A Mercedes apresentou hoje o novo Classe C, código W206. O sedã rival do BMW Série 3 e do Audi A4 chega a sua nova geração com visual e recursos de modelos mais caros – leia-se Classe E e Classe S. Mas ele também perde os motores de seis cilindros: a partir de agora, todo Classe C terá motor de quatro cilindros. Isto vale até para as inevitáveis versões AMG, que até agora eram conhecidas pelo V8. Isto acabou.
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O carro foi apresentado como sedã ou perua. Esteticamente, não há muita revolução: o novo Classe C não veio para lançar tendências ou surpreender, e sim para dar continuidade à importante função do modelo – globalmente, ele ainda tem muita importância para a Mercedes, ainda que o Classe A tenha assumido com louvor a posição de baby Benz.
Assim, a dianteira recebeu novos faróis, menores e mais afilados, que agora são acompanhados de uma grade em formato de trapézio com a orientação oposta – mais estreito em cima do que embaixo. Já a entrada de ar no para-choque dianteiro tem quase exatamente o mesmo formato que se vê no Classe E. Com isto, estabelece-se definitivamente uma nova family face nos carros de passeio da Mercedes.
O perfil do carro não mudou praticamente nada – ele traz exatamente as mesmas proporções da geração W205, com capô longo, traseira alta e curta, e uma linha de cintura reta, quase sem inclinação. Até mesmo os ângulos do para-brisa e do vigia traseiro parecem iguais. E o mesmo vale para a perua, que também preservou a silhueta do modelo antigo.
A traseira, porém, trouxe maiores novidades: as lanternas, que acompanham o Classe E e o Classe S assumindo um desenho horizontal, com contorno triangular.
Há quem aprecie esta semelhança entre modelos de diferentes segmentos – e a possibilidade de que um leigo confunda seu Classe C com um Classe E no meio do trânsito. Por outro lado, um pouco mais de personalidade a cada família de modelos da Mercedes não seria ruim. Claro, há algumas mudanças interessantes, como a adoção de vincos laterais ligeiramente mais marcados e os dois ressaltos no capô, que sugerem um estilo mais esportivo.
As formas e proporções relativamente conservadoras têm a ver com a plataforma: o W206 usa uma versão bastante atualizada da arquitetura modular MRA (Mercedes Rear Architecture), já empregada no W205 e também nos Classe E e S. Com isto, o novo Classe C ficou 6 cm mais longo, chegando aos 4,75 metros. A largura aumentou 1 cm, passando a 1,82 m, e a altura permaneceu em 1,44 m, aumentando apenas alguns milímetros.
Da mesma forma, o entre-eixos também ficou mais generoso: 2,86 m contra 2,84 m da geração passada. Parece pouca coisa, mas a Mercedes-Benz é possível sentir a diferença no espaço para os joelhos, ombros e cotovelos dos ocupantes do banco traseiro. No sedã, o porta-malas tem 455 litros; já a perua pode ter entre 490 e 1.510 litros, dependendo da posição do banco traseiro.
O interior, aliás, é onde a Mercedes-Benz quer que prestemos mais atenção – a mudança em relação à geração antiga foi bem mais sensível. A ideia foi, explicitamente, colocar o design e os recursos do Classe S no Classe C. Ou seja: um painel mais limpo e esbelto, abrindo mão das saídas de ar em destaque no console central, e dando espaço a duas telas de alta definição: uma para o quadro de instrumentos, que pode ter 10,25 ou 12,3 polegadas; e outra, vertical, para a central multimídia, que agora domina o console e pode ter 9,5 ou 11,9 polegadas. O quadro de instrumentos pode incluir exibição com efeito tridimensional e um HUD com realidade aumentada.
A nova central multimídia com o sistema de assistente virtual MBUX de segunda geração agora interpreta melhor os comandos e consegue reconhecer os usuários pela voz. Além disso, possui integração com aparelhos domésticos inteligentes fabricados pela Bosch e pela Samsung – é possível perguntar ao carro sobre a temperatura e a iluminação dos ambientes, ou até mesmo descobrir se há alguém dentro de casa: o MBUX usa os sensores dos eletrodomésticos para obter estas informações, que são transmitidas via internet.
Abaixo da tela central, há apenas uma régua de botões com comandos básicos – pisca-alerta, volume do sistema de som e outras funções simples. O botão giratório e o touchpad do console central viraram história – como já está virando padrão, a maior parte dos comandos é feita pela tela sensível ao toque ou por comandos de voz.
Mas o Classe C, apesar de toda a tecnologia, ainda é um carro – então, vamos falar da mecânica. Como já dito, todas as versões do Classe C, do mais barato ao mais caro, terão motores de quatro cilindros – que, além de reduzir emissões, também diminuem a carga sobre o eixo dianteiro e, consequentemente, melhoram a distribuição de peso.
A princípio, foram divulgadas as informações sobre o C180, o C200 e o C300. Os dois primeiros usam um motor 1.5 turbo de 170 cv e 204 cv, respectivamente. O C300, por sua vez, traz debaixo do capô o motor M254, 2.0 turbo de 258 cv. Todas elas trazem, em comum, o sistema híbrido leve EQ Boost de 48 volts, que usa um motor elétrico e uma bateria compacta de íon de lítio para armazenar energia recuperada durante as frenagens – e, caso necessário, garantir 20 cv extras. O câmbio é sempre automático de nove marchas, com tração traseira (ou integral 4Matic nas versões C200 e C300). Vale lembrar que, na Europa, ainda haverá as variantes a diesel C200d (163 cv), C220d (200 cv) e C300d (265 cv).
A Mercedes-Benz adianta que o Classe C terá uma versão mais potente com conjunto híbrido plug-in – possivelmente o novo C350, mas a nomenclatura ainda não foi confirmada. Serão 313 cv e 56 kgfm de torque, sendo que 44,8 kgfm estarão disponíveis desde a largada graças ao motor elétrico. O Classe C híbrido plug-in será capaz de rodar por até 100 km no modo elétrico, com velocidade máxima de 140 km/h. Uma carga completa na bateria de 25,4 kWh poderá ser feita em 30 minutos usando um carregador rápido.
A fabricante alemã garante que o comportamento dinâmico do Classe C está mais afiado que nunca graças à adoção do eixo traseiro direcional – que funciona como de praxe: a até 60 km/h, as rodas traseiras viram em até 2,5° na direção oposta às dianteiras, a fim de reduzir o diâmetro de giro e garantir mais agilidade em manobras. Já em velocidades mais altas o movimento das rodas traseiras acompanha a direção das dianteiras, tornando o carro mais estável em curvas.
Evidentemente a Mercedes-Benz ainda não comentou nada a respeito das versões AMG, mas apostamos que, em números brutos, elas não ficarão devendo em nada aos modelos com motor V8. A experiência sensorial, porém, com certeza será muito distante do que estamos acostumados.
O novo Mercedes-Benz Classe C W206 será fabricado em Bremen, na Alemanha, e em East London, na África do Sul, e a distribuição aos mercados globais acontecerá ao longo de 2021. Isto quer dizer que a versão brasileira virá importada, já que a fábrica de Iracemápolis (SP), de onde saíam o GLA e o Classe C W205, fechou as portas em dezembro.