Sabe o que já virou tradição do FlatOut? Os carros que vão completar 30 anos e poderão ser importados para o Brasil. E é claro que vamos fazer uma lista com alguns dos automóveis mais legais que finalmente serão permitidos de entrar no nosso País.
Alguns destes carros foram apresentados em 1987, mas só começaram a ser fabricados em 1988. Outros foram lançados mais para o fim de 1988, mas também entram porque é fim de ano e estamos bonzinhos. De todo modo, são carros que gostaríamos de ter, por diferentes razões. E, como de costume, a caixa de comentários está aberta para suas sugestões. Quem sabe se não rola uma parte 2?
Ferrari F40
A Ferrari F40 foi apresentada ao público em julho de 1987, mas a produção de verdade só começou em 1988. E, acredite se quiser, o supercarro não causou tanto frisson quanto a gente pode pensar. Na verdade, boa parte da imprensa especializada achou o carro meio sem graça, esteticamente falando.
Quando chegou ao mercado, em 1988, a F40 se tornou a favorita dos especuladores, que com a alta demanda vendiam e revendiam exemplares da F40 em leilões e inflavam seu preço em até 700%. Estima-se que até 1990, menos de 10% das F40 vendidas pela Ferrari foi de fato guiada – a maioria delas foi passando de mão em mão e acumulando valor no processo.
É por isso que, caso você queira comprar uma Ferrari F40 agora que ela completou 30 anos e pode entrar legalmente no Brasil, pode se preparar para gastar pelo menos US$ 1 milhão por um exemplar decente. Mas você já sabe o que leva para casa por esta grana: um V8 biturbo de 2,9 litros e pelo menos 485 cv, carroceria de fibra de carbono e Kevlar, câmbio manual com grelha e alguns revestimentos internos de Alcantara. E não muito mais do que isto, mas é justamente esta a ideia.
Ford Taurus SHO
O Honda Civic Si não é o único sedã de tração dianteira legal que existe no mundo. Em 1988 foi lançado nos EUA o Ford Taurus SHO, versão de alto desempenho na qual trabalhou a mesma equipe por trás do primeiro Mustang SVT Cobra, equipada com um motor V6 exclusivo e com visual um pouco mais agressivo do que de costume. O V6 de três litros foi desenvolvido em parceria com a Yamaha, e era baseado no V6 Vulcan oferecido no Taurus normal. A Yamaha deu ao motor de três litros cabeçotes retrabalhados, feitos de alumínio, e um coletor de admissão de geometria variável que tinha um visual simétrico muito bonito.
“SHO” é a sigla de Super High Output (algo como “rendimento super alto” em tradução livre) e, de fato, o motor tinha 223 cv a 6.200 rpm e torque máximo de 27,6 mkgf de a 4.800 rpm. O corte de giro acontecia aos 7.300 rpm — graças a um limitador eletrônico, pois sem restrições o V6 era capaz de girar a até 8.500 rpm.
O mais bacana do Taurus SHO é o visual discreto, que não entrega o desempenho. Os entendidos sabem que se trata de um carro especial logo de cara, mas os leigos pensam que é “só” mais um Taurus, sem nem desconfiar que ele é capaz de chegar aos 100 km/h em 6,6 segundos, fechar o quarto-de-milha em 15 segundos e atingir os 230 km/h de velocidade máxima — números matadores para a época. Belíssimo sleeper.
Cizeta-Moroder V16T
Se você quiser importar um Lamborghini Diablo, vai ter que esperar até 2020, porque o touro foi apresentado em 1990. Não está a fim de esperar, e acha o Diablo muito mainstream de qualquer jeito? Então você pode trazer um Cizeta-Moroder V16T, um Diablo com quatro olhos e motor de 16 cilindros que foi lançado em 1990 e é bem mais desconhecido que o Lamborghini.
O Cizeta-Moroder V16T utilizou o projeto original do famoso designer Marcello Gandini para o Diablo, que foi bastante modificado pela Lamborghini por ser considerado “agressivo demais”. Gandini, que já havia sido celebrado justamente pela agressividade do Lamborghini Countach, não gostou nada disso e foi procurar quem aceitasse seu trabalho. E a Cizeta-Moroder, companhia italiana fundada pelo engenheiro Clauzio Zampolli e pelo compositor de trilhas sonoras Giorgio Moroder, aceitou.
O resultado foi um carro com quatro faróis, enormes entradas de ar nas laterais e perfil bastante futurista. Além disso, era extremamente largo por causa de seu motor V16 de seis litros, que na verdade pode ser entendido como dois motores V8 compactos usinados em um mesmo bloco, com virabrequins separados e ligados à transmissão ZF de cinci marchas por uma caixa sincronizadora. O câmbio ficava no meio dos dois motores, na longitudinal, e com isto o conjunto mecânico formava um “T”.
Por isso o carro tem este nome: Cizeta-Moroder V16T. O conjunto entregava 560 cv a 8.000 rpm e 55,1 mkgf, e de acordo com a fabricante, era suficiente para ir de zero a 100 km/h em 4,5 segundos, com máxima de 328 km/h.
Agora, se quiser mesmo importar um V16T, você só vai ter a opção de importar o protótipo, que ficou pronto em 1988. Outros oito carros foram feitos entre 1991 e 1993 e, honestamente, devem ser tão difíceis de achar quanto o protótipo.
VW Corrado
O Corrado foi o sucessor do Volkswagen Scirocco lançado em novembro de 1988. Apesar do nome diferente, a ideia era a mesma: usar a plataforma do Golf em um fastback com visual e pegada mais esportivos. Com a mudança de nome, veio também uma reformulação visual completa: o Corrado era mais musculoso que o Scirocco de segunda geração, com traseira mais alta, capô mais inclinado, e também tinha linhas mais harmônicas e uma identidade visual bem agradável.
Em sua estreia, o Corrado tinha duas opções de motor: um 1.8 naturalmente aspirado, com cabeçote de 16 válvulas e 138 cv; e uma versão com supercharger e cabeçote de oito válvulas deste mesmo 1.8, capaz de entregar 160 cv.
Quer mais um bom argumento? Este motor é extremamente parecido com nosso AP e, na pior das hipóteses, pode dar lugar a um motor brasileiro… E, diferentemente dos nomes citados nesta lista até agora, o Corrado é até fácil de encontrar nestas versões mais simples. Tarefa mais complicada é encontrar um Corrado VR6, embora existam alguns exemplares importados para o Brasil quando eram zero-quilômetro. De qualquer forma, para trazer um destes, só em 2022 – ele foi lançado em 1992.
BMW Z1
O pequeno BMW Z1, feito sobre a plataforma do Série 3 E30, definitivamente não parece um carro lançado em 1988 – lembra muito mais algo de meados da década de 1990. Futurista até a medula – até em seu nome, que vem de Zunkuft, “futuro” em alemão –, o BMW Z1 tinha portas deslizantes, painéis de plástico que “vestiam” uma estrutura que era tão sólida que podia de rodar sem a carroceria, e um seis-em-linha de 2,5 litros e 170 cv emprestado do E30.
Com tração traseira, câmbio manual e dimensões reduzidas, o Z1 era uma delícia de dirigir segundo quem já esteve em um (Jeremy Clarkson, por exemplo). Foram feitos 8.000 exemplares, e mais de 6.400 deles foram vendidos na Alemanha, mesmo – é um carro bastante endêmico, por assim dizer. Um bom exemplar raramente custa menos de € 50.000, o que dá pouco menos de R$ 200.000 em conversão direta.
Wartburg 1.3
Que tal algo que ninguém vai saber o que é mas, ao mesmo tempo, não seja impossível de manter no Brasil? Se você gostou da ideia (sempre tem quem goste dessa ideia), uma boa pedida pode ser o Wartburg 1.3, lançado na Alemanha em abril de 1988.
O projeto original do Wartburg 1.3 data de 1966, quando foi lançado o compacto 353. Sua fabricante, a Automobilwerk Eisenach, era antigamente uma companhia “irmã” da BMW chamada EMW, formada depois da Segunda Guerra Mundial, e atuava na Alemanha Oriental, do lado de lá do Muro de Berlim.
O Wartburg 1.3 era uma versão modernizada do 353. Sua principal diferença não estava no desenho da carroceria, que era praticamente o mesmo, com linhas retas e componentes de fibra de vidro, como os para-lamas e a tampa do porta-malas. Estava no motor: em vez de um três-cilindros dois-tempos de origem DKW, com um litro de deslocamento (sim, era basicamente o motor encontrado nos DKW-Vemag brasileiros), o Wartburg 1.3 usava o quatro-cilindros de 1,3 litro do primeiro VW Polo, o EA111 – da mesma família do 1.0 encontrado nos Volkswagen vendidos até pouco tempo atrás no Brasil, conhecido por aqui como AT-1000. Ou seja: não deve ser tão complicado de manter.
Maserati Karif
Lançado em 1988, o Karif vem da época em que a Maserati pertencia a Alejandro De Tomaso e é a cara dos anos 80: um cupê de três volumes grande e opulento, com linhas que parecem ter sido feitas usando só lápis e régua (exceto pelas rodas, claro) e um V6 biturbo de 2,8 litros com três válvulas por cilindro. O motor de 285 cv era suficiente, de acordo com De Tomaso, para chegar aos 100 km/h em 4,8 segundos, com máxima de 255 km/h.
Era o motor mais potente da Maserati em um carro muito bonito, com entre-eixos de apenas 2,4 metros e acabamento bastante luxuoso. Sendo um carro italiano dos anos 80, porém, o Karif pode ser um carro problemático de se manter no Brasil hoje em dia.
Em compensação, carrega importância histórica: seu motor apareceu primeiro no Maserati Biturbo, de 1981, que foi o primeiro carro produzido em série no mundo a vir com dois turbocompressores no motor. Além disso, o Maserati Karif é bastante raro: só foram fabricados 222 exemplares.
Audi V8
Quer algo mais badass do que um carro chamado simplesmente “V8”? E se ele for um sedã alemão com tração integral e quase cinco metros de comprimento? Mesmo que você não seja do tipo que compra carro por metro, é difícil resistir à ideia de poder bancar Jason Statham na série “Carga Explosiva” – ainda que estejamos falando do primeiro carro na linhagem do Audi S8.
O Audi V8 foi lançado em 1988 e tinha um motor de 3,6 litros e quatro válvulas por cilindro com 250 cv e 34,6 mkgf de torque. O câmbio podia ser automático de quatro marchas ou manual de cinco marchas, e a carroceria tinha proteção anti-corrosão com garantia de dez anos.
É o câmbio manual que você quer: com ele, o conjunto era capaz de levar o Audi V8 até os 100 km/h em 7,6 segundos, uma vantagem bem grande contra o modelo automático, que fazia o mesmo em 9,9s segundos. Com a velocidade máxima, a situação se repetia: 232 km/h para o modelo automático, 244 km/h com transmissão manual.