Gostamos tanto da ideia de um novo Fiat 124 Spider que nem nos importamos quando descobrimos que ele seria um Mazda MX-5 Miata com outra roupa. Até porque, de acordo com os testes da imprensa internacional, a versão italiana tem uma personalidade distinta – fisicamente maior, mais refinado e maduro, é um roadster esportivo com um quê de grand tourer europeu das antigas.
Só que há outra faceta do Fiat 124 que não podemos esquecer: o modelo clássico também foi carro de rali na década de 1970, preparado pela Abarth. Entre 1971 e 1976, ele competiu no WRC ao lado do Lancia Stratos, do Alpine A110 e de outros clássicos. Não fez tanto sucesso, mas até conseguiu algumas bons resultados – incluindo uma vitória tripla no Rallye de Portugal de 1974. Em 1976, o Fiat 124 Abarth foi aposentado dos ralis para dar lugar ao 131 Abarth – este sim um vencedor, conquistando títulos em 1977, 1978 e 1980.
Sendo assim, nada mais justo que, além do esportivo Abarth, com 172 cv no motor 1.4 turbo, o Fiat 124 também ganhasse uma versão de competição. Ela foi apresentada em março, no Salão de Genebra, junto com o Abarth de rua, na forma de um conceito com as cores do Fiat 124 Spider que competiu em 1973. Um belo conceito, por sinal.
O prospecto de um roadster de tração traseira com capota de fibra competindo em ralis, como foi há quatro décadas, é bem empolgante. Especialmente porque, logo de cara a Fiat já revelou alguns dados interessantes a respeito do novo 124 Abarth de rali: ele teria uma versão de curso ampliado e 1,8 litro do motor MultiAir, com turbo, injeção direta e nada menos que 300 cv a 6.500 rpm.
Foto: Jalopnik
Os primeiros testes com o 124 Abarth de rali começaram agora, e esta é a primeira vez que ele aparece em vídeo. Vê-lo acelerando por uma estradinha italiana com a carroceria toda branca só não é melhor que ouvi-lo fazendo isso. O ronco, apesar de não se distanciar muito de como soa quase todo quatro-cilindros sem abafadores, certamente mostra que os italianos entendem de som de motor. Quer ver só?
E ainda tem um monte de saídas de traseira!
O motor é acoplado a uma caixa sequencial de seis marchas que leva a força para as rodas traseiras, através de um diferencial com bloqueio mecânico. Há uma capota de fibra e uma gaiola de proteção certificada pela FIA. As modificações também modificaram em consideração a distribuição de peso do carro – a versão de rua tem distribuição de peso perfeita, de 50% para a dianteira e 50% para a traseira, enquanto a versão de concentra um pouco mais de massa na traseira, a fim de melhorar a tração.
Mas você deve estar se perguntando o que um carro de tração traseira faz no WRC. É que, em 2011 ano passado a FIA criou a categoria R-GT, para carros de turismo e até supercarros com tração nas rodas de trás. No início, as provas do calendário consistiam em etapas do ERC, o Campeonato Europeu de Rali,) e, desde 2012, o Lotus Exige e o Porsche 911 da geração passada (997) já marcaram presença.
Em 2014, a FIA começou a fornecer passaportes técnicos para veículos individuais que se enquadrassem nas regras do grupo R-GT e, em 2015, aconteceu a primeira edição da R-GT Cup, que também inclui etapas do WRC. Ou seja: esta é a hora perfeita para o Fiat 124 Abarth mostrar a que veio.