Ao lançar o Gol em 1980, a Volkswagen pretendia finalmente oferecer um público um carro moderno o bastante para convencer o público de que aquele seria o verdadeiro sucessor do Fusca. Ela já havia tentado em 1973 com o Brasilia, mas o carro não era assim tão diferente do Fusca porque, apesar de resolver o problema da falta de espaço interno e visibilidade limitada, ele continuava com a concepção antiga, a falta de espaço para bagagem, o mesmo comportamento dinâmico, o mesmo motor. Era apenas um Fusca diferente, e não um sucessor.
Mas o Gol, quando deu as caras pela primeira vez, foi bastante elogiado por seu visual moderno, seu bom comportamento dinâmico e seu aproveitamento do espaço muito melhor em relação ao Fusca. O problema é que, ao abrir o capô, o público entusiasmado encontrava um boxer de quatro cilindros e 1.300 cm³ praticamente idêntico ao do Fusca, com 42 cv e 9,2 mkgf de torque, o que prejudicava demais seu desempenho.
Era claro que o Gol tinha potencial, ele só precisava do motor certo. E a Volkswagen, inicialmente, achou que esse motor certo era o 1600 do Fusca. O negócio até funcionou, afinal, com quase 10 cv a mais ele finalmente ganhou um desempenho melhor que o do próprio Fusca e se tornou um carro interessante. O problema é que esse arranjo só era interessante se você não olhasse para o lado e visse o sedã do Gol, o Voyage, equipado com o motor 1.5 MD do Passat, e que tinha um desempenho e dirigibilidade muito melhores que os do Gol.
Para tornar o Gol mais apelativo ao público naqueles tempos em que o Fusca ainda tinha bom desempenho de vendas e o Voyage era mais interessante, apesar de mais caro, a Volkswagen decidiu lançar uma série especial — a primeira das dezenas que viriam nas quatro décadas seguintes e das quais vamos tratar neste guia de versões especiais.
Gol Copa – 1982
A tal série especial lançada em 1982 foi o Gol Copa. A relação era óbvia: o carro que pretendia ser o mais popular do Brasil tinha o nome do maior momento do esporte mais popular do Brasil. E naquele ano teríamos o evento mais popular deste esporte, a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Gol, Copa do Mundo, apelo popular… nascia ali o Gol Copa.
O carro tinha uma decoração especial, semelhante à da versão de topo do Voyage, com pintura metálica na exclusiva cor azul Copa, que também cobria seus para-choques metálicos. Na traseira, o vigia (que era verde como os demais vidros) tinha um adesivo com a inscrição COPA por toda a sua extensão horizontal, e as laterais tinham a mesma inscrição nos frisos entre as portas e os para-lamas traseiros.
As rodas eram de liga leve, de 13 polegadas, conhecidas como “Twelve Spokes” e já usadas na Parati GLS e em diversas versões do Passat. O carro ainda tinha uma bola de futebol estilizada no emblema da tampa traseira, um emblema da motorização (1.6) na grade frontal, faróis de neblina e uma faixa preta no painel traseiro, onde fica a placa de registro.
Por dentro ele tinha bancos de veludo cinza —mesmo material que revestia as portas —, carpete de buclê preto, volante TS/Wolfsburg (o mesmo do Passat TS, também conhecido como “cachorrinho”, apesar de o animal ser um lobo), manopla de câmbio no formato de bola de futebol e quadro de instrumentos com conta-giros e odômetro parcial.
Como a Copa do Mundo era na Espanha, parte da publicidade tinha frases em espanhol, e relacionava o carro às populares toradas. Um detalhe curioso é que a Volkswagen dava garantia de dois anos para componentes em contato direto com o álcool combustível, possivelmente para tranquilizar os motoristas mais preocupados com corrosão. A série foi limitada a 3.000 unidades, todas produzidas naquele ano de 1982.
Gol Plus – 1986
No início de 1986 a Volkswagen ainda oferecia o Gol com o motor 1.6 do Fusca (ok, eu sei que não era exatamente o do Fusca, mas você entendeu…), mas, talvez antecipando o fim do besouro no Brasil, decidiu finalmente introduzir o AP600 na linha Gol — já que o GT era equipado com o AP800. Só que ela fez isso por meio de uma edição especial batizada Gol Plus. Talvez porque ele fosse um Gol com “algo a mais”.
Esse algo a mais era, além do motor, um tratamento semelhante ao do Gol Copa: pintura exclusiva, acabamento interno especial e decoração própria da versão. Ele não era tão generoso como o Copa, mas tinha seu apelo. A carroceria poderia ser pintada de cinza prata ou bege polar, e as calotas inspiradas nas usadas pelo Santana, repetiam a cor da carroceria.
Além disso, o acabamento interno também era combinado com a cor externa. Nos carros bege polar o interior era bege e marrom, nos carros cinza prata o interior era cinza claro e cinza escuro/preto. Apesar do esmero no acabamento, ele não era mais equipado que o Gol LS da época: seu quadro de instrumentos tinha apenas relógio e os indicadores de temperatura da água do motor e de nível de combustível, além, claro, do velocímetro e do odômetro total e parcial.
Ele também não vinha com ar quente, mas tinha lavador e limpador do vidro traseiro, e mesmo usando apenas calotas, a Volkswagen deu a ele faróis auxiliares de neblina e um pequeno spoiler dianteiro.
A versão é uma das mais raras do Gol e não se sabe quantas unidades foram produzidas.
Gol Star – 1989
Imagine se você pudesse comprar um Polo básico, de entrada, com bancos de tecido, ar-condicionado manual, sistema de áudio sem tela sensível ao toque, câmbio manual, rodas de 15 polegadas com calotas, mas com o motor 1.4 TSI do Polo GTS. O Gol Star era quase isso: um Gol CL com o powertrain do Gol GTS.
Ele não tinha o moderno painel com os comandos satélite, também não tinha rodas de liga leve, spoiler traseiro, faróis auxiliares ou bancos Recaro, mas tinha o motor 1.8 de 99 cv e um câmbio de cinco marchas com “relações esportivas”, como anunciava a Volkswagen.
Apesar de ser um “GTS no CL”, ele ganhou atenção especial da Volkswagen, que deu a ele bancos com padronagem exclusiva e emblema Star, volante espumado, velocímetro com escala até 220 km/h, relógio digital, conta-giros e hodômetro parcial.
Por fora ele tinha os faróis da Parati, mais largos, piscas com lente transparente e lanternas traseiras escurecidas, saída de escape dupla e calotas brancas. A grade dianteira era pintada na cor do carro, assim como os retrovisores — as cores eram vermelho tornado e branco star.
A versão ainda era identificada por filetes brancos nos para-choques e adesivos da versão nos para-lamas e tampa traseira. Não há estimativa de unidades produzidas e a Volkswagen nunca divulgou o número.
Gol Copa – 1994
A Volkswagen estava prestes a lançar o Gol de segunda geração quando a última série especial da primeira geração foi lançada, montada em uma bola de futebol. Novamente, no ano da Copa do Mundo de futebol, a Volkswagen fez uma série especial do Gol — agora um líder de mercado, posição que ocupava desde 1987.
Talvez por isso o Gol Copa 1994 é menos inspirado que o Gol Copa 1982 — ironicamente refletindo a qualidade do futebol da seleção brasileira, que teve no time de 1982 uma das melhores expressões do nosso clássico futebol-arte, enquanto o time de 1994 era eficiente, porém burocrático e com lapsos de genialidade da dupla de ataque.
Enfim, não somos um site de futebol, então voltemos ao Gol Copa: em vez das rodas de liga leve, ele tinha rodas de aço de 14 polegadas com pneus 185/60 e calotas exclusivas. Os bancos eram os mesmos do Santana CL, um tear trabalhado e elegante, mas nada exclusivo. O painel era o mesmo do Gol 1000 e CL, sem os comandos satélite, embora o volante fosse o mesmo do Gol GTi. O esportivo também cedia os faróis de milha, o spoiler traseiro e as lanternas escurecidas, mas a aplicação na traseira era mais simples, sem o acabamento ao redor da placa.
O motor ao menos não era o 1.6 CHT, e sim o AP1600, de 80 cv. Por fora, ele era identificado apelas pelas elegantes calotas e pelo emblema Gol Copa (também pouco inspirado) na tampa traseira. Foram feitas 6.000 unidades somente até pouco antes de o Brasil ganhar o título pela quarta vez em Los Angeles, nos EUA. Em setembro daquele ano a Volkswagen trouxe a segunda geração do Gol.
A segunda geração
A segunda geração do Gol foi lançada em 1994 e trouxe uma ruptura dramática com a geração anterior. Ainda que herdasse parte da base mecânica do Gol BX, a plataforma foi extensamente modificada e daquele carro que conhecemos em 1980 não restou mais nada além dos motores longitudinais.
Para muita gente, contudo, quando se fala em segunda geração do Gol, o carro que vem à mente é o hoje conhecido “Gol G2”, ou “Bolinha”— apelido dado para diferenciá-lo de seu antecessor, o “Gol quadrado”. Acontece que a geração não se encerra em 1998, quando o Bolinha deu lugar ao Gol “G3”.
Na época a terminologia “geração” ainda era pouco usual no mercado (para não dizer inexistente), então ao dar ao Gol de segunda geração um facelift abrangente, a Volkswagen optou por chamá-lo de G3, ou “geração 3”. Quando o GIII mudou, ele se tornou o G4, mas todos ainda eram a mesma geração somente com facelifts abrangentes — mas não abrangentes ao ponto de serem considerados um carro totalmente renovado.
As versões especiais do Gol de segunda geração começaram bem cedo, ainda nos primeiros meses após seu lançamento, no início de 1995. A partir dali o Gol teve uma série especial a cada ano e meio ou dois anos, no máximo. Isso somente até 2008, quando a última versão especial foi lançada e a nova geração (a terceira ou o “G5”) chegou ao mercado e passou ser o portador das versões e séries especiais.
Gol Rolling Stones – 1995
A primeira série especial do Gol de segunda geração no Brasil veio logo em seus primeiros meses de estrada, e foi também uma das mais improváveis e inesperadas por aqui. Como fizera na Europa com o Golf, a Volkswagen aproveitou a passagem da turnê Voodoo Lounge dos Rolling Stones pelo Brasil para lançar o Gol Rolling Stones.
Anunciado em 21 de janeiro de 1995, o Gol Rolling Stones era baseado na versão CLi, com o mesmo motor AP1600 com injeção monoponto e os mesmos itens de série, porém com um pacote exclusivo que incluía limpador e lavador do vidro traseiro, vidros verdes e para-brisa degradê com antena embutida, rádio toca-fitas e uma fita cassete original do álbum Voodoo Lounge.
O modelo foi oferecido em vermelho, preto, azul, branco e prata, e a única forma de identificá-lo era pelos adesivos com o logotipo dos Rolling Stones e da turnê na traseira e nas colunas C. Foram feitos 12.000 exemplares somente em 1995.
Gol Atlanta – 1996
A produção do Gol Rolling Stones mal havia acabado quando a Volkswagen anunciou a segunda série especial da recém-renovada geração. Em abril de 1996, com a aproximação dos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos EUA, o Gol (e a Parati) ganhou uma série especial associada ao evento.
Ela também era baseada na versão CLi como o Gol Rolling Stones, mas, diferentemente da antecessora, esta série especial ia além dos pacotes opcionais e de uma fita cassette. Para começar, era possível comprar o Gol Atlanta com o motor 1.6 ou 1.8, ambos ainda com a injeção monoponto usada pela VW até 1997. Depois, ele tinha as mesmas calotas do Golf GL, que não eram usadas por nenhum outro modelo do Gol, e em vez do volante de dois raios do Gol CLi no qual era baseado, o Atlanta tinha o volante de três raios da linha esportiva GTI/TSi.
Além disso, os retrovisores eram pintados na mesma cor da carroceria, a antena era instalada na parte traseira do teto, os faróis tinham parábola dupla e ele vinha com limpador e lavador do vidro traseiro. Opcionalmente, ele ainda poderia ser equipado com vidros elétricos e ar-condicionado.
Além dos elementos estéticos que o diferenciavam das outras versões, ele também tinha um logotipo “Atlanta” na tampa do porta-malas e nas laterais traseiras, logo acima dos borrachões. A Volkswagen nunca divulgou o número de unidades produzidas do Gol e Parati Atlanta, mas o modelo foi oferecido somente de abril a junho de 1996.
Gol Star – 1998
A série especial seguinte do Gol veio dois anos depois com um nome já bem conhecido do público: Star. Novamente derivado da versão CL, ele vinha com o motor 1.6 já com injeção multiponto, com 88 cv, e tinha como diferenciais grafismo exclusivo no quadro de instrumentos, tecido diferenciado dos demais CL, rodas de liga leve de 14 polegadas, volante de quatro raios do Santana e faróis com parábola dupla.
Por fora, era diferenciado apenas pelo conjunto óptico dianteiro, pelas rodas de liga leve exclusivas da versão e pelo adesivo Star na tampa do porta-malas. Lançado em fevereiro de 1998, o Gol Star teve 6.900 unidades produzidas — todas feitas na Argentinas e trazidas para o Brasil ao longo daquele ano.
Gol Série Ouro 16v – 2000
Quatro anos depois do Gol Atlanta, a Volkswagen novamente aproveitou o evento olímpico para criar uma série especial. Desta vez sem alusão ao nome da cidade onde seriam realizados os Jogos daquele ano, mas com o metal da medalha dos campeões batizando a versão.
Era equipado apenas com o motor 1.0 16 válvulas, mas tinha acabamento mais refinado, todo de tecido escuro, com maçanetas internas cromadas, console central alongado pelo túnel central, faróis de parábola dupla e conjunto auxiliar de neblina, além do volante de menor diâmetro, vidros verdes, spoiler traseiro, ajuste de altura do banco do motorista, limpador e lavador do vidro traseiro.
O carro era diferenciado dos demais apenas pelos adesivos “Série Ouro” na traseira e nas portas dianteiras, logo sobre os borrachões. Ar-condicionado, alarme, vidros elétricos e travas elétricas eram opcionais que poderiam ser encomendados individualmente.
Gol Série Ouro 16v – 2001
Não é erro: a Volkswagen reeditou a série praticamente idêntica no ano seguinte, quando o Gol atingiu a marca de 3.300.000 unidades e superou o Fusca em volume de produção, além de ter completado 14 anos na liderança do mercado.
O carro era exatamente o mesmo da Série Ouro anterior, diferenciando-se apenas pelo logotipo desta nova série, que foi redesenhado. Foram feitas 11.000 unidades, oferecidas em cinco cores, sempre com rodas de aço e calotas como seu antecessor. A produção iniciou em fevereiro de 2001 e foi encerrada em abril daquele mesmo ano.
Gol Fun 16v – 2001
No início de 2001 a Volkswagen apresentou a série especial Fun. A versão era muito parecida com a Série Ouro, pois também era equipada com faróis de parábola dupla, direção hidráulica, vidros verdes e banco do motorista com ajustes de altura. O pacote, contudo, ia além, oferecendo rodas de liga leve de 14 polegadas e máscaras dos faróis na cor da carroceria
O motor, claro, era o 1.0 16v (que não era o único da VW na época, mas parecia) e, além dos polêmicos faróis coloridos, a série era diferenciada pelos adesivos “Fun” nos para-lamas dianteiros e na tampa do porta-malas.
Gol Trend – 2001
A última série especial de 2001 foi lançada em outubro e, pasme, com o motor 1.0 de oito válvulas que havia sido renovado para produzir 65 cv. A versão, na verdade, foi a base de lançamento das novidades do 1.0, que passou usar acelerador eletrônico e pequenas mudanças que aumentaram a sua potência dos 57 cv para os tais 65 cv.
O pacote de equipamentos era, bem, praticamente o mesmo de todas desta lista: direção hidráulica, spoiler traseiro, rodas de 14 polegadas com calotas, faróis com refletor duplo (aqui com máscara negra) e vidros verdes. O acabamento interno usava tecido preto como nos Série Ouro.
Ar-condicionado, desembaçador, limpador e lavador do vidro traseiro, regulagem do banco do motorista e rodas de liga leve eram todos opcionais. O carro se diferenciava dos demais pelos adesivos Trend na tampa traseira e nas colunas C. Foi produzido somente em outubro e novembro e teve 8.000 unidades.
Gol Sport 16v – 2002
Em 1982 tivemos o Gol Copa, em 1994 também. Em 1998 a Volkswagen deixou o futebol de lado por alguma razão. Em 2002 a edição comemorativa da Copa do Mundo voltou, mas ela se chamou Gol Sport e não Gol Copa ou qualquer coisa do tipo.
Apresentado no final de fevereiro de 2002, ele era equipado com o motor 1.0 16v de 76 cv — o filho preferido da VW Brasil na época, que fazia questão de sempre ressaltar o fato de ele ser “o mais potente da categoria” — e tinha alguns itens de série que, normalmente, equipam as versões mais caras.
Era o caso do CD player com seis alto-falantes e antena no teto, do banco do motorista com regulagem de altura, dos faróis com refletor duplo e máscara negra e da grade dianteira na cor da carroceria. Ar-condicinonado, alarme por controle remoto, airbag duplo, rodas de liga leve de 15 polegadas e retrovisores com ajustes elétricos eram opcionais oferecidos individualmente.
A única distinção do Gol Sport em relação aos demais eram os logotipos nas laterais dianteiras, na tampa traseira e no volante (isso nos carros sem airbags). O Gol Sport foi produzido somente entre fevereiro e maio de 2002 e teve 15.000 unidades.
Gol Highway – 2002
Outra série especial de 2002 foi o Gol Highway. Você tem uma chance para descobrir qual motor a Volkswagen escolheu para ele. Além do motor, seu pacote de equipamentos era muito parecido com o das demais versões especiais da época: faróis com refletor duplo e máscara negra, spoiler traseiro com luz de freio, antena no teto, sistema de áudio com seis alto-falantes.
Como no Sport, ar-condicionado, airbags, retrovisores elétricos, alarme com controle remoto eram opcionais, mas ele não tinha rodas de liga leve nem faróis auxiliares ou CD player de série. E como os demais especiais da época, ele se diferenciava externamente apenas pelos logotipos na tampa traseira e laterais, embora tivesse a cor verde Highway exclusiva como alternativa ao cinza, bege, prata e azul. Foram feitas 9.000 unidades em janeiro e fevereiro daquele ano.
Gol Rallye – 2004
Em agosto de 2004 a Volkswagen apresentou uma das versões especiais mais interessantes da segunda geração do Gol: o Gol Rallye. Na época a Volkswagen participava do Campeonato Brasileiro de Rally de Velocidade e aproveitou a liderança do campeonato para lançar esta série especial.
É claro que ela não tinha suspensão reforçada, nem motor retrabalhado ou tração integral, mas usava o motor 1.6 e ganhava suspensão elevada em 27 mm, rodas de lega leve de 15 polegadas brancas, spoiler traseiro e interior exclusivo da versão, com painel claro, quadro de instrumentos redecorado, bancos com tecido e bordado desenvolvidos para a série especial e volante esportivo com revestimento de couro sintético.
Como era comum na época, o ar-condicionado ainda era opcional, assim como o alarme, os retrovisores elétricos, os faróis de neblina e o CD player.
Além das rodas brancas (opcionais sem custo), o carro se diferenciava pelos adesivos Rallye nos para-lamas dianteiros. A Volkswagen não divulgou o volume produzido, nem o período de produção.
Gol Copa – 2006
O Gol Copa voltou em 2006 “com apelo jovem e esportivo” e “um conjunto completo de itens de série”, como anunciava a Volkswagen na época. Não era exatamente jovem, nem esportivo e também não era muito completo. Como em todas as séries especiais desta lista, o ar-condicionado e os retrovisores elétricos eram opcionais, assim como a direção hidráulica, o aquecimento, os vidros elétricos e até as travas elétricas. O que será que a Volkswagen achava que era “conjunto completo de itens de série” na época? Rodas e pneus?
O carro tinha como diferenciais apenas o logotipo “Copa” nas portas e na tampa do porta-malas, soleiras e colunas B e C com adesivo preto, grade dianteira preta, quadro de instrumentos com fundo branco e o logotipo “Copa” bordado nos bancos. No modelo 1.0 (8v, o 16v já havia deixado a linha de produção) o carro usava rodas de aço com as infames “supercalotas” da Volkswagen. Ao menos a versão 1.6 tinha rodas de liga leve de 15 polegadas.
Foram produzidas 16.000 unidades vendidas somente entre fevereiro e julho de 2006.
Gol Rallye – 2007/2008
Em novembro de 2007 a Volkswagen lançou aquela que seria a última série especial do Gol de segunda geração: o Gol Rallye.
Era uma reedição da série de 2005, com a mesma inspiração no automobilismo fora-de-estrada e com o mesmo pacote estético diferenciado e interessante. A suspensão era mais alta em relação à dos Gol regulares, e ele ganhava um bem-resolvido conjunto óptico auxiliar integrado à grade frontal que realmente fazia uma remissão aos carros de rali. Além disso, para-choques e soleiras agora eram pretos, sem pintura, o que reforçava o visual fora-de-estrada do carro juntamente dos protetores de para-lamas.
Por dentro ele também recebeu atenção da Volkswagen: os bancos usavam tecido exclusivo e o volante…
… sim, era o famigerado volante Rallye que se tornou onipresente nas personalizações de baixo custo dos modelos Volkswagen. As rodas eram de liga leve de 15 polegadas e a versão ainda recebia um grande adesivo que se estendia por toda a lateral inferior do carro, abrangendo as duas portas.
O motor era o 1.6 flex de oito válvulas, usado até pouco tempo atrás no Gol, com 102 cv. Foram feitas apenas 3.000 unidades do Gol Rallye entre novembro de 2007 e julho de 2008.
A terceira geração
Em 2008, o VW Gol finalmente chegou ao século 21. A nova geração do Gol foi a maior reformulação do modelo desde o início de sua história, abandonando definitivamente os resquícios de sua origem setentista (o motor longitudinal) e finalmente abraçando uma concepção mais moderna, com o motor e câmbio instalados na posição transversal.
Por falar nos motores, as derivações do antigo AP desapareceram de vez e foram substituídas pelo EA-111 em duas versões: 1.0 e 1.6. A primeira entregava até 76 cv e 10,2 kgfm, enquanto a segunda chegava aos 104 cv e 15,6 kgfm.
Esteticamente, a evolução era notável por dentro e por fora. A carroceria era totalmente nova e trazia identidade visual inspirada no VW Tiguan, especialmente nas proporções e formato dos faróis, enquanto a traseira tinha lanternas que evocavam as da primeira geração, lá de 1980. A linha de cintura era mais alta e inclinada e, nos primeiros anos, só havia versão de quatro portas.
O interior ficou mais moderno, elevando o padrão de acabamento e obedecendo o novo design da VW. Enfim, o Gol estava pronto para defender o posto de líder, algo que foi feito com louvor até 2014, quando, pela primeira vez em 27 anos, ele terminou o ano atrás de seu maior rival — o Fiat Palio.
A briga foi desleal, claro: o Gol sempre teve duas gerações somando vendas para conquistar a liderança, algo que o Palio continuou fazendo a partir de 2014, quando o Gol passou a brigar somente com a terceira geração. Para manter o apelo do modelo, a Volkswagen lançou mão das séries especiais e a primeira delas veio logo em 2010, quando a geração anterior ainda estava recebendo séries especiais.
Gol Seleção – 2010
Como na primeira geração, a primeira série especial do Gol de terceira geração foi inspirada pelo esporte mais popular do país. Em 2010 tivemos a Copa da África do Sul e a Volkswagen voltou a usar o evento máximo do futebol mundial como motivo para sua série especial. Desta vez, contudo, ele não se chamou Copa como os anteriores de 1982 e 1994, provavelmente porque a Hyundai foi uma das patrocinadoras da FIFA no evento naquele ano.
Por isso, o Gol “Copa” de 2010 se chamou Gol Seleção, em referência à própria seleção brasileira de futebol. Foram feitas 3.000 unidades na cor azul boreal, todas com o motor 1.0 e com rodas de liga leve de 14 polegadas, faróis com máscara negra, lanternas traseiras escurecidas, faróis de neblina, detalhes externos pintados de cinza e retrovisores e spoiler na cor da carroceria.
Por dentro ele tinha um padrão de tecido exclusivo com listras e o emblema da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, nos bancos dianteiros. Ele também era equipado com o volante da versão Power, pedais de alumínio, maçanetas e anel da alavanca de câmbio cromados, direção assistida, rádio com MP3 e Bluetooth.
Gol Vintage – 2011
Pouco menos de um ano depois do Gol Seleção a Volkswagen anunciou que iria produzir o conceito Gol Vintage em forma de série limitada. O modelo fora apresentado nas comemorações dos 30 anos do Gol em 2010 e, pelo jeito, teve demanda suficiente para convencer a Volkswagen a criar uma série limitada para marcar o aniversário.
O Gol Vintage teve 30 unidades produzidas e é a série especial/versão mais rara do Gol. Ele tinha teto preto, faixa preta no centro do capô, nas laterais e na tampa do porta-malas, uma referência à faixa preta entre as lanternas traseiras de algumas versões da primeira geração do Gol. Nas laterais as faixas tinham o nome “Vintage” gravado, identificando a versão. As rodas e os detalhes dos faróis de neblina também eram brancos.
Por dentro tudo era preto e branco: o painel era preto com aros das saídas de ventilação em branco. Os detalhes do volante multifuncional, o anel da alavanca de câmbio e as maçanetas também eram brancos, assim como as bordas dos bancos e tapetes, a parte central dos bancos e dos forros de porta. Todo o resto era preto.
Um elemento interessante é que o Gol Vintage vinha equipado com uma guitarra Tagima (marca brasileira de instrumentos musicais) dotada de um sistema embutido de pré-amplificação para que pudesse ser ligada à entrada auxiliar do sistema de áudio do carro — uma ideia lançada pela Volkswagen dos EUA em 2006.
Sendo uma edição especial comemorativa e limitadíssima, ele vinha equipado com todos os opcionais possíveis, exceto o câmbio I-Motion. As 30 unidades eram numeradas e identificadas por uma plaqueta no painel, posicionada entre o rádio e os comandos de ventilação/ar-condicionado.
Gol Rock in Rio – 2012
Em julho de 2011 a Volkswagen apresentou a série Rock in Rio em referência ao patrocínio do evento musical na capital carioca. Vendido apenas entre setembro e outubro daquele ano, o Gol Rock in Rio teve 1800 exemplares produzidos nestes dois meses — o que faz dele uma das versões mais raras do Gol.
O que ele tinha de diferente? Não era o motor 1.0 nem as rodas de liga leve. O “especial” estava na decoração e na lista de equipamentos: nas laterais externas ele tinha adesivos temáticos do Rock in Rio, adesivo preto nas colunas B, friso cromado na grade inferior dianteira e faróis escurecidos.
Por dentro, ele tinha bancos com acabamento cinza e costuras vermelhas, logotipos Rock in Rio no encosto. Teto e colunas eram revestidos com tecido preto e as saídas de ar e anel da alavanca do câmbio eram vermelhos, enquanto as soleiras eram de alumínio com o logotipo Rock in Rio.
O carro ainda tinha volante multifuncional do Passat, sistema de áudio com seis alto-falantes, Bluetooth, mp3, USB, leitor de cartão SD e conectividade com iPhone/iPod, e os compradores do carro também ganhavam acesso ao download dos shows do evento em mp3.
Apesar de todos os mimos, o carro vinha sem alarme ou ar-condicionado de série.
Black Gol – 2012
No apagar das luzes de 2011 a Volkswagen aderiu à onda do blackout estético e lançou sua versão escura do Gol, o Black Gol.
Como seu nome sugere, ele era um Gol preto (preto ninja), com acabamento interno e externo escurecido. As rodas de 14 polegadas eram pintadas de cinza edelstahl, o quadro de instrumentos tem uma tonalidade escura e o volante era o mesmo da versão Power.
Ainda por dentro o carro tinha console central estendido, redes nas laterais dos bancos, bordado “Black Gol” nos encostos dos bancos, quebra-sol e porta-malas com iluminação e rádio com seis alto-falantes e antena de teto.
O Black Gol foi oferecido somente com o motor 1.0 de 76 cv. A versão foi produzida de dezembro de 2011 a julho de 2012 e foi limitada a 800 unidades por mês, o que resulta em pouco menos de 6.400 exemplares.
Gol 25 Anos – 2012
Se a série Vintage comemorava os 30 anos do Gol e saiu em 2010, a Volkswagen estava comemorando 25 anos de que com o Gol 25 anos de 2012? Os 25 anos de liderança do modelo no mercado brasileiro, algo que nem o Fusca conseguiu fazer.
Lançado em fevereiro de 2012, o Gol “25 anos” não era exatamente uma série especial, mas dois pacotes especiais oferecidos por tempo limitado para o Gol 1.0 em comemoração aos 25 anos. Eles eram batizados “25 Anos de Liderança” e incluíam o logotipo “25 anos” nos para-lamas dianteiros, revestimento de couro sintético nos bancos, faróis com máscara negra, lanternas escurecidas e antena no teto, além de frisos laterais (no pacote básico), rodas de liga leve e sistema de áudio com leitor mp3, USB, Bluetooth e conectividade com iPhone/iPod (no pacote avançado).
Como era um pacote opcional, não há estatísticas de produção do Gol “25 anos”.
Gol Seleção – 2014
Em 2014 a Copa do Mundo foi realizada no Brasil e a Volkswagen não poderia ficar de fora como fizera em outras ocasiões. Novamente evitando a associação direta com a Copa da FIFA, a Volkswagen batizou a série como Gol Seleção, novamente associando-se à CBF, de quem era patrocinadora oficial.
Como o antecessor, o Gol Seleção tinha rodas exclusivas (com design que remete a uma bola clássica de futebol, com os gomos hexagonais), adesivo nas laterais com o emblema “Seleção” e o número 10 na porta traseira, além do escudo da CBF nos para-lamas. O carro era pintado de amarelo solaris (mas também poderia ser comprado em azul, preto, prata ou branco), como a camisa do time brasileiro, e vinha equipada de série com rádio, alarme, retrovisores com ajuste elétrico, bancos com ajuste de altura, computador de bordo.
Os bancos não tinham mais o escudo da CBF, mas tinham uma costura com padrão de gomos hexagonais, novamente remetendo às bolas de futebol antigas. Ar-condicionado, sensor de estacionamento, faróis de neblina e rodas de liga leve eram opcionais (os três últimos parte do “pacote Brasil”). O carro poderia ser equipado com motor 1.0 e 1.6.
Foram feitos 20.000 exemplares entre janeiro e julho de 2014.
Gol Rock in Rio – 2015
Em 2015 o Rock in Rio foi realizado mais uma vez no Brasil (sim, existe Rock in Rio longe do Rio) e a Volkswagen reeditou a série especial vista pela primeira vez em 2012. O tratamento foi exatamente o mesmo, porém com alguns upgrades: o adesivo lateral e os emblemas do Rock in Rio identificavam a versão, mas agora ele ganhava grade colmeia e rodas de liga leve de série.
Por dentro o ar-condicionado, que era opcional em 2012, passou a ser item de série (o que um Hyundai HB20 não faz, não é mesmo?), assim como os faróis de neblina. O restante era exatamente igual: detalhes vermelhos no painel, bancos de couro sintético com os logotipos Rock in Rio, sistema de áudio com seis alto-falantes e todas as conexões disponíveis na época.