7×1. Se a Alemanha conseguiu marcar sete gols no Brasil, só devolvemos um. Agora que tiramos este trocadilho inevitável do caminho, vamos explicar melhor: o gol devolvido é um Volkswagen Gol 1998 que está a venda em uma loja alemã.
Não é um fenômeno isolado: as taxas de câmbio atuais favorecem o êxodo de carros do Brasil para outros países, como já vem acontecendo há algum tempo com os Volkswagen clássicos (Kombi “corujinha”, Karmann Ghia TC e SP2), e até mesmo com carros modernos e exóticos que vieram para o Brasil e agora retornam à Europa, como o Mercedes-Benz SLS AMG e o Pagani Zonda.
O Gol 1.6 Mi está anunciado em uma concessionária chamada Autohaus Krupp (um nome bastante alemão, não?) e, pelo que a companhia diz, está no país há alguns anos mas só agora foi devidamente regularizado para rodar. Entramos em contato com a loja, que fica em Bergheim, na região da Baviera, para conseguir algumas explicações, e estamos aguardando a resposta.
Tudo o que sabemos sobre ele até agora, está no anúncio do carro no site de classificados Mobile.de. A história é resumida mas ajuda a esclarecer: o carro foi importado novo por uma fabricante de escapamentos e catalisadores que, ao que tudo indica, fazia testes de emissões no carro para uma possível chegada do Gol ao mercado alemão.
Contudo, como o modelo seguinte, o famoso “G3”, estava prestes a ser lançado, o projeto foi interrompido e o carro ficou parado até recentemente. Agora, o Gol passou por uma revisão completa, que incluiu a troca dos fluidos e componentes desgastados, incluindo pneus, e finalmente teve a documentação regularizada para circular normalmente nas ruas alemãs.
O hodômetro marca 1.833 km, uma quilometragem bastante baixa para um carro desta idade, e o aspecto do carro condiz com o pouco uso. O motor é um AP de 1,6 litro com injeção eletrônica multiponto (o significado da sigla Mi, afinal), capaz de entregar 88 cv a 5.500 rpm e 13,2 mkgf de torque a 3.250 rpm. Era o bastante para que, pelos dados de fábrica, o Gol chegasse aos 100 km/h em 12 segundos, com máxima de 175 km/h.
Sendo um exemplar da versão CL, o carro vem praticamente pelado, apenas com imobilizador eletrônico e direção hidráulica. No mais, os vidros são acionados por manivelas e não há ar-condicionado ou sistema de som.
Agora, se você está se perguntando por que os europeus iriam querer um VW brasileiro nas suas concessionárias, saiba que isto aconteceu nos anos 2000. Mais precisamente, em 2004, quando o Volkswagen Lupo (um subcompacto derivado do Polo de terceira geração) foi substituído na Europa pelo VW Fox fabricado no Brasil, equipado com motores de 1,2 e 1,4 litro. O primeiro tinha três cilindros e 56 cv, enquanto o segundo usava o mesmo motor de 1,4 litro da Kombi, com 76 cv. Havia, ainda uma versão com motor 1.4 turbodiesel de 71 cv.
Os europeus não gostaram muito do Fox, criticando sua qualidade de construção e acabamento, design e dirigibilidade. Então, em 2011, o carro de entrada da VW na Europa voltou a ser um projeto local – o VW Up.
O Gol também foi vendido em outros países. Nos anos 1980 e 1990, Parati e Voyage foram exportados para os EUA e vendidos como Volkswagen Fox (uma Parati até virou carro de rali por lá, com tração integral e tudo), enquanto o Gol G3 foi vendido no México, no Egito e na Rússia como Volkswagen Pointer.
Como já dissemos, perguntamos à Autohaus Krupp a respeito da história e da situação legal do carro na Alemanha. Quando a resposta chegar, atualizaremos este post com as informações.
Sugestão do leitor Adriano Antunes