Todo mês de agosto acontece a Monterey Car Week, evento de uma semana com corridas de clássicos, exposições apresentação de conceitos e leilões em Pebble Beach, na Califórnia. O que significa, também, que todo mês de agosto os carros mais valiosos e raros do planeta têm a chance de trocar de dono, pois as agências de leilão mais requintadas do planeta aguardam o momento ansiosamente o ano inteiro.
Agora, os resultados dos leilões foram divulgados e, com isto, sabemos quais foram os dez carros mais caros arrematados. No total, foram arrecadados nada menos que US$ 102.245.000, o equivalente a R$ 323.860.000 em conversão direta, somando o preço dos dez carros. Como de costume, as Ferrari marcaram forte presença (curiosamente, sem nenhuma Ferrari 250 GTO), mas os “não-Ferrari” são tão interessantes quanto. Ou até mais.
Ferrari 166M/212 Export “Uovo” by Fontana 1950
Preço: US$ 4.510.000 (R$ 14.260.000)
Parece um Shelby Cobra meio distorcido, mas é uma Ferrari com formato de ovo (uovo em italiano). O carro foi feito pela Carrozzeria Fontana, e sua silhueta era assim por questões aerodinâmicas (ao menos de acordo com os princípios da época). O carro foi feito para os irmãos Vittorio, Giannino, Paolo e Umberto Marzotto, sendo que Giannino era um dos favoritos do próprio Enzo Ferrari.
O carro usava um chassi Ferrari combinado a uma estrutura tubular, carroceria que usava uma liga de alumínio e cobre (e por isso era mais leve que as outras Ferrari) e um V12 de 2,6 litros com três carburadores e 190 cv. O carro foi leiloado pela RM Sotheby’s depois de 30 anos com seu último dono.
Ferrari 250 GT Series I Cabriolet 1959
Preço: US$ 4.840.000 (R$ 15.300.000)
No fim dos anos 1950 as Ferrari estavam mais imponentes, retilíneas e luxuosas – afinal, nem todo mundo que comprava uma Ferrari queria um carro de corrida para as ruas. A 250 GT Series I seguia esta tendência: ainda que fosse feita sobre a estrutura da Ferrari 250 e utilizasse o mesmo V12 de três litros, tinha um interior de acabamento mais caprichado e rodar mais macio e confortável. Este carro foi o último dos 40 produzidos pela Pininfarina em 1959, o que ajudou a ser vendido por quase US$ 5 milhões pela Gooding & Company.
Ferrari 410 Superamerica Series III Coupe 1959
Preço: US$ 5.335.000 (R$ 16.870.000)
A série Superamerica da Ferrari, como o nome diz, foi feita pensando no mercado norte-americano, que exigia carros maiores, mais espaçosos, de entre-eixos mais longo e com motores mais potentes. No caso, estamos falando de um V12 Colombo de 4,9 litros e 400 (sim, 400!) cv. O cupê de capô longo e traseira curta é um dos 12 fabricados, e o único com carroceria verde “British Racing Green” com finas faixas amarelas nas laterais.
Ferrari 121 LM Spider by Scaglietti 1955
Preço: US$ 5.720.000 (R$ 18.100.000)
Poucas cores (fora o vermelho, claro) caem tão bem a uma Ferrari quanto o azul. E este exemplar é especial não apenas por ter participado da Mille Miglia e das 24 Horas de Le Mans de 1955, mas também por ser uma das poucas Ferrari da época com um motor seis-em-linha em vez do famigerado V12.
Com 4,4 litros de deslocamento e 360 cv, era mais potente que os motores da Jaguar na época. A 121 LM Spider leiloada pela RM Sotheby’s nunca foi restaurada e contava com motor e câmbio originais, o que ajudou a colocá-la entre os carros mais caros do leilão.
Aston Martin DB4 GT Prototype 1959
Preço: US$ 6.765.000 (R$ 21.400.000)
Parece que estamos falando só de Ferrari, mas não é bem assim: este Aston Martin foi o primeiro protótipo do DB4 GT, e competiu nas 24 Horas de Le Mans de 1959 antes de ser levado de volta para a fábrica e convertido para rodar nas ruas. Em 1989, o carro passou por uma restauração leve, encomendada pela própria Aston Martin, que procurou manter tantos componentes originais quanto fosse possível e preservar a originalidade do carro. Sendo assim, virtualmente todos os painéis da carroceria são originais, assim como o motor de seis cilindros, 3,7 litros e 240 cv.
Ferrari 250 GT SWB Berlinetta by Scaglietti 1961
Preço: US$ 8.305.000 (R$ 26.260.000)
De visual extremamente atraente e com poucas unidades em tão bom estado no mundo, a Ferrari 250 GT SWB Berlinetta by Scaglietti já tem seu potencial em leilões bem conhecido, e no caso deste carro não foi diferente. O carro passou 40 anos nas mãos do mesmo colecionador, foi restaurado na década passada e, em 2008, recebeu o certificado do Ferrari Classiche, departamento responsável por inspecionar restaurações e garantir que elas foram feitas nos padrões da fábrica e com qualidade inquestionável.
Porsche 917K 1970
Preço: US$ 14.080.000 (R$ 44.450.000)
Como dissemos, nem só de Ferrari vivem os leilões de Monterey, definitivamente. E, no caso deste Porsche 917K 1970 com pintura da Gulf Oil, estamos falando de uma lenda das pistas que também se transformou em um ícone das telas ao aparecer no filme “As 24 Horas de Le Mans” (Le Mans, 1971), a ode de Steve McQueen à corrida de longa duração mais importante do mundo.
O monstro equipado com um flat-12 de cinco litros e 630 cv a 8.000 rpm não venceu corridas e foi usado pela Porsche apenas em testes, mas sua aparição no cinema e a caprichosa restauração realizada pela Canepa garantiram que, ao ser arrematado por mais de US$ 14 milhões, este tenha se tornado o Porsche mais caro já vendido em um leilão na história.
Ferrari 275 GTB/C 1966
Preço: US$ 14.520.000 (R$ 46.000.000)
Fabricada na segunda metade dos anos 1960, a Ferrari 275 GTB/C é vista como o auge evolutivo das Ferrari Berlinetta da época. Equipada com um motor V12 de 3,3 litros e 333 cv, ela tem carroceria mais aerodinâmica que uma GT SWB, por exemplo, tem transeixo traseiro com diferencial de deslizamento limitado e participou ativamente de competições na Europa entre 1966 e 1970. Além de existirem apenas 12 exemplares, este aqui tem carroceria, motor, câmbio e chassi originais, e foi restaurado com a supervisão de historiadores da Ferrari.
McLaren F1 1995
Preço: US$ 15.620.000 (R$ 49.500.000)
O segundo carro mais caro desta lista também é o mais recente: este McLaren F1 1995 que foi o 37º exemplar produzido e rodou apenas 15.000 km. Jamais foi restaurado, apenas teve componentes trocados por conta do desgaste natural (como borrachas e plásticos ressecados) e está exatamente como era quando saiu da fábrica. Some a isto o fato de, desde que completou 20 anos, o McLaren F1 vem subindo de preço no mercado, e você entenderá porque ele se tornou o exemplar mais caro da história. Até agora.
Aston Martin DBR1 1956
Preço: US$ 22.550.000 (R$ 71.400.000)
Pois é: depois de tantas Ferrari, o carro mais caro desta lista é um Aston Martin. Mas não é qualquer Aston Martin, e sim o primeiro dos cinco exemplares do DBR1 que foram feitos para competir em Le Mans no fim dos anos 1950. Equipado com um seis-em-linha de três litros e 252 cv, transeixo manual de cinco marchas e freios a disco, ele foi extremamente competitivo e participou de corridas em Le Mans, Spa-Francorchamps, Sebring e Nürburgring, vencendo uma corrida de 1.000 km nesta última em 1959.