Foi em 22 de maio de 1930 que um dos estúdios de design mais famosos do planeta, a Pininfarina S.p.A., foi fundada por Battista Farina — conhecido como “Pinin” (pequeno, em dialeto piemontês) por ser o segundo mais novo de onze irmãos.
Nestes 85 anos, a companhia ficou mais famosa pelos carros projetados para grandes marcas italianas, como a Fiat, a Alfa Romeo e, claro, a Ferrari. Na verdade, a ligação com a companhia de Maranello é tão forte que a maioria esmagadora das Ferrari foi projetada pela Pininfarina. E não são raras as ocasiões em que o estúdio é acionado para projetar um carro exclusivo para um cliente endinheirado — geralmente baseado nas máquinas de Maranello.
Pininfarina e Ferrari
Só que a Pininfarina não projeta apenas automóveis. Ao longo dos anos, o estúdio italiano também se especializou em outros tipos de veículos e também no design industrial, projetando bens de consumo de todo tipo — canetas, eletro-eletrônicos, móveis e artigos de luxo. Nós vamos dar uma boa olhada em alguns deles agora.
Bicicleta De Rosa SK Pininfarina
A fabricante italiana de bicicletas De Rosa foi fundada em 1953 em Milão, na Itália. Considerando que apenas 140 km separam Milão de Turim, casa da Pininfarina, não fica difícil entender a parceria. A De Rosa foi a fornecedora oficial do lendário ciclista belga Eddy Merckx de 1973 até sua aposentadoria das pistas, em 1978 — período em que Merckx venceu o campeonato mundial de ciclismo e corridas importantes como o Tour de France e o Giro d’Italia. Além disso, a De Rosa foi uma das pioneiras na construção de quadros de titânio, alumínio e fibra de carbono para competições.
A De Rosa SK é um dos projetos mais recentes da Pininfarina para uma empresa fora do ramo automotivo. Voltada para competições de ciclismo e triatlo, ela tem quadro, assento e guidão de fibra de carbono. O resultado? Ela pesa apenas 6,713 kg. E o quadro ainda foi projetado com a ajuda de um túnel de vento — pela mesma razão que as fabricantes os utilizam para desenvolver seus superesportivos: garantir o menor arrasto aerodinâmico possível. Assim, o ciclista precisa fazer menos esforço para atingir velocidades maiores.
Cozinha Snaidero Ola 20
Já pensou em preparar aquela bela macarronada italiana em uma cozinha projetada pela Pininfarina? Sim, é possível. Desde 1991 a italiana Snaidero conta com a elegância do estúdio italiano em seu catálogo.
Com formas curvilíneas, quase minimalistas (com influência art-deco) e uso de materiais como alumínio, aço escovado e madeira, a cozinha foi reestilizada (como um carro) duas vezes — em 2000 e 2011. A cada nova atualização, a Ola 20 ganhava novas cores, puxadores e acabamentos.
Motorola iDEN Pininfarina
Com a onipresença dos smartphones, fica até difícil acreditar que não faz mais de dez anos que, para ter um celular bacana, você só precisava garantir que ele tivesse uma tela colorida e fosse dobrável, do tipo flip. Não é nenhum absurdo dizer que a Apple causou uma revolução nos celulares com o design industrial e os recursos do primeiro iPhone, em 2007. Três anos antes, porém, era difícil competir com o Motorola iDEN.
Hoje em dia, os aparelhos da linha iDEN Pininfarina, que traziam inspiração em elementos automotivos — não apenas no formato da carroceria das Ferrari, mas também no interior de carros de luxo, com acabamentos cromados e em imitação de madeira — seriam considerados cafonas. No entanto, na época eles eram o topo de linha da Motorola.
Dispenser Coca-Cola Freestyle
Você provavelmente não daria um tranco nesta máquina de bebidas para tentar conseguir uma latinha de graça. Apresentado em 2011, o dispenser Coca-Cola Freestyle foi a criação do estúdio Pininfarina para a fabricante de refrigerantes. Com uma enorme tela sensível ao toque na porta, a geladeira permite que se escolha entre até cem tipos de bebidas diferentes — e não apenas os refrigerantes produzidos pela Coca-Cola. De acordo com a Pininfarina, seriam necessárias oito máquinas tradicionais para obter a mesma quantidade de opções.
Contudo, apesar dos recursos de última geração, a Pininfarina conseguiu dar à máquina sua identidade visual tradicional e mesclá-la com uma ligeira inspiração na mobília dos anos 70 — é só reparar nos quatro pés finos e na abertura oval por onde a latinha é entregue.
Equipamentos para academia Panatta Sport Platinum
Corpo são, mente sã — e vice-versa. Com isto em mente, fica ainda mais fácil admirar os equipamentos para exercícios físicos que a Pininfarina projetou em pareceria com a Panatta Sport em 2010. A linha de cardio-fitness Platinum é composta por esteira, bicicleta ergométrica, bicicleta horizontal e elíptico. Ambos trazem a mesma identidade visual, que abandona os cantos vivos e cores frias dos equipamentos tradicionais (que costumam ser eficientes, mas não muito bonitos) e adota linhas curvas, superfícies texturizadas e contraste entre acabamentos brilhantes (o famoso “black piano”), foscos e metalizados.
O detalhe high tech fica por conta da tela sensível ao toque de 12,1 polegadas. Além de monitorar as condições de quem está treinando, a tela funciona como uma verdadeira central multimídia, com canais de TV e rádio por satélite e acesso à Internet.
Caneta sem tinta Pininfarina Cambiano
Feita de alumínio e madeira, a caneta Pininfarina Cambiano já seria uma bela peça mesmo se fosse uma caneta tradicional, com carga de tinta e durabilidade limitada. No entanto, o que a torna especial é a ponta. Feita de uma liga metálica especial patenteada chamada Ethergraf (cuja composição exta, obviamente, não é revelada), a ponta acelera o processo de oxidação do papel quando entra em contato com ele, e imediatamente deixa uma marca muito parecida com a de um lápis, porém permanente.
A caneta custa US$ 120 (cerca de R$ 460, em conversão direta). Sua fabricante, a italiana Napkin, costuma dizer que a Cambiano é a “última caneta que você precisará comprar”, pois a ponta não sofre desgaste com o uso e pode durar “indefinidamente”. Se você acha que quase R$ 500 é muito dinheiro por uma caneta (mesmo que ela dure para sempre e seja muito bonita), é possível comprar uma versão “popular”, de design menos sofisticado, chamada Napkin 4.EVER. Ela custa US$ 50 (R$ 191, também em conversão direta).
Chuveiro a vapor Jacuzzi Morphosis Ωmega
Chamar o Jacuzzi Morphosis Ωmega de um simples”chuveiro a vapor” é desmerecer a criação da Pininfarina junto à mais famosa fabricante de banheiras de hidromassagem do planeta. Um assento de madeira de teca, uma cabine de vidro transparente ou escurecido, um gerador de vapor, quatro jatos de hidromassagem e um chuveiro tradicional, juntos, nunca foram tão convidativos aos olhos.
A Jacuzzi diz que, ao procurar a Pininfarina, queria ajuda para construir um chuveiro a vapor que garantisse “bem-estar físico e mental, através das sensações provocadas pela percepção da beleza”. De fato, ficamos relaxados só de olhar. Mas também não deve ser ruim passar uma ou duas horinhas ali dentro, não é?
Capacete Airflow Newmax
Nem todos os itens desta lista são completamente alheios ao mundo dos veículos a motor. O Airflow Newmax, por exemplo, é um dos mais elegantes e avançados capacetes que se pode comprar. Desenvolvido especialmente para motociclistas, o Airflow Newmax foi projetado para otimizar o fluxo de ar e evitar o aumento excessivo de sua temperatura interna, além de evitar o acúmulo de umidade.
As formas do casco, que pode ser revestido de couro sintético de primeira qualidade ou pintado com um grafismo exclusivo da Pininfarina, foram esculpidas em um túnel de vento — não apenas para garantir a melhor aerodinâmica, mas também para direcionar o fluxo do vento para as entradas de ar, aumentando a eficiência do sistema e melhorando o conforto para o usuário.
Mesa Calligaris Orbital e cadeiras Riva Coupé
Com tampo de vidro e base de acrílico, a Calligaris Orbital é um dos produtos de design industrial mais famosos da Pininfarina. Sua grande sacada é o mecanismo com braços de metal que permite que duas extensões sejam desdobradas em um movimento circular suave e silencioso (daí o nome Orbital — ou você achou que era homenagem à roda da Volkswagen?). Totalmente aberta, a mesa pode acomodar até dez cadeiras.
Se fôssemos colocar uma destas no QG do FlatOut, usaríamos as cadeiras Riva Coupé— ainda que a Pininfarina não as tenha projetado para serem usadas juntas, gostamos da combinação. Com pés de aço e estrutura de madeira, as cadeiras são acolchoadas e revestidas com couro ecológico — de acordo com o estúdio, empregando as mesmas técnicas usadas em automóveis de luxo.
O encosto baixo foi feito assim para garantir as proporções mais harmônicas possíveis, mas a Pininfarina afirma que, ergonomicamente, as cadeiras Riva são extremamente confortáveis e ergonômicas. Ah, e elas se chamam Coupé!
Bola de boliche Switch by Pininfarina
Uma bola de boliche pode ser “melhorada”, em termos de design? Na verdade, não muito, mas a Pininfarina deu sua contribuição com os grafismos das bolas de boliche feitas de uretano da Switch. Disponíveis em doze cores, elas brilham no escuro e… não muito mais do que isto. Mas, se você já tem móveis, um carro, um capacete e até um chuveiro a vapor com design Pininfarina, por que não completar sua “coleção” com estas bolas de boliche?
Garrafas de água e whisky
A italiana Lauretana se orgulha de engarrafar “a água mineral mais leve da Europa”. Sua fonte fica no topo do monte Mombarone, em Turim. Fazendo jus ao slogan e aproveitando-se da proximidade, a Lauretana lançou uma série especial com garrafas projetadas pela Pininfarina. Com versões de 750 ml (retornável) e 330 ml, as garrafas de vidro seguem as típicas formas minimalistas pelas quais o estúdio ficou famoso.
Para quem prefere algo mais encorpado, a Pininfarina também colaborou com a tradicional fabricante de whisky Chivas Regal para uma edição limitada do Chivas 18 — que, como o nome diz, é envelhecido por 18 anos antes de ser engarrafado.
A série consistia em dois estojos azuis de visual minimalista e elegante, com exterior azul metálico. O primeiro comporta apenas uma garrafa da bebida, enquanto o outro, maior, acompanha dois copos (que também foram desenhados pelo estúdio).
Além disso, a Pininfarina também projetou uma escultura para “combinar” com os estojos, usando uma carcaça exterior no mesmo tom de azul, envolvendo uma estrutura de madeira que lembrava as maquetes usadas nos anos 50 e 60 pelos carrozzieri italianos, que construíam carrocerias sob medida.
Tocha e pira dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006
As Olimpíadas de Inverno de 2006 foram realizadas em Turim, na Itália, e a Pininfarina aproveitou o fato de o evento ser realizado em sua terra natal para dar sua contribuição. A tocha foi feita como uma reinterpretação das antigas tochas de madeira, e o fato de a chama sair por furos na extremidade superior dá a impressão de que é o metal que está pegando fogo — o que, bem, obviamente não é o caso.
Como de costume, a tocha foi acesa na cidade de Olímpia, na Grécia, e passou por seis países (San Marino, Eslovênia, Áustria, Suíça, França e Vaticano) antes de chegar à Itália no dia 9 de fevereiro de 2006. Ao todo, foram 11 mil quilômetros percorridos pela chama, que a cada quilômetro foi carregada por um atleta.
A pira olímpica — que também foi projetada pela Pininfarina — foi acesa pela esquiadora Stefania Belmondo. Na época, o estúdio de design anunciou com orgulho que se tratava da pira mais alta da história dos Jogos Olímpicos, com 57 metros de altura. Cada uma das cinco estruturas tubulares trançadas que compunham a pira media 60 cm de diâmetro, enquanto o diâmetro total era de três metros.