Ainda que, hoje em dia, boa parte dos motores dos carros seja coberta por capas plásticas, ainda há quem prefira o visual da mecânica exposta. Embalados nesta onda, perguntamos aos leitores quais são os carros com motor exposto (seja inteira ou parcialmente) mais legais de todos os tempos. No feriadão, você conferiu a primeira parte da lista com as respostas. Agora, vamos à segunda.
Lancia 037 Stradale
Sugerido por: ThagoFB
O Lancia 037 é um bólido do Grupo B de rali feito nos mesmos moldes do RS200, que apareceu na parte anterior: um bólido projetado especialmente para a competição e dotado de um belo quatro-cilindros sobrealimentado atrás dos bancos. A principal diferença é que ele foi feito por italianos e, por isso, seu visual é bem mais atraente.
É ou não é?
Parte da razão para isto é que ele foi projetado com base no Lancia Montecarlo, um fastback esportivo desenhado pela Pininfarina – sendo um carro muito bem proporcionado logo de cara. O Lancia 037 divide a porção central do monobloco com o Montecarlo, mas traz subchassis exclusivos na dianteira e na traseira e painéis de Kevlar na carroceria.
Em vez de um turbocompressor, o motor de dois litros com comando duplo no cabeçote tem um supercharger Abarth Volumex operando entre 0,6 e 0,9 bar, e entrega 205 cv a 7.000 rpm e 23 mkgf de torque a 5.000 rpm nos 200 exemplares fabricados para homologação. Dá para enxergá-lo pelo vidro traseiro.
Pena que, de tão raro, o 037 Stradale dificilmente revele seu motor em boas fotos
Na versão de competição, o motor entregava até 350 cv (com deslocamento ampliado para 2,1 litros) e foi capaz de garantir ao 037 Rally o título do WRC em 1983. Foi o último título da tração traseira no Mundial de Rali, o que por si só já vale a menção do Lancia 037 em qualquer lista.
Abarth 1000 TC
Sugerido por: Marcos Pastori
Quando perguntamos a vocês quais os carros com motor exposto mais legais, falávamos a respeito dos que já viessesm de fábrica com a mecânica aparecendo. No entanto, nada impede que se abra exceções, e o Abarth 1000 é uma delas. Isto porque ele pode não ter saído assim da fábrica da Fiat na década de 1950, mas a preparadora do ítalo-austríaco Carlo Abarth manteve relações estreitas como a Fábrica Italiana de Automóveis de Turim desde que foi fundada, em 1949, e foi inteiramente comprada pela Fiat em 1971. O motor do carro não é exposto de fábrica, mas é quase isto.
O Abarth 1000 TC era feito com base no Fiat 600 –o irmão maior do Fiat 500, que usava um motor arrefecido a água na traseira. O quatro-cilintros de 986 cm³ entrega 91 cv, o que é bem aceitável considerando a idade do carro, e fica totalmente exposto o tempo todo. Ele cabia no cofre, claro, mas o capô aberto ajudava a resfriá-lo de forma mais eficiente.
E ainda tinha ação aerodinâmica: reduzindo o arrasto aerodinâmico e a turbulência atrás do carro, o capô aberto aumentava a velocidade máxima do Abarth 1000 TC em 10 km/h.
O Abarth 1000 TC foi produzido de 1960 a 1970, e seu principal público eram pilotos independentes. É por isso que existem alguns exemplares emplacados rodando pela Europa, e é por isso que decidimos incluí-lo na lista.
Chevrolet Corvette ZR1
Sugerido por: caiozr1
Esta foi uma sugestão polêmica: o Chevrolet Corvette ZR1 da geração passada (C6) tinha uma janela de acrílico no capô, por onde era possível ver o intercooler do compressor que ficava entre as bancadas de cilindros do motor V8. É uma bela visão, mas há quem diga que não conta como visão do motor.
Depois de muito considerar, decidimos que conta, sim – afinal, o compressor do tipo twin screw da Eaton é um periférico do motor e atua para aumentar sua potência, e o intercooler ajuda o sistema a funcionar sempre na temperatura ideal.
E que potência: o V8 de 6,2 litros entregava nada menos que 630 cv (potência de sobra para um carro lançado em 2009) e 83 mkgf de torque. Tudo canalizado por uma transmissão manual de seis marchas para as rodas traseiras, claro. Era o suficiente para chegar até os 100 km/h em 3,4 segundos e alcançar a velocidade máxima de 330 km/h – um dos Corvette mais velozes de todos os tempos.
A cobertura de acrílico para o intercooler é completamente desnecessária, mas talvez por isso seja tão bacana.
Ferrari 250 GT Drogo
Sugerido por: Ewerson Matia
Falando em coberturas de acrílico no capô, eis a mesma solução empregada em um clássico: a Ferrari 250 GT Drogo, que tinha este nome por causa da carrozzeria responsável por suas formas.
O chassi e o conjunto mecânico são Ferrari, e seguem a receita de quase todas as outras 250: construção tubular e um V12 de três litros na dianteira, projetado por Gioacchino Colombo, com três carburadores de corpo duplo e algo entre 250 cv e 300 cv.
A Ferrari 250 GT “Breadvan” também foi construída pela Drogo, e por isso também tem o capô com a bolha transparente
E é justamente o conjunto de carburadores e suas cornetas que dá para ver através da bolha de acrílico no capô. Era assim porque Giotto Bizzarrini havia projetado uma carroceria bastante parecida com a da Ferrari 250 GTO, mas ainda mais baixa para garantir a aerodinâmica perfeita. Por isso, os corpos de borboleta ficavam acima da linha do capô e exigiam a bolha transparente. O visual matador foi praticamente um efeito colateral.
Ariel Atom
Sugerido por: Johnatan Peicho
Se a lista é de carros com motor exposto, deixar o Ariel Atom de fora seria um pecado. O esportivo britânico é praticamente um motor preso a um chassi tubular com alguma carenagem, comandos para o motorista, faróis e lanternas. Dá para ver quase tudo através dele: o motor, o câmbio, os componentes da suspensão e da direção… quase uma aula de anatomia automotiva.
Produzido desde 2000, o Ariel Atom já teve alguns motores diferentes atrás dos bancos: o famoso K20 da Honda, de dois litros, com supercharger e até 350 cv; o General Motors Ecotec, de até 2,2 ou 2,4 litros, também com supercharger e potência entre 205 cv e 300 cv; e um V8 de três litros projetado pela Hartley, com pistões forjados, virabrequim plano, comando duplo nos cabeçotes e quatro válvulas por cilindro, além de cárter seco e injeção eletrônica sequencial, para entregar 500 cv e girar a mais de 10.000 rpm. Em todos os casos, o motor respira livre e ainda nos proporciona uma bela visão.
Tão pouca “roupa” tem uma razão de ser: o Ariel Atom é um carro absurdamente leve, pesando pouco mais de 600 kg. No caso do Ariel Atom com motor V8, isto se traduz em 1,2 kg/cv. E é claro que ele é nosso favorito.
Lamborghini Miura
Sugerido por: Allan Guimaraes
Olhe bem: dá, sim, para enxergar parte do motor olhando o Miura pelo lado de fora – repare nas cornetas espiando pela persiana do vigia. É sutil, mas é um toque de agressividade que faz diferença em um automóvel elegante como o Miura.
Você já deve saber, mas não custa relembrar: note que o V12 de quatro litros e 350 cv fica montado na transversal, formando uma única peça com a carcaça da transmissão manual de cinco marchas, a fim de economizar espaço. Nos primeiros carros, o motor era alimentado por quatro carburadores Weber 46 IDA3C (idênticos ao do Posrsche 911 da época), e era capaz de levar o Miura até os 100 km/h em sete segundos.
Agora, se você quiser mesmo ver o motor, procure um Miura SVJ, é uma variante especial feita para as pistas. Aparentemente o motor, mais potente (com novos comandos de válvulas, ignição eletrônica, cárter seco e escape menos restritivo, entregava 440 cv), precisava respirar melhor, e por isso a abertura na traseira é maior. Saca só: