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Car Culture

O compartilhamento da Mercedes e da BMW: como os fabricantes se preparam para um mundo anti-carro

Essa é a semana do famigerado Dia Mundial Sem Carro. Dia 22 vai ter um monte de gente pensando em deixar o carro em casa, lembrando de como é pegar trem, ônibus ou metrô nos horários de pico e abraçando a ideia politicamente correta de culpar o automóvel pelos males do mundo. Mas e se todo carro fosse um Uber? E se você não precisasse mais ter garagem em casa para poder usufruir de um veículo. É com essa ideia que muitos fabricantes estão flertando. Como um plano B, caso o mundo distópico do qual falamos há algum tempo ameace se concretizar.

Duas alemãs já se posicionaram em relação a isso: a BMW e a Mercedes-Benz. Ambas possuem negócios que, em vez de vender os veículos, alugam unidades por períodos curtos, um serviço conhecido como car sharing, ou compartilhamento de carros. E elas fazem isso de olho em uma mudança mais do que provável, já desenhada por Hugo Spowers: a transformação de fabricantes em prestadores de serviços de mobilidade.

A Mercedes-Benz foi a primeira. Ela tem hoje, em algumas cidades do mundo, o programa Car2Go, que tem mais de um 1 milhão de usuários espalhados em cerca de 30 cidades do mundo todo, com uma frota total de mais de 13 mil  Smart Fortwo. Em algumas cidades, a frota pode chegar a mais de mil unidades, como Vancouver, no Canadá, que tem 1.250.

Car2Go-Vancouver-Member-Card

A ideia é a seguinte: o usuário do serviço tem um cartão que abre o carro e pode pegá-lo em diversos “pontos”, locais da cidade em que os veículos da Car2Go ficam distribuídos. Normalmente há um acordo da empresa com as prefeituras para que os carros parem sem custo para os usuários nas áreas de estacionamento pago, as “zonas azuis”.

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Já a BMW aproveitou o surgimento da linha i, em especial do i3, para criar o DriveNow. Basta se inscrever no site, pagar a taxa de US$ 39 pelo cadastro. Sempre que pegar um i3, você paga US$ 12 pela primeira hora mais US$ 0,32 por minuto a mais de uso. Isso nos EUA. Além de lá, o serviço também é oferecido no Reino Unido, Alemanha, Áustria e Dinamarca. Assim como no Car2Go, você pode retirar o carro em um ponto e deixá-lo em outro. Sem necessidade de pagar seguro, manutenção ou abastecimento/recarga.

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O que limita as duas iniciativas de car sharing é que nem sempre os usuários terão uma unidade disponível perto de seus trabalhos ou de onde eles moram. A não ser que os modelos sejam autônomos.

Se isso acontecer, não será preciso estacioná-los em lugar nenhum. Os carros estarão sempre em movimento, deixando alguém em algum ponto e indo buscar outro usuário do serviço ali por perto. Mais ou menos como já atuam hoje as cooperativas de táxi, com a diferença de que não haverá motoristas ao volante.

DriveNow-PR

Tanto a Mercedes-Benz quanto a BMW disseram à agência Reuters que existe aí uma oportunidade de negócio importante demais para ignorar. “Novos conceitos de mobilidade devem emergir com os veículos autônomos, que são carros robôs. O gerenciamento de frotas se tornará um segmento muito mais significativo”, disse Peter Schwarzenbauer, membro do conselho de administração da BMW responsável pela Mini.

i3-blog

As duas empresas parecem apenas seguir o caminho que outras já apontaram. A Tesla, por exemplo, já anunciou que terá seu carro autônomo e o Uber disse que pretende comprar os Tesla que rodarem sozinhos. Eles tirarão da empresa um pepino em potencial: os motoristas. Nos EUA, alguns processaram a empresa e conseguiram estabelecer vínculo empregatício com ela. Carro autônomo nenhum processaria o Uber.

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O Google e a Apple desenvolvem seus próprios carros autônomos, possivelmente mais de olho no mercado de car sharing do que no de venda dos robôs sobre rodas. Isso porque, segundo Bob Lutz, devem ser as duas as líderes deste novo conceito de mobilidade. Padronizado, eficiente e limitado a ir e vir. Se você sabe inglês, leia o que Maximum Bob escreveu para a Automotive News. Se não sabe, use o Google Translate (olha ele aí de novo…). Vale a pena. Lembra da distopia? Pode começar a chamá-la de realidade, ainda que um pouco distante.