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Automobilismo FlatOut Revival

O outro carro branco e vermelho de Ayrton Senna

Em 1992, depois de terminar a temporada de Fórmula 1 em quarto lugar, atrás de Mansell, Patrese e Schumacher, Ayrton Senna não havia chegado a um acordo na renovação de seu contrato com a McLaren. Não nos termos em que achava que merecia.

Na época a McLaren estava abandonando os motores Honda em favor dos V8 Cosworth e o brasileiro achava que as condições oferecidas pela equipe não eram ideais para brigar pelo título na temporada seguinte  — especialmente com o crescimento da Williams e seus carros “de outro planeta”.

Por isso as negociações ficaram suspensas por alguns dias no fim daquele ano e, nesse meio tempo, Emerson Fittipaldi acabou convidando Senna para ir aos EUA conhecer melhor seu monoposto da Indy. Fittipaldi, então com 46 anos, era o principal piloto da Penske ao lado de Rick Mears, e também tinha os mesmos patrocinadores de Senna – Marlboro e Hugo Boss — o que facilitou a realização do teste.

Então no dia 20 de dezembro de 1992, Ayrton Senna saiu da quente e ensolarada Angra dos Reis/RJ e voou para o Firebird International Raceway, no Arizona. O circuito é mais conhecido como uma drag strip, mas durante o inverno era usado pelas equipes da Indy para testes, uma vez que o clima no deserto do Arizona é menos severo que nos restante do país naquela época do ano.

Chegando no autódromo, a equipe de Roger Penske interrompeu as atividades momentaneamente para que Ayrton Senna pudesse finalmente conhecer um carro da Indy.

O PC-21, carro que foi usado na temporada de 1992 e 1993, era a antítese dos Fórmula 1 da época. Enquanto os monopostos europeus começavam a usar suspensão ativa, câmbios robotizados semi-automáticos e outros sistemas eletrônicos, os carros da Indy usavam câmbio manual com pedal de embreagem e motores turbo V8, além de ser bem mais pesados que os F1. No caso do Penske PC-21, o motor era um Ilmor-Chevrolet 265B, de 2,65 litros e cerca de 800 cv.

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Emerson foi o primeiro a sair com o carro para deixá-lo acertado e com os pneus aquecidos. Em seguida, entregou o carro a Senna, que ouviu as recomendações do veterano, ajustou o banco e saiu para acelerar na pista curta a estreita no meio do deserto. Segundo os mecânicos da Penske que presenciaram o teste, não foi preciso mais do que duas ou três voltas para que Senna impressionasse a equipe. Em 24 voltas Senna fez o melhor tempo de 49,09, enquanto Emerson virou 49,70.

Não se sabe ao certo quais eram as reais intenções de Senna neste teste — se ele estaria somente curtindo um tempo livre com um amigo e um carro bacana, se ele realmente pensou em disputar a categoria em um possível ano sabático (como fizera Alain Prost naquele 1992) ou se ele usou o teste para pressionar a McLaren a fazer algo para renovar seu contrato.

O teste foi acompanhado somente pela repórter Silvia Vinhas da TV Bandeirantes (na época “o canal do esporte”, lembram?) que, logicamente, entrevistou a dupla brasileira depois do teste. Senna se mostrou satisfeito em conhecer o carro e disse que lembrou muito dos seus antigos F1 turbo dos anos 1980. Ele também completou dizendo que um dia guiaria aquele carro.

“A pista realmente era muito lenta, o carro funciona de uma forma muito particular, mas a sensação, o gosto, é ótimo. Estou muito feliz em poder constatar o que realmente é um carro da Indy. Um dia vou guiar esse carro, é só questão de tempo. É só esperar o momento certo para participar das corridas nos Estados Unidos”, disse à emissora.

Recentemente, em entrevista ao portal Terra, Emerson Fittipaldi disse que sonhava em correr com Senna as 500 Milhas de Indianápolis de 1993 e que a Penske até iria preparar um terceiro carro para que Senna disputasse a tradicionalíssima corrida. Senna, contudo, acabou renovando com a McLaren para 1993 e teve sua participação na Indy vetada por Ron Dennis.

O final dessa história todos conhecemos: Senna disputou a temporada com o novo motor Cosworth Ford V8, significativamente mais fraco que o Renault das Williams e, dizem, até mesmo que o Ford V8 da Benetton de Schumacher. Mesmo assim, ele conquistou vitórias épicas no GP do Brasil e no GP da Europa, realizado sob forte chuva em Donington Park, onde fez “a primeira volta perfeita” e imprimiu um ritmo impressionante que resultou em uma vitória com vantagem absurda de 1:23 sobre o segundo colocado, o inglês Damon Hill.

 

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