dia 24 de setembro. Uma semaninha só. Acho que a promoção já surtiu efeito: passei uma horinha só no arquivo hoje e já estou olhando os preços de assinatura…
O nascimento do BMC Mini (28 de agosto de 1959). A chegada do Ford Fiesta (17 de julho de 1976). A estreia da Ferrari F40 (14 de outubro de 1987). O Jaguar E-Type (24 de março de 1961) e o McLaren F1 (11 de maio de 1994). Praticamente tudo que aconteceu em nosso mundo, está registrado ali. É mole? (MAO)
Projeto de lei exige carros anfíbios
O deputado Clodoaldo Magalhães (PV-PE) apresentou um projeto na Câmara dos Deputados que é no mínimo inusitado. O projeto exige que os fabricantes de veículos instalados no Brasil tenham em seu portfolio de produtos veículos anfíbios. Sério.
Segundo o texto, o objetivo é “atender às necessidades decorrentes de situações emergenciais”. Ele diz o seguinte: “fica estabelecida a obrigatoriedade de todas as montadoras (sic) e fabricantes de veículos instaladas no território brasileiro a incluírem em sua linha de produção a opção de carros anfíbios, destinados a operar tanto em terra quanto na água, visando atender às necessidades decorrentes de situações emergenciais, tais como enchentes e alagamentos”.
O deputado alega que a medida é necessária diante de eventos climáticos extremos cada vez mais recorrentes no país. “Os carros anfíbios representam uma ferramenta eficaz para o enfrentamento dessas situações, permitindo o deslocamento seguro e eficiente tanto em terra firme quanto na água, facilitando operações de resgate, evacuação e assistência às vítimas desses desastres naturais”, diz ele.
Por mais que a gente imediatamente sonhe em comprar VW Schimmwagen, Amphicar, Scamanders e AmphiRanger zero km em concessionárias, o projeto pode ser descrito apenas por aquela expressão sem sentido literal, mas que define precisamente um certo nível de insanidade: maluco de pedra. Bom, a BYD não teria problemas: é só trazer o peculiar Yangwang U8, e boa.
Mas pensando bem, se já se enfiou até carro elétrico goela abaixo por legislação, então, que venham os anfíbios! (MAO)
Conheça a nova Triumph Speed Twin 1200 RS
Provavelmente aqui no Brasil todo mundo só queira saber hoje das “Aventureiras” como a Tiger, na linha da Triumph. Mas nos EUA a linha clássica da marca parece estar com renovado interesse, desde que a Speed Twin 1200 foi lançada em 2019. A moto atingiu em cheio um nicho, encontrando um equilíbrio entre o apelo retrô da Bonneville e os elementos modernos da Speed Triple.
Agora, para 2025, a moto foi reformulada e acaba de aparecer nos EUA. Na verdade se especializa: a Speed Twin 1200 normal é agora mais voltada para o conforto, e existe uma Speed Twin 1200 RS, mais esportiva, para gente com esta inclinação.
A base continua sendo o motor bicilíndrico paralelo a 270° de 1200 cm³, atualizado com um novo comando e admissão para obter um aumento de 5 cv em relação ao modelo anterior. Agora tem 103,5 cv a 7.750 rpm, com a linha vermelha em 8.000 rpm, e 11,4 mkgf a 4250 rpm.
Ainda é uma moto retrô, mas a nova versão é menos Bonneville dos anos 1960 e mais as roadsters dos anos 70 e 80. Como a R 12 nineT da BMW ou a Z900RS da Kawasaki, não há nenhuma tentativa de esconder a suspensão e os freios modernos.
A moto básica vem com o garfo Marzocchi de 43 mm do modelo anterior, mas equipado com molas um pouco mais macias, enquanto os amortecedores traseiros (também Marzocchi) agora têm reservatórios remotos piggyback. A nova Speed Twin 1200 RS pega elementos da Thruxton RS, com um garfo diferente totalmente ajustável na frente (Marzocchi novamente) e unidades de reservatório remoto Öhlins ajustáveis. Pinças de montagem radial Brembo Stylema são outro upgrade da RS. A posição de dirigir e o estilo das duas motos são notavelmente diferentes, também.
Outro elemento contemporâneo da Speed Twin 2025 é o novo painel de instrumentos (compartilhado por ambas as versões), que apresenta um display LCD semicircular acima de uma pequena tela TFT colorida retangular, ambos alojados em um único mostrador redondo. A configuração fornece conectividade de telefone e inclui uma porta USB-C para carregamento. À frente, há uma nova unidade de farol de LED.
Previsto para o final deste ano, a Speed Twin 1200 deve começar em US$ 13.595 (R$ 73.413) nos EUA, e a Speed Twin 1200 RS, nos US$ 15.995 (R$ 87.652). Aqui no Brasil, o modelo antigo ainda está à venda, começando em R$ 64.690. (MAO)