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Carros Antigos

Os 10 carros mais caros leiloados em 2021

Apesar da sensação de “Terra parada” de 2021, o mercado de clássicos se manteve tão aquecido quanto nos anos anteriores — especialmente quando se fala de leilões, que quebraram recordes lá fora e se popularizaram até mesmo no Brasil. Como ainda estamos na primeira semana de 2022, ainda há tempo para mais uma retrospectiva sobre o ano passado: a lista dos carros mais carros arrematados em leilões em 2021. O tipo de lista que, dependendo do seu humor, pode fazer seus pensamentos voarem ou seu sangue ferver.

Como esperado, a lista tem uma boa cota de Ferrari dos anos 1960, e é totalmente europeia, com predomínio dos italianos. Um deles, o segundo mais novo da lista, é o mais novo membro do seletíssimo clube dos US$ 20.000.000, integrado por apenas 13 carros — agora 14. Para evitar um suspense desnecessário (e que poderia ser driblado pela rolagem da página), vamos começar a lista deste ano por este, que foi o carro mais caro leiloado em 2021: o McLaren F1.

 

1– McLaren F1 1995 – US$ 20.465.000 / R$ 116.515.000

Até dez ou quinze anos atrás, você conseguia comprar um McLaren F1 por cerca de US$ 3.000.000 ou US$ 5.000.000. Mas à medida em que o carro se aproximou dos 25 anos, seu valor escalou exponencialmente e hoje o valor médio de um F1 está na casa dos US$ 15.000.000. Um carro acima da média, portanto, custará mais que isso, evidentemente. E um carro cujo estado de conservação é o melhor possível certamente será o mais caro de todos eles. Foi assim que este McLaren F1, o 25º dos 68 modelos de rua produzidos, chegou ao clube dos 20 milhões.

Além de ser um dos poucos modelos de rua a venda, ele é o único exemplar pintado de marrom “Creighton Brown” e é McLaren F1 menos rodado de todos, com apenas 390 km marcados em seu odômetro. O carro passou os últimos 26 anos guardado em uma coleção no Japão e ainda tem os pneus Goodyear originais, o conjunto de malas especiais para o bagageiro do F1 e o relógio Tag Heuer que era dado de presente ao comprador.

O carro foi vendido no leilão da Gooding & Co. em Pebble Beach neste ano, e seu preço estimado era “superior a US$ 15.000.000”. Com o lance de US$ 20.465.000, ele se tornou o 14º carro a ser vendido por mais de US$ 20.000.000 em um leilão, também se tornou o segundo carro britânico mais caro de todos os tempos (atrás de um Aston DBR1 usado por Stirling Moss) e o mais caro dos supercarros modernos.

 

2. Ferrari 250 GT LWB California Spider Competizione 1959 – US$ 10.840.000 / R$ 61.830.000

Finja surpresa: uma Ferrari dos anos 1960 na lista dos carros mais caros leiloados no ano. Espantoso! Esta 250 GT California com as cores da Itália foi o segundo dos dois carros leiloados por mais de US$ 10.000.000 em 2021. Ela foi arrematada no mesmo leilão da Gooding & Co. (imaginem um leiloeiro feliz…) em Pebble Beach e atingiu esse patamar de preço também por sua exclusividade.

A maioria das 250 GT LWB California Spider foram feitas para as ruas — das 50 produzidas, 40 foram feitas para curtir o sol da Califórnia naquela virada dos anos 1950 para os anos 1960, quando o mundo era mais simples e ingênuo. Mas dez delas, apesar do jeitão de carro de estrela de Hollywood, foram feitas para competições — por isso o nome “Competizione”.

E o que elas ganharam ao se tornar modelos Competizioni? Um V12 mais potente, com 260 cv, compartilhado com a 250 GT Tour de France, em vez dos 240 cv originais, além de um tanque de combustível maior e carroceria aliviada. Sim, era só isso o que a Ferrari fazia para transformar seus carros de rua em carros de competição. Precisa de mais?

O modelo em questão não tem um histórico de destaque em competições, uma vez que foi encomendado por um piloto amador italiano da época — alguém que provavelmente queria usar o carro além das competições, quem sabe.

 

3. Aston Martin DB4 GT Zagato 1962 – US$ 9.520.000 / R$ 54. 430.000

Imaginem isso: um Aston Martin de quase dez milhões de dólares e ele nem chegou perto de ser o carro britânico mais caro de todos. Nem mesmo o Aston Martin mais caro de todos. Na verdade, o carro ficou abaixo do esperado: a RM Sotheby’s esperava que este exemplar raríssimo do DB4 Zagato fosse vendido por entre US$ 11.000.000 e US$ 14.000.000, mas ele ficou US$ 1.500.000 abaixo da expectativa mais conservadora.

Mesmo assim, ele foi o terceiro carro mais caro do ano passado, porque, afinal é um DB4 Zagato. Foram feitos apenas 19 desses e apenas seis tiveram o volante no lado esquerdo como este aqui. Ele foi encomendado por um oficial da marinha americana que também pediu uma grade tipo “eggcrate” (ou “caixa de ovos”), vidros no lugar de Perspex, e carroceria de alumínio mais espesso, o que faz dele um exemplar único do DB4 Zagato. E como se não bastasse, o piloto de testes que revisou o carro antes de enviá-lo para os EUA, foi ninguém menos que Roy Salvadori, parceiro de Carroll Shelby na vitória das 24 Horas de Le Mans em 1959. De repente, os US$ 9.500.000 nem parecem tanto…

 

4. Ferrari 268 SP 1962 – US$ 7.705.000 / R$ 43.980.000

A segunda Ferrari da lista (ainda teremos mais três…) também ficou abaixo do esperado pelos leiloeiros, que estimavam algo em torno de oito ou dez milhões de dólares por esta raríssima Ferrari V8 dos anos 1960. Pois é… uma Ferrari dos anos 1960 com motor V8. Teria sido isso o motivo da desvalorização?

Difícil, já que esta e uma das três unidades da 268 SP convertidas pela Ferrari (elas nasceram todas como 248 SP) ao receber o motor 2.6 V8 (daí seu nome) em 1962. Além disso, seu V8 é um dos únicos quatro desta espécie fabricados — eles eram o V12 Colombo com quatro cilindros a menos, na prática. Isso, por si, a tornaria uma Ferrari interessantíssima e muito valorizada.

Este exemplar, contudo, tem um outro fator de valorização: foi usado pela Ferrari em sua participação nas 24 Horas de Le Mans de 1962, pilotada por Ludovico Scarfiotti e Giancarlo Baghetti.

 

5. Ferrari 275 GTB Competizione 1966 – US$ 7.705.000 / R$ 43.980.000

Mais uma Ferrari na lista, aqui empatada com a 268 SP temos uma 275 GTB Competizione. O sobrenome por si já faz o carro valer mais que os demais, mas mesmo assim a Sotheby’s errou a estimativa, que era de US$ 10.000.000 — US$2.295.000 a menos do que o esperado.

Foram feitas apenas 12 Competizione da 275 GT Berlinetta em 1966, todas elas com uma variação de carter seco e seis carburadores do V12, além de carroceria de alumínio extra-fino. Este exemplar especificamente correu em Le Mans três vezes, e venceu em sua categoria em 1967 — inscrita pela Scuderia Filipinetti e pilotada por Dieter Spoerry e Hans-Heinrich Steinemann, ela venceu a GT de até 5 litros.

 

6. Ferrari 250 GT Berlinetta Competizione 1955 – € 6,192,500 / R$ 40.000.000

Mais uma Ferrari clássica, mais uma Competizione. Esta é uma 250 GT com carroceria única feita pela Pininfarina. A carroceria é muito semelhante à usada pelas 375 MM Berlinetta, o que faz dela, na prática, um protótipo da 250 GT Tour de France.

O carro foi apresentado no Salão de Turim de 1955 e usado até o fim dos anos 1980, quando sumiu dos olhos do público e só voltou a aparecer em novembro de 2021, em Paul Ricard, onde a RM Sotheby’s a leiloou entre os 75 carros da coleção de Jean Guikas, um antigo piloto francês que se tornou colecionador e, segundo a RM Sotheby’s, formou “uma das coleções mais relevantes e belas já feitas por um único homem na Europa”.

Como as outras Ferrari vistas até agora, ela também ficou abaixo da expectativa, que girava em torno de € 7.000.000 a € 9.000.000, mas mesmo tendo sido vendida por pouco mais de € 6.000.000, ela se tornou o carro  mais caro leiloado na Europa em 2021.

 

7. Matra MS670 1972 – € 5.756.525 / R$ 31.180.000

Os carros franceses de corridas são relativamente comuns em listas de modelos mais caros vendidos em leilões, mas praticamente todos são modelos Bugatti feitos até os anos 1930. Mas não desta vez.

Desta vez, o carro foi um Matra. O Matra MS670 que venceu as 24 Horas de Le Mans de 1972 com Graham Hill e Henri Pescarolo — foi a corrida que deu a Graham Hill a Tríplice Coroa do Automobilismo, um “título” que até hoje foi conquistado somente por ele.

O mesmo modelo ainda voltaria a Le Mans em 1973 e 1974, vencendo nas duas vezes. Depois de aposentado, ele foi levado ao museu da Matra até a falência da divisão automobilística da empresa em 2003. Dali, o carro foi designado para venda por decisão judicial, para que o valor arrecadado fosse revertido para a compensação dos empregados demitidos com a falência da empresa.

A venda aconteceu no início de 2021, organizada pela Artcurial, que bateu o martelo após o lance de € 5.756.525.

 

8. McLaren Mercedes MP4-25A 2010 –  £ 4.836.000 / R$ 37.430.000

É um McLaren, é um F1, mas não é um McLaren F1, e sim o McLaren de F1 usado por Lewis Hamilton em sua vitória no GP da Turquia de 2010. É o primeiro carro de Lewis Hamilton a ser leiloado — o que significa que seu sétimo título mudou um pouco a forma com a qual seus carros serão vistos futuramente.

O carro foi vendido durante o GP da Grã-Bretanha, no leilão organizado pela RM Sotheby’s como parte dos eventos do fim de semana, em julho de 2021. Diferentemente dos demais carros desta lista, este McLaren não foi exibido estaticamente, mas em uma série de voltas em Silverstone. O carro estava na pista quando o martelo bateu na mesa.

 

9. Jaguar D-Type 1955 – US$ 6.000.000 / R$ 32.260.000

O último carro inglês da lista é um Jaguar D-Type — e um dos mais famosos deles por ser o único D-Type vermelho. Os demais D-Type são todos verdes ou azuis, porque foram pintados com as cores da Inglaterra e da Escócia.

Este exemplar é equipado com o motor XK seis-em-linha de 3,4 litros e 250 cv produzidos com ajuda da carburação tripla Weber. O carro foi de Bernie Ecclestone, que, na época, era um comerciante de carros e o vendeu ao piloto britânico Peter Blond. O carro foi usado em circuitos locais até ser vendido a Peter Grant, empresário do Led Zeppelin e por uma série de outros proprietários antes de ser enviado aos EUA em 1982.

 

10. Ferrari 250 GT Berlinetta Tour de France 1958 – US$ 6.000.000 / R$ 32.360.000

A lista se encerra com a quinta Ferrari — sim, metade da lista é composta por Ferrari, pense nisso quando criticar a marca. Depois do protótipo Berlinetta Competizione, a verdadeira Tour de France acabou entrando na lista custando pouco menos. Ela também foi vendida pela RM Sotheby’s em Pebble Beach e é a 52ª das 72 Tour de France LWB fabricadas.

O valor se deve ao fato de ser a quarta colocada na Tour de France de 1958 e por ter vencido o Concours d’Elegance Pebble Beach, além de ter sido usada regularmente em ralis históricos desde os anos 1980. Além disso, ela tem a carroceria completamente original e é um exemplar “matching numbers”, algo raro para um carro de corrida — especialmente um que tenha terminado em quarto lugar geral a Tour de France.

 


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