Buenas, galera Flatouter! No post de hoje contarei a evolução do Charger de Papelão, como a carroceria ficou completa, o trabalho para tirar o auto de cima de uma cobertura a 10m do chão e a aparição do carro no Curitiba Motor Show. Para quem ainda não está a par do projeto, o #118 conta a história de uma réplica sendo construída em papelão, os processos e perrengues para o carro ganhar vida.
Na última postagem consegui um espaço para construir a carroceria do General, já que no espaço anterior a casa caiu. Literalmente. Também foi possível finalizar a lateral esquerda do bicho, o que já dava uma boa idéia do espaço que o projeto ia tomar.
O papelão
Com a primeira lateral pronta, parti, obviamente, para a outra lateral. O trabalho é um pouco diferente. Para a primeira lateral, a preocupação foi deixar o mais próximo possível da lateral do carro. Na segunda lateral, o negócio é esquecer qualquer parâmetro e copiar, cega e espelhadamente, usar a outra lateral como referência.
O processo é simples, na realidade. Só é necessária uma boa noção de geometria espacial. As medidas estão ali, fiéis ao modelo original. Lembrando que as laterais que eu imprimi não são tiradas de fotos, e sim calculadas pela medida que elas ocupam no espaço. Aliás, se tu for montar alguma coisa com um processo assim, não confie em fotos. Elas mentem, e não estão nem ai para isso. Só confie em uma foto se ela te provar que está certa. O ângulo que o fotógrafo utilizou pode distorcer o tamanho do carro. A câmera usada também, o espaço que o fotógrafo teve para registrar a imagem também. As dimensões do carro é que devem te nortear, como eu fiz com o projeto. Cada imagem foi aferida para servir como um auxílio, mas não como guia.
Com os desenhos em mão, o papelão é marcado e estampado manualmente. É como o carro é produzido, com papelão no lugar do aço estampado. Só mudei para um material mais rústico para conseguir montar o meu em casa. Na boa, eu adoro esse carro, mas nem que a vaca tussa pagaria mais de uma centena de milhar em um carro desses. Aqui pra ti, especulação automotiva! Resumindo, farei o carro que eu mais curto, e ainda sairá das minhas mãos. Um prazer duplo. E o mais legal desse processo é que, se um dia eu encasquetar que gosto ainda mais de outro modelo, posso criar novamente. Mesmo se ele mal existir, como o Ford Forty Nine, conceito de 2001.
Voltando ao processo produtivo, as laterais conviveram separadamente até o lado direito ficar pronto. Assim que grudei o último pedaço de papelão naquele lado, não resisti e juntei as partes, com umas travessas em madeira. Não foi uma atitude muito inteligente, pois o pessoal da república ia dar uma festa bem no dia seguinte. Não teve jeito, tive que pendurar o monstro na parede da cobertura. Se fosse um Cadillac, não caberia.
A fibra
Terminadas as laterais, parti para a fibra. Até o momento o meu maior contato com esse material tinha sido o capô do primeiro Dodge. E lá foi o maluco aplicar 10 kg de resina sem máscara de proteção alguma. Isso foi de uma burrice medonha, fiquei uns dois dias com dor de cabeça depois disso.
Minha maior preocupação com a aplicação da massa era perder o vinco lateral que tinha conseguido criar com o “papelão estampado”. E na boa, ficou melhor que eu esperava. Nas fotos de lateral podemos ver que o jogo de luz que o vinco cria ficou muito bom. A frente acabou um pouco bicuda, pois não tem a quantidade de fibra necessária para criar resistência. O teto sofreu deste mesmo mal, mas ambos serão consertados facilmente.
A descida
Chega a manhã de sábado, dia de levar o carro para o evento. Caminhão plataforma marcado para pegar o General, que estava a 10m do chão. E em uma república de oito pessoas tinha só um para me ajudar, além da minha namorada. Tirar da parte coberta já não foi muito fácil, pois foi preciso deixar o auto de lado. Colocamos uma corda em cada lado do chassi de madeira , depois fomos levando ele devagarinho, para passar a mureta.
A parte mais tensa foi quando o peso passou para o outro lado da mureta, ou seja, a queda livre. Achei que ia despencar, mas seguramos a bronca. Descemos a corda beeeeeeeeeeem devagar (pensando bem, foi mais para beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem devagar mesmo) O carro sobreviveu. Rod, valeu pela ajuda brother!
O evento
Um calor, sol a pino e carro na entrada do autódromo. Tive que dispensar o guincho, pois a organização do evento não deixou meu guincheiro levar o carro até o estacionamento interno do autódromo, local onde meu carro ia ficar exposto. Nunca a expressão ficar a pé foi tão certeira. Não tem roda, tem que levar no braço. Sem uma equipe para me ajudar a levar o carro, fiquei maluco com esses caras.
Mas não tão maluco como minha namorada, que bateu de frente com todo mundo até chegar na pessoa que mandava naquela bagaça. Tiveram que pegar o carro com o guincho que tava dando o apoio de pista para levar o carro. Nisso já haviam se passado duas horas, tempo que refleti sobre a vida, e como minha ideia de construir um carro do zero estava realmente me tirando a sanidade. Claro que depois isso passou e a loucura foi aumentando!
Foi realmente gratificante. O General deve ter sido um dos carros mais fotografados. Na verdade, quando ainda estava no caminhão, teve muita gente achando que se tratava de uma carroceria de lata mesmo, como algumas pessoas me confessaram.
Próximos passos
Como já adiantei no último post, o mais cotado doador de peças para o Charger é o Opala. Um Opala bem feio de lata, para não sacrificar um possível novo Project Car. Longe de mim querer fazer como era moda tempos atrás, destruir carros fantásticos como o Galaxie para montar alguma picape idiota. As coincidências de medidas são muitas para ignorar essa plataforma. Apesar de ser bem maior, o Dodge Charger e sua B Body não tem um aproveitamento de espaço lá muito digamos, racional. Ao que pesa o aproveitamento do Opala, base Opel com racionalidade alemã.
A grosso modo, vou me inspirar na construção das carrocerias da Stock Car do inicio dos 90. Claro, com uma carroceria bonita como a do Dodge, não aquelas coisas de senso estético discutível. Essa montagem feita nas coxas (sorry) mostra mais ou menos o que precisa ser feito.
Claro, não posso esquecer que tenho que alongar o entreeixos um pouquinho, quase nada, tipo uns 25 centímetros. Vai ser a parte mais complicada do projeto, mas bem mais tranquilo que construir um chassi do zero. Só lembrando que a preocupação de um cara que mora em república em relação a custos é sempre grande. Mas não me mete medo, restaurei um TL quando era um estagiário. Não existem entraves quando queremos realmente fazer alguma coisa (profundo não?). Talvez o tempo, mas ele atrapalha até quem tem um caminhão de grana pra gastar. É fo** ser pobre, mas por outro lado, dificilmente criaria algo tão criativo se nadasse em dinheiro.
Mas como ainda não descolei o Opala que vai reviver na base do Mopar Style, deixarei meu projeto na geladeira do Flatout. Assim que eu conseguir finalizar, vocês terão notícias minhas. Em tempo: criei um hotsite e uma página do Face mostrando o projeto. Acessem e curtam o www.chargerdepapelao.com.br (com um texto do nosso amigo felino Poomah!)
Enquanto isso, obrigado pela companhia e sucesso em seus projetos!
Por Ique Feldens, Project Cars #118