Apesar do senso comum dizer o contrário, o Porsche 911 pode ser um belo carro de rali — você só precisa escolher o modelo certo para isso. O GT3, por exemplo, é a escolha de vários pilotos — profissionais e amadores — para ralis de asfalto e subidas de montanha.
O francês Gilles Nantet é um desses caras. Veterano dos ralis de asfalto franceses, Nantet disputava o campeonato nacional com seu Porsche 997 GT3 e se dava muito bem com ele, chegando a vencer o campeonato profissional em 2011 e o amador entre 2011 e 2013. Veja este vídeo com ele em ação, por exemplo:
Como você pode notar, apesar de mais traiçoeiros em pisos escorregadios que os carros de tração integral, os 911 são bem mais divertidos em estradinhas rurais sinuosas. A não ser que você esteja com pneus semi-slick e depare repentinamente com um trecho de asfalto úmido, sujo e cercado por árvores…
O resultado foi um GT3 a menos no mundo, e vários ossos fora do lugar, como você pode ver na foto acima e na abertura do post. Tudo bem, é o tipo de coisa que acontece quando você está no fio da navalha. O acidente que destruiu o GT3 no Rali de Antibes acabou encerrando sua temporada de 2013 do Campeonato Francês precocemente, o que lhe tirou a chance de faturar mais um campeonato e lhe deixou na segunda posição.
Depois dessa pancada duplamente dolorosa você deve estar imaginando que ele acabou procurando um carro menos arisco, com tração integral como o novo 911 Turbo, ou no mínimo um outro GT3. Mas o que ele fez foi exatamente o contrário.
Gilles Nantet voltou para a temporada de 2014 com algo ainda mais insano e desafiador, um: 997 GT2! Sim, em vez de algo mais tradicional, Nantet escolheu algo ainda mais arisco, mais potente e mais traiçoeiro — afinal, são 530 cv despejados explosivamente no eixo traseiro, um salto de 89 cv em relação ao carro aspirado que lhe rendeu alguns meses de molho. Os pilotos de rali são mesmo um bando de loucos.
Errata: a edição original do post constava que Nantet bateu um GT2 e o substituiu pelo GT3, quando na verdade a ordem dos fatos foi contrária — o carro batido foi o GT3, que acabou trocado por um GT2, de comportamento bem mais explosivo e arisco. Desculpem-nos pela derrapada!